ELES ESTAVAM AO SUL da Inglaterra e o anão coincidentemente conhecia todas as rotas de fuga.
— Cap, estou ficando enjoado – disse Caolho – nunca fiquei tanto tempo em terra firme.
— Tenha calma, mon ami, em breve teremos um barco novinho em folha.
— Como alguém poderia ficar enjoado em terra firme? – Perguntou Kenny de forma inocente.
— É que ele nasceu em um navio, não está acostumado sem estar no balanço de um barco.
— Faz sentido.
O capitão riu.
— Não, meu querido e pequeno amigo, não faz o menor sentido, mesmo você sendo o menor entre nós.
— Ainda não sabemos como conseguir um navio, Cap.
— Eu sei onde podemos conseguir um – disse Cotoco interrompendo o início do diálogo entre eles.
— Você está brincando?
— Claro que não, mas tem um porém...
— É claro que tem... – bufou Caolho – sempre tem um ou vários poréns...
— E qual é esse "porém"? – Disse Rhett ignorando os murmúrios de Caolho.
— Dizem que é um navio fantasma, outros dizem que é amaldiçoado...
— Navio Fantasma!!! – Disseram Rhett e Caolho juntos enquanto se entreolhavam nitidamente animados – melhor ainda.
O anão sorriu maliciosamente.
— Dizem ainda – continuou ele – que o