CAPÍTULO 2.4

─ Hummm, camarão? Sério? – Eu pergunto e ele abre um sorriso presunçoso – O que isso tudo significa?

─ Mais um pedido de desculpas talvez? – Nós nos acomodamos e começamos a comer. A cada garfada eu emitia sons de plena satisfação. Era um tal de hummmm, Oh Meu Deus, Jesus, que delícia. Ahhh – Baby, você realmente precisa parar com isso se você quer que eu me comporte. Mais um som desses e eu vou fodê-la em cima dessa mesa.

─ Jake! – Eu tentei parecer aborrecida, mas não deu muito certo.

─ Então o que Scott veio fazer aqui?

Eu engoli um pedaço de camarão e bebi um pouco de água – Sinceramente eu não entendi muito bem. Ele queria saber por que eu estava analisando os contratos antigos além dos novos. E eu expliquei pra ele da mesma forma que expliquei pra você. Então ele disse que os contratos que eram de responsabilidade dele não precisavam passar pelo jurídico – Jake era pura atenção – Ele perguntou se eu tinha algum questionamento, mas eu disse que não e esclareci que não era nada pessoal, que se tratava de um procedimento que todas as empresas tomam. O Jurídico é quem deve se ocupar de todos os documentos, por uma questão de fato. – Eu hesitei por um momento e Jake percebeu que havia algo mais.

─ Continue.

─ Ele... ele me disse que eu era uma jovem muito inteligente e que você era um cara de sorte. Mas que ele era um homem experiente e sabia que algumas coisas não valiam à pena – Jake soltou os talheres e afastou o prato – E concluiu: “Por falar em coisas que não valem à pena, eu encontrei July ontem e soube que ela está grávida de Jake”. Ah, e ele frisou bem a parte de que o filho é seu. Então, ele disse que sentia muito por mim e que sempre soube que vocês dois iriam acabar juntos.

─ Como é?

Eu balancei a cabeça afirmativamente – Mas eu disse a ele que eu e você ainda estávamos juntos. Por fim ele me disse que eu era persistente de várias maneiras e, eu entendi que ele estava se referindo a algo mais do que a você.

─ Eu estou perplexo. Scott?

─ Jake, qual é a sua relação com Scott?

─ Ele é meu amigo há muitos anos. Ele trabalhava em uma empresa em Londres. Trabalhou lá durante muitos anos. Segundo Scott o CEO não era muito de ouvir conselhos, então ele saiu de lá, não estava mais satisfeito. Depois que ele saiu, a empresa teve problemas legais e financeiros. Eu sabia que ele era uma pessoa experiente então eu o contratei e ele sempre foi confiável, fez boas negociações e além de tudo ele me trata como a um filho. Eu me sinto bem com a sua presença na empresa. Talvez ele esteja apenas com ciúmes de você. Ele sempre foi muito territorial e eu sempre respeitei isso não me preocupando muito com aquilo que ele fazia. Veja, a GE é imensa, são tantas coisas e ter uma pessoa de confiança para ajudar... Sua ajuda me possibilita focar em outras coisas, outros empreendimentos.

Eu alcanço a sua mão por cima da mesa – Jake, eu não estou insinuando nada. Eu estou apenas relatando a você como foi a visita de Scott. Não estou questionando seus motivos. Eu realmente estava analisando os contratos antigos com esse objetivo que eu havia explicado pra você. Foi uma das primeiras coisas que nós conversamos quando eu decidi vir trabalhar aqui. Mas, agora, eu acho que por conta do meu cargo eu deveria ir mais além. E – Eu acrescento rapidamente – como sua namorada eu realmente me preocupo.

─ Eu sei e eu adoro isso. Eu confesso que eu não entendi o comportamento de Scott. Mas eu estou dando carta branca para você analisar todo e qualquer documento. Se você encontrar alguma dificuldade fale comigo. Eu também quero acompanhar tudo de perto. Quero saber de qualquer coisa que você descobrir, se descobrir, e eu quero que Kate seja informada também. Afinal de contas ela está trabalhando com Scott agora, então ela precisa estar a par de tudo e pode ser útil.

