JOANA Depois de tudo o que eu passei com o irmão de Alex na festa de aniversário do pai deles e da longa conversa que tivemos com a mãe dele, tudo o que eu mais queria era voltar para a segurança da minha casa, para os meus amigos, para o meu trabalho e para minha rotina. Terminei de fechar as nossas malas bem quando Azaria apareceu na porta do nosso quarto com minha filha no colo que devia estar se divertindo e dando gargalhadas porque seu rostinho estava levemente avermelhado. — Foi aqui que pediram uma entrega de criança? — Essa aí, com certeza. Ela entrou no quarto e começou a fazer aviãozinho com Rebeca, que estava se divertindo aos montes. Pelo menos uma de nós duas estava aproveitando essa bendita viagem. Peguei minha filha no colo e agradeci Azaria por ter cuidado dela. — Vocês já estão arrumando as malas para ir embora? — Ela perguntou assim que viu Alex fechar sua mala. — Sim, nós vamos embora daqui a pouco. — Poxa que pena. Achei que passaríamos o dia todos juntos n
ALEXA viagem de volta para casa foi um pouco mais tranquila, mas deixar Joana e Rebeca em casa foi uma das partes mais dolorosas de toda a mentira que inventei. Eu tinha me apegado a companhia dela e do pitiquinho de gente sorridente e saber que dali em diante, eu voltaria a ficar sozinho era meio desesperador.Quando finalmente estacionei o carro em frente ao prédio de Joana, nenhum de nós dois se mexeu por alguns minutos até que Rebeca quebrou o silêncio incômodo com seus resmungos por ainda estar presa enquanto o carro estava parado.— Acho que tem alguém feliz por estar de volta em casa — comentei enquanto olhava para a cadeirinha no banco de trás.— É, acho que sim.— E você?— O que tem eu?— Está feliz por ter voltado para casa?— Me sinto mais aliviada por não ter que mentir mais.Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Joana abriu a porta e se apressou em sair do carro para tirar a filha da cadeirinha, aproveitei e saí para ajudá-la a tirar as malas do carro. Ficamos p
ALEX Já saí com tantas mulheres que fica até difícil tentar lembrar de todas, mas nenhuma delas fez despertar dentro de mim uma paixão avassaladora como a dos meus pais. Algumas são tão fáceis e fúteis que nem tem a graça da conquista ou, simplesmente, não conseguem manter uma conversa inteligente por mais de cinco minutos, mas o destino me deu uma mãozinha e eu conheci Paola. Uma mulher linda, inteligente, carinhosa e que parecia corresponder aos meus sentimentos. Paola se mostrou ser a mulher perfeita para mim, não ficava chateada quando eu tinha que passar algumas noites fora de casa por causa do meu plantão no hospital. Sempre a recompensava pela minhas faltas e não demorou muito para que eu ficasse caidinho por aquela mulher e a pedisse em noivado. O que eu não esperava era que ela fosse capaz de me trair da maneira mais suja possível. Eu tinha conseguido sair do congresso e pegar o voo de volta para casa mais um dia mais antes do que tinha falado para Paola, queria fazer uma
ALEXAlgumas semanas depois...Já passava das seis da noite quando saí do hospital em direção ao estacionamento. Senti meu celular vibrar no bolso da calça, resgatei o aparelho e vi o nome de minha mãe piscar na tela, meio a contragosto acabei atendendo.— Oi, mãe.— Está podendo falar, meu filho?— Posso sim, acabei de sair do plantão e estou a caminho de casa.— Você está lembrando que o aniversário do seu pai está chegando?— Sim, eu sei.— Os seus irmãos vão vir para fazer uma surpresa e gostaria que você e sua noiva viessem também para reunirmos a família toda. Estou ansiosa para conhecê-la.Eu ainda não tinha tido coragem de contar para minha família que tinha terminado o noivado, por isso que, só de me imaginar no meio dos meus irmãos, suas esposas e filhos era quase uma tortura. Era como se esfregassem na minha cara que eles tinham conseguido tudo o que eu mais quero para minha vida. Não me leve a mal, eu amo minha família, mas às vezes tenho um pouquinho de inveja deles.— Al
