CAPÍTULO 3. Uma designer, demitida!

Dizer que tinha sido embaraçoso para Nicholas Bennet sair do banheiro feminino da cafeteria de sua empresa sem camisa, usando apenas seu casaco e a cara de um assassino em série, foi um eufemismo.

Ele havia resistido à tentação de destruir seu escritório, porque no final o cortado do escritório não tinha culpa da existência de mulheres como aquela. Ela respirou fundo até o seu apartamento, mas no final daquela noite não conseguiu impedir que três ou quatro ornamentos se chocassem contra a parede.

Era verdade que ele estava estupidamente distraído com seu telefone celular, ele estava pronto para pedir desculpas até que seus olhos encontraram com os daquela mulher. Ela era de altura média, bonita como uma m*****a sereia e com a voz de uma, mesmo zangada. Ela tinha cabelos longos e encaracolados, olhos castanhos e desafiadores, e um corpo para ficar admirando até o fim dos tempos.

Era isso que a havia incomodado. Ele podia cheirar, sentir, intuir: ela era uma dessas mulheres capazes de pisar o coração de um homem  com o salto de seu sapato e seguir em frente sem olhar para trás.

Ele olhou para a única foto que enfeitava o canto do armário de sua sala de estar. Era uma imagem de um homem de meia idade, pensativo e triste: seu pai. Ele mesmo tinha tirado aquela foto há quinze anos atrás, literalmente há meia vida. Ele a havia tirado  dois dias antes de explodir a cabeça com um revólver de vinte e oito calibres. E ele o havia feito por uma mulher como ela, uma mulher que não conseguia se fartar dele, que tinha um amante todos os meses: sua querida mãe, Layla Bennet.

—Tentei toda a minha vida ficar longe de mulheres Assumpta. —disse ele à foto.— Eu juro que aprendi com seus erros, pai. Juro que aprendi. —murmurou ele.

Mas saber era uma coisa, poder tirá-la de sua cabeça era outra bem diferente. Por mais que ele tentasse se distrair, a maneira como ela tinha tirado a blusa... aquele maldito sutiã que o fazia desejar tudo que havia por baixo... a rebeldia na voz dela... a maneira como a boca dela era... aquele piscar de olhos sexy antes dela sair... Ele não conseguia parar de pensar em tudo isso. Ele não conseguia parar de pensar nela e não sabia se a odiava mais ela ou a ele mesmo por não ser capaz de se controlar.

Esperava que a semana começasse de uma maneira melhor, com muito trabalho para ocupar sua cabeça, e não deixá-lo pensar onde aquela mulher estaria.

Valeria, por sua vez, depois de jogar matchmaker entre Lazlo e Oli, havia finalmente terminado seu registro e a garota a havia levado ao seu cubículo. Era pequeno e brilhante, mas ela nunca tinha tido um escritório antes, então ela estava encantada. Emma a havia recebido de braços abertos, pois sabia que o atraso só poderia significar que ela havia sido contratada.

— Você sabe o que vamos fazer agora, baby? — disse Valeria à Alice, sentada ao seu lado.

—Mmmm... você não vai gritar quando a senhoria vier cobrar o aluguel? —assumiu a garota e Valeria sorriu.

—Não... não vou gritar mais, mas não é só isso, vamos comprar um presente para aniversário de sua amiga!

—É sério? —Alice perguntou com entusiasmo.

Há quinze dias, Alice havia pedido um presente para uma amiga da escola, que a havia convidado para o seu aniversário. Foi tão difícil para ela se relacionar que partiu o coração da Valeria ter que dizer não, mas agora ela não precisava, agora ela podia comprá-lo.

Portanto, se para Nick o fim de semana foi uma tortura, para Valeria foram dois dias de felicidade absoluta. É claro, tudo isso mudaria quando chegasse a segunda-feira.

Às sete e meia da manhã, ela passou por dois cafés, com suas melhores roupas e stilettos, e subiu no elevador até seu escritório. Oli lhe agradeceu pelo café e a apresentou a todos no departamento de design. Todos olharam para ela com um pouco de pena quando souberam que ela era a nova estilista do departamento de lingerie, então ela estava fazendo uma idéia do que estava por vir.

—Bem... tudo o que você precisa fazer agora é encontrar o grande chefe.—suspirou Oli ansiosamente.

—Como ele é? perguntou Valeria, sentada de pernas cruzadas sobre a mesa.

—Nosso CEO é tão atraente quanto odioso... o que significa que ele é muito, muito atraente.—Oli murmurou e Valéria quase cuspiu seu café com risos.—Isso significa que ele é um idiota de primeira linha?

—Ele leva o prêmio, mas... Saia, saia! —Oli a apressou de repente. Aí vem ele!

Valeria olhou para a figura com a cara séria  que saía do elevador e seu primeiro instinto foi cair atrás da mesa de Oli e se esconder embaixo dela.

"Merda, merda, merda!" pensou ela, fechando os olhos porque era impossível não reconhecer o semideus cuja camisa ela havia tirado no banheiro da cafeteria dois dias antes. "Não pode ser! Não pode ser!" Agora isso foi azar, começando com o CEO com o pé esquerdo nada menos... bom seu joelho esquerdo... em sua virilha...! "Deus!"

—Bom dia, Oli. —Disse aquela voz rouca e máscula.

—Bom dia, senhor.

—Vamos reunir todos os designers na sala de reuniões em dez minutos, vamos discutir as coleções para o show dos distribuidores. Obrigado.