─ Claro – eu volto a comer. Ele fica quieto. Parece preocupado. – Jake – eu chamo após alguns minutos – Eu quero esclarecer que eu não estou questionando a idoneidade de Scott. Eu quero que isso esteja muito claro pra você. Eu não quero que você fique preocupado sem motivo. Eu não vim pra cá para criar problemas pra você. Meu objetivo é encontrar o melhor método de trabalho e uma forma de encontrar esse método é olhando para o que temos feito. Eu preciso ter certeza de que nós não vamos cometer novos erros.

─ Eu sei, baby. Eu entendo isso. Mas eu confesso que eu fiquei curioso para entender os motivos de Scott para vir aqui e questionar o seu trabalho. Um trabalho que foi devidamente autorizado por mim. Mas eu estou ainda mais curioso em saber sobre o final da sua visita, a história de July, também sobre o fato de dizer que “algumas coisas não valem à pena”. Se não tivesse saído da boca de Scott eu poderia jurar que parecia uma ameaça...

─ Eu posso pedir uma coisa a você? Não é pessoal...

─ Claro. – Ele diz rapidamente, sem titubear.

─ Não pergunte nada a ele ainda. Deixe que eu conclua minha pesquisa antes. Você pode estar correto. Pode ser apenas sua postura territorial e eu posso ter entendido errado – Jake concorda. Mas eu sei que ele sabe tanto quanto eu que há algo errado aí – Agora eu tenho que voltar ao trabalho...

─ Não tão cedo... Venha aqui. – Eu me levanto e vou até ele. Ele afasta sua cadeira da mesa e me puxa para o seu colo.

─ Jake, por favor, se alguém entrar aqui...

─ Ninguém vai entrar aqui, baby.

─ A última vez que você disse isso, July entrou logo depois – O clima descontraído se vai.

Ele suspira e levanta meu queixo. Ele me beija suavemente, antes de encostar sua testa na minha. – Eu sinto muito – eu apenas balanço a cabeça afirmativamente – Você pensou sobre nós?

Eu seguro seu rosto entre as minhas mãos. – Se eu pensar demais eu vou enlouquecer, Jake. Eu não quero July entre nós, mas eu não consigo visualizar ela tendo um filho seu e se manter fora do nosso caminho. Quando ela nem sabia que tinha um filho ela já interferia.

─ Eu sei. Você tem toda razão. Eu não vou dizer a você que vai ser fácil. Eu não acho que será. Eu estou pedindo pra você tentar. Pra você lutar por nós.

─ Eu não sei se eu consigo, Jake.

─ Diga que vai tentar, por favor.

Após um longo tempo que pareceu uma eternidade eu concordo – Ok. Eu vou tentar. – Eu digo finalmente.

Ele segura minha nuca e me puxa colando sua boca na minha. Quando estamos quase sem fôlego ele se afasta um pouco – Obrigado. Eu amo você, Sam.

─ Mas – eu continuo – precisamos estabelecer alguns limites pra July.

─ Eu concordo.

─ Ok. Mas nós vamos falar sobre isso na sua casa – Ele me beija novamente e eu mudo de assunto – Will, enviou uma mensagem. Quer se despedir.

Sua expressão é séria – Samanta, não. Eu não quero que você vá encontrá-lo.

─ Eu não estou perguntando a você. Eu estou informando apenas que ele quer me ver e, se eu quisesse vê-lo eu iria, você gostando ou não. – Ele faz cara de mal e eu completo – Mas eu não quero vê-lo. Eu já disse o que eu tinha que dizer e pra mim Will é passado.

─ Ótimo.

─ Agora, fora daqui. – Eu fico de pé.

─ Você está me expulsando da minha própria empresa?

─ Não. Eu estou apenas expulsando o meu namorado impertinente para que eu possa trabalhar. Se você ficar vai ser como chefe.

─ Eu adoraria ficar como seu chefe. Tem um monte de coisas que eu poderia mandar você fazer.

─ Você curte dar ordens, é?

─ Achei que isso fosse óbvio.

─ Então talvez se você se comportar eu possa deixar você mandar em mim mais tarde.

Ele se levanta rapidamente e me empurra contra a mesa. Em seguida segura minha mão e leva até a sua excitação evidente. Olha só o que você faz comigo. Como eu posso sair daqui assim?

Eu fico na ponta dos pés e dou-lhe um beijo rápido ─ Você vai ter que descobrir sozinho – eu me afasto dele e saio da sala deixando-o sozinho com seu “problema.”

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