JOANADepois de um dia extremamente cansativo de trabalho no restaurante, eu finalmente estava indo para casa pra ficar com a minha filha, mas antes. como de costume, teria que passar na casa de Liliane, minha melhor amiga e madrinha da minha pequena, para pegá-la.Logo que cheguei, Lili já veio toda apressada, Rebeca estava aos berros no colo dela, a expressão no seu rosto não era das melhores e a preocupação logo surgiu, consumindo todo o meu ser.— Ainda bem que você chegou.— O que aconteceu?— Ela passou o dia todo com febre, sem querer comer nadinha.— E por que você não me ligou?— Eu não queria te preocupar e nem que você perdesse o dia de trabalho porque sei que o dinheiro faz falta para você.— Mas a minha filha é a minha prioridade.— Eu até levei ela no postinho de atendimento aqui do bairro.— E o que o médico disse?— Ele falou um negócio lá, mas não confiei muito na palavra dele porque, sinceramente, ele nem encostou na menina, seria melhor levá-la ao hospital.— Vou ve
ALEXDepois que cheguei em casa, deixei as chaves sobre a mesa e me joguei no sofá. Tinha sido um plantão complicado e eu só queria descansar um pouco. Depois de entrar debaixo do chuveiro, deixei que a água fria caísse sobre meu corpo, relaxando os músculos tensos.Quando já estava me sentindo bem melhor, enrolei uma toalha enrolada no quadril e voltei ao quarto para pegar uma roupa, mas fui interrompido pelo meu celular que não parava de apitar, vi pela barra de notificações que eram mensagens de Felipe, meu irmão mais velho."E aí, irmãozinho.""Você vai na festa de aniversário do pai? Estou ansioso para te ver e conhecer sua noiva."Merda.Por um momento eu tinha me esquecido dessa confusão que estava metido. Deixei o celular de lado porque ainda não sabia o que responder, eu iria ao aniversário do meu pai, mas antes precisava arrumar uma mulher que aceitasse ser minha noiva falsa e que tivesse uma filha, já que Paola era mãe de uma garotinha quando a conheci.A mera menção ao nom
JOANA Depois de uma noite mal dormida, em que fiquei acordando de cinco em cinco minutos para verificar se a febre de Rebeca tinha ido mesmo embora, acordei ouvindo alguns resmungos vindo de dentro do berço e tive que me levantar para começar o dia. Quando olhei dentro do berço, vi minha menininha segurando um dos pés para o alto enquanto reclamava, mas logo que me viu, ela abriu um largo sorriso. Ela era tão boazinha que nem chorava quando acordava e eu não vinha logo em seu socorro. — Bom dia, minha bonequinha! Em resposta, ela se segurou nas barras laterais do berço e ficou de pé enquanto fazia borbulhas de saliva com a boca. Peguei-a no colo e levei até o seu quartinho, onde troquei a fralda suja por uma limpinha e em seguida, a levei sala, onde a coloquei sentada no tapete da sala, cercada por almofadas e alguns de seus brinquedos enquanto ia preparar sua mamadeira e um pouco de café para mim. Enquanto Rebeca tomava seu leite jogada nas almofadas, aproveitei para dar uma olh
ALEX Depois que cheguei em casa, me joguei no sofá e fiz uma ligação rápida para o meu restaurante favorito na cidade toda e, por sorte, consegui reservar uma mesa para duas pessoas. Enviei o endereço do restaurante por mensagem para Joana e ela só respondeu com um joinha. Passei a tarde quase toda terminando de escrever um artigo científico sobre a minha pesquisa e quando percebi já passava das sete da noite. Do lado de fora já estava escuro, a lua estava alta no céu e eu tinha uma hora para ficar pronto e ir para o restaurante. Enquanto a água quente relaxava meus músculos, diversos pensamentos passavam pela minha cabeça e a insegurança se fez presente. Será que Joana ia aparecer? Será que ela toparia fazer parte do meu plano? Optei por vestir uma calça de alfaiataria num tom de azul escuro, uma camisa branca com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos e preferi deixar os dois primeiros botões abertos para parecer um pouco mais descontraído. Ali estava eu, sentado em um res