CAPÍTULO 7. Um olhar diferente

Nick fechou os olhos e respirou fundo.

—Venha, vamos nos sentar.—disse ele suavemente. ——Como você diz, podemos brigar mais tarde, mas neste momento há coisas mais importantes.

Valeria não disse nada, ela apenas caminhou até um dos assentos e preencheu com uma caneta o formulário que ela conhecia bem.

Nem mesmo vinte minutos haviam passado quando um médico entrou na sala de espera e Valeria se levantou rapidamente para encontrá-lo.

—Alan! —Valeria abraçou-o por um segundo e ele sorriu com uma expressão que parecia um chute no estômago de Nick. Alice...

—Calme-se. Eu já examinei Ela. Está tudo bem. Ela vai ficar bem. —o médico lhe assegurou.

Ele estava no final dos anos trinta e parecia um homem sério, educado, mais bonito do que deveria ter sido para um médico.

—Faz muito tempo que ela não tem uma febre como esta. —disse o médico.— Ela tem estado estressada? Você foi capaz de mudá-la para outra escola?

Nick viu a Valeria olhar para o chão e se abraçar.

—Não... não consegui, estou trabalhando nisso.—ela murmurou como se estivesse envergonhada.

—É uma pena que o governo não apoie casos como estes... talvez algum Seguro...— se aventurou o médico e Nick se aproximou.

—Desculpe, o que você quer dizer? — perguntou Nick e Alan olhou para ele com algum desconforto.

—Desculpe, quem é você? —Disse ele com curvatura e Valéria lhe respondeu.

—Erm... Alan, este é o Sr. Bennet, ele é meu chefe. Ele me ajudou a trazer Alice.

—Seu chefe? —O médico estendeu sua mão, e no momento em que Nick a apertou, ele pôde sentir a rivalidade aumentando. Estou feliz que finalmente há alguém que valoriza você no sentido profissional.—disse ele.

—O que há de errado com Alice? —Nick perguntou, e depois de um breve aceno de cabeça da Valeria, o médico se voltou para ele.

—Alice é uma criança com um QI muito alto, muito mais alto que um adulto. Entretanto, às vezes esse excesso de inteligência torna as crianças muito vulneráveis, elas têm dificuldade de se relacionar com outras pessoas e de aceitar o mundo como ele é. No caso de Alice, por exemplo, ela só tolera ser tocada pela Valeria. E quando ela fica muito estressada, ela fica com febre, é psicossomática, mas ainda assim perigosa. Ela deveria estar em uma escola especializada, mas... bom, elas são muito caras. —Ele olhou para Valeria nervosamente, certificando-se de que não a havia ofendido, mas ela não estava olhando para nenhum deles. —Ouça, Val... Alice é uma garota forte, apenas tente mantê-la calma, essas coisas acabarão passando.—garantiu ele, colocando uma mão no ombro dela. E acima de tudo, tente não se estressar. Você é a única pessoa que Alice tem, tudo o que acontece com você reflete automaticamente sobre ela. Você fica estressada, ela fica estressada. Entendeu?

Nick fechou os punhos dentro dos bolsos das calças. Valeria nem precisou jogar isso na cara dele. Sua estupidez e seu confronto com ela tinham mandado aquela garota para o hospital.

—Val, Alice vai ficar aqui o dia todo, mas você provavelmente poderá levá-la com você à noite.

—Obrigada, Alan. —ela murmurou com tristeza antes que o médico se retirasse.

Nick ficou ali parado, sem saber o que fazer ou dizer até que ela falou.

—Obrigado, Sr. Bennet, por toda a sua ajuda.

—Bom... se você não se importa, prefiro ficar até saber que ela está bem. —disse ele e Valeria olhou para ele com incredulidade, mas só acenou com a cabeça em resposta.

Eles não disseram uma palavra um para o outro depois disso. Eles apenas sentaram-se ali, lado a lado, como se fossem dois estranhos unidos pelo destino naquela sala de espera, durante horas.

—Vou buscar um par de cafés.—disse Nick de repente. O que você acha?

Valeria olhou para ele como se ele fosse um alienígena.

—Não importa, desde que seja café. Obrigada.—ela respondeu.