Cinco segundos depois, o sussurro de Oli pôde ser ouvido:

—Val... Val!

—O quê? —ela perguntou, abanando a cabeça.

—Não que você não fique bonita de quatro debaixo da minha mesa, mas você o ouviu, você tem uma reunião em dez minutos. —disse Oli.— Eu não sabia que você era tímida. Por que você se escondeu?

—Eu o conheço. Não no melhor dos termos... Uma longa história! —respondeu ela correndo para o seu pequeno escritório.

Oito minutos depois, ela estava se misturando com os outros trinta designers que se dirigiam para a sala de reuniões. Ela tentou ficar atrás, escondida na multidão, esperando que ele não a visse, e não pareceu difícil considerando que Nick Bennet mal olhou para sua audiência depois de dizer olá.

—Bom dia a todos", começou ela, "Como vocês sabem, dentro de três semanas teremos um importante desfile de moda para um de nossos maiores distribuidores, Andrew Davies. Todos os anos projetamos coleções exclusivas para eles. Há dois meses, a Davies Inc. demitiu um de nossos concorrentes, portanto, esta é nossa chance de ganhar contratos em áreas que não conseguimos vencer antes.

Todos sabiam que ele estava se referindo à área de lingerie, mas ninguém disse nada.

—Bom. Faremos este departamento por departamento: Bruno.—ele disse ao Chefe de Design da linha masculina.— Você é sempre o mais avançado, por favor faça com que todas as linhas entreguem seus portfólios de design até sexta—feirafeira. Anna, eles gostaram muito da coleção de gala da linha feminina do ano passado, certifique-se de incluir uma também este ano. E por último, a lingerie feminina... —Não tinham chefe de desenho, os que trabalham nesta área entregam os desenhos à Anna. Soube que temos um novo membro..." Ele olhou numa pasta, "Valeria Williams... Valeria Williams?

Valeria engoliu secamente e deu um passo para frente da multidão em que se encontrava, abaixando a pasta com que estava cobrindo seu rosto. Nick voltou-se para onde ela estava e seu rosto refletiu a surpresa cheia de raiva por exatamente cinco segundos quando a reconheceu. Depois ele voltou ao seu eu habitual, impassível.

—A reunião está encerrada. Todos ao trabalho, Srta. Williams! —lhe chamou antes que ela ousasse partir.— Para o meu escritório! Agora.

Ele saiu, abotoando seu casaco, e Valeria respirou fundo. Ela sabia que sua primeira batalha com o CEO daquela empresa viria mais cedo ou mais tarde, Layla lhe havia dito, mas ela não esperava que fosse depois de meia hora do início do trabalho.

Ela entrou no escritório e fechou a porta atrás dela, aproximando-se da escritório. Nick ficou ali, olhando para fora da enorme janela do vigésimo andar.

—O que diabos você está fazendo na minha empresa?! —ele disse sem olhar para ela, sua voz a sacudiu.

—Eu sou a nova designer no departamento de lingerie. —ela respondeu com uma serenidade que estava longe de sentir.

—Não quero mulheres na minha empresa que usam sua... influência para conseguir um emprego! —disse ele, desta vez, olhando para ela e Valéria sentiu todos aqueles canhões imaginários em seu corpo virem à tona.

—Desculpa? —exclamou ela, colocando as mãos sobre a mesa sem manchas. O que você está tentando dizer exatamente?

—Que se você acha que ser a namorada do garoto dos Recursos Humanos vai te servir para...!

—Tenha muito cuidado, Sr. Bennet! —Não sou namorada do Lazlo nem de ninguém. Na verdade, quando ele nos viu no café eu estava acompanhando ele para comprar um café para Oli porque é dela que ele gosta. Fui contratada pela Sra. Layla, sua mãe. Ela me contratou porque gostou dos meus desenhos... e eu não precisei mostrar meu sutiã para que ela me desse nada!

O rosto de Nick ficou tão vermelho que Valeria pensou que ele iria se transformar de um momento para o outro.Faltava quase nada para ele virar um lobisomem naquele instante. Ainda assim, o olhar de Valeria permaneceu desafiador.

—Você está despedida! Saia da minha empresa! Agora!

—Bem, eu não vou a lugar algum. —respondeu Valeria, colocando as mãos em seus quadris. Meu contrato diz que vou trabalhar nesta empresa por três meses e é isso que vou fazer.

—Você está de provas...

—Não, não estou. Fui contratado como designer júnior por três meses para o departamento e somente para o departamento de lingerie. E vou fazer meu trabalho quer você goste ou não!

—Essa é a minha empresa! —Nick rugiu, à beira do colapso. Nunca antes um designer... nunca antes alguém o havia confrontado tão descaradamente.— Ou você sai ou eu mando te expulsar.

—Bem, "sua" empresa, e você especialmente, serão processados por demissão injusta se você me tirar daqui. E entre um homem com seu tamanho e uma pobre garota com minha inocência, ambos sabemos quem sairá pior. —ameaçou Valeria. —Assim que você pode se cansar de gritar "demitida, demitida" o quanto quiser, mas eu não vou sair daqui! Tenha um bom dia!

Ela foi até a porta, rebolando como Deus mandava, e fechou a porta suavemente, porque estava com raiva, mas ainda era uma dama.

"Bem, Valeria... você tem o nó ao redor do pescoço", disse a si mesma, dando força a si mesma. "Agora bola para frente!"

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