Nick procurou a cafeteria, encomendou um par de cappuccinos grandes e estava prestes a voltar atrás quando a menção desse nome o fez reagir.

—Doc, você deveria tirar a Valeria da cabeça..

Nick não saiu do lugar, de costas para a enfermeira e o médico.

—Sara, o que eu te disse sobre a intromissão na minha vida amorosa? —replicou o médico condescendentemente.

—É que ela nunca olhou para você dessa maneira. Além disso, você é um médico brilhante e ela é... pobrezinha, e com aquela criança é muita bagagem.

O sangue de Nick fervia só de ouvir isso. Nenhuma criança era uma bagagem para uma mãe, e por mais que ele não gostasse da Valeria, ele tinha certeza de que ela não achava isso. Sua preocupação e afeição por Alice era mais do que evidente.

—Sara, não diga isso. A verdade é que Alice tem sorte de ter alguém como Valeria na vida dela. —disse o médico, e Nick de repente se sentiu ainda pior.— Além disso, ela não é culpada pelo que está acontecendo com ela.

—Ela nem sequer tem sorte.—a enfermeira murmurou pesarosamente. —Ela mal terminou de pagar uma dívida hospitalar quando já está entrando en outra.

—Bom... eu acho que vou ajudá-la com esta. —refletiu o médico.

—Agradecimento por você não é amor, dr. —advertiu Sara.

—Não, porém isso me conseguirá um compromisso, e isso já é um começo, Sarita. É um começo.

Nick voltou para a sala de espera quando começou a escurecer e colocou o cappuccino nas mãos de Valeria sem dizer uma palavra. Incomodava-o que o médico estivesse ininteresado nela, e o incomodava mais que ele usasse um favor para chamar a atenção dela. Bom... não que ele fosse deixar isso acontecer, ele se levantou e foi resolver o assunto.

O sol já se havia posto completamente quando Alan voltou para a sala de espera.

—Pronto.—disse ele, sentado em frente à Valeria. —A febre se foi. Ela concordou em comer alguma coisa o único que ela continua cansada , e sua exaustão normal, mas você já sabe disso. Vou dar alta para ela.

Valeria tentou sorrir um pouco mais calma.

— Obrigada, Alan. Vou só pegar a conta e depois vou buscá-la. —assegurou-lhe ela.

—Sobre isso... você não precisa pagar. Desta vez eu vou cuidar disso.—disse ele, segurando suas mãos tranquilamente, mas Valeria deu uma palmadinha nas costas dele.

—Estou muito agradecida, Alan, mas não posso aceitar isso. —respondeu a menina, e os olhos de Nick se estreitaram de prazer. Qualquer outra pessoa em sua posição o teria aceitado sem hesitar.

—Val, não é errado aceitar ajuda de vez em quando?

—Não se preocupe, dr.—interrompeu Nick, fazendo-a olhar para ele. Nossa empresa tem um Seguro Abrangente para todos os trabalhadores, por isso nós pagamos a conta. Eu já cuidei disso.

Valeria olhou para ele, estupefata, mas Nick não tirou aquele sorriso do rosto por tempo suficiente, e se o médico tivesse  incomodado por sua intrusão, ele teve o cuidado de esconder bem.

Finalmente uma hora depois, eles deixaram o hospital e voltaram para o carro do Nick, que as levou para casa. Valeria levantou Alice e suspirou antes de enfrentar aqueles três lances de escadas porque ela era bastante pesada, até que ouviu uma voz estranhamente calmante atrás dela.

—Venha, eu vou te dando apoio.

Ela sentiu as mãos de Nick em seus quadris e seu hálito perto dela, mas mesmo assim ela começou a subir e não podia negar que Ele ajudou muito.

Finalmente, eles entraram no pequeno apartamento.

—Se você me der um minuto, vou colocar a Alice na cama —disse ela e Nick apenas acenou com a cabeça.

—Valeria... você cheira como um hospital...— protestou a menina meio adormecida. E eu também... fffffffiiiuuuu! fffffffiiiuuuu!

—Vamos, meu amor, vamos mudar de roupa agora...—Valeria a assegurou e entrou no quarto com ela enquanto Nick ficava sozinho na sala, olhando em volta.

O pequeno apartamento não era horrível, mas definitivamente não era excitante viver em um lugar como esse. Ele tinha tudo em um só: sala de estar, sala de jantar, cozinha, e havia apenas uma porta, que era onde a Valeria tinha entrado, então ele deve ter apenas um quarto para as duas.

Tudo estava muito bem arrumado e limpo, decorado em tons pastéis muito suaves, e tinha apenas o essencial. Era definitivamente um contraste esmagador com seus quatrocentos metros quadrados, cheio de toda a porcaria que ele podia comprar e bom... ele tinha dinheiro de sobra para isso.

—Desculpe, Alice é muito sensível aos cheiros, tive que tomar banho e me trocar.—pediu desculpas Valeria chegando ao seu lado.—Posso fazer um café para você? Acho que não há muito mais que eu possa fazer para agradecer por nos ajudar hoje...

Sua voz estava cansada, Nick provavelmente deveria ir embora e deixá-la descansar, mas ele não podia se mover, porque o que ele estava vendo o tinha enfeitiçado.

Valeria tinha saído em pijamas suave e super grande. As calças se arrastavam sobre seus pés descalços. Ela não estava usando uma gota de maquiagem e seu cabelo estava lavado e cheiroso. E tudo isso teve um impacto mais feroz sobre ele do que qualquer lingerie.

Ela estava muito bonita assim, natural. Ela estava terrivelmente desejável assim, e Nick se virou contra o balcão da cozinha para que a exitação que estava crescendo nele vendo ela fazer café não aparecesse. Pelo amor de Deus, ela estava apenas fazendo um maldito café!

Ele fechou os dedos ao redor do copo e ela fez o mesmo do outro lado do minúsculo balcão. Nick suspirou, levantando seus olhos para os dela e percebeu que ela estava olhando para ele.

—Desculpe... pelo tapa e todo o resto. —murmurou ela, embora ambos soubessem que era apenas etiqueta, porque se ela pudesse ter dado dois, teria dado.

—Desculpem-me por estressar você. Me desculpe por ter causado tudo isto.—respondeu Nick.

Valeria não respondeu, era estranho vê-lo assim, ele parecia ser um homem completamente diferente. Ela voltou a curtir todos os pequenos detalhes que havia visto no dia em que se conheceram, todas aquelas coisas pelas quais ela havia se sentido tão atraída antes de saber que ele era um idiota.

—É melhor eu ir.—disse Nick de repente e Valeria acenou com a cabeça.

—Eu colocarei seu café em um recipiente para llevar. —disse ela e puxou uma pequena escada para chegar à prateleira superior da cozinha.

Nick viu o desastre antes de acontecer: aquele par de calças muito compridas presas entre o degrau e o pé... Ele mal teve tempo de dar a volta na barra chegando até ela, quando foi caindo em cima de qualquer coisa que estivesse debaixo, felizmente, era ele.

Eles cairam com um estrondo e Valeria abafou um grito enquanto sua testa era esmagada contra a de Nick.

E isso não foi nada comparado ao quanto ela poderia ter se machucado se não tivesse caído em cima dele.

— Você está bem? —Nick perguntou, tentando se sentar com ela em cima dele, e de repente foi como se ambos tivessem parado de respirar.

Eles estavam muito próximos, isso era um fato. Os braços de Nick estavam abraçados ao redor de sua cintura e sentada no colo dele ela podia sentir absolutamente tudo o que o estava desencadeando. Porque sim, o que estava pressionando e crescendo contra sua intimidade estava sendo provocado por ela. Ela nem conseguia se mover... O cheiro do Nick era absurdamente sedutor, e ela não entendia o motivo, mas estava muito nervosa... e ele estava olhando para ela como... como....

E então não houve mais espaço. A boca de Nick encontrou a dela em um beijo urgente e desesperado, como dois antigos amantes que de repente se encontraram. Valeria tentou resistir, mas no momento em que os braços de Nick se abriram, soltando ela,  percebeu que não queria ir a lugar nenhum.

Ela ficou ali, na boca dele, com medo de se mover até que um toque suave e tentativo de Nick a fez fechar os olhos. Ela sentiu seus lábios explorando com uma estranha suavidade e abajo um gemido enquanto sua língua alcançava a dela em um duleo perfeito.

E como tudo que era perfeito... não poderia durar.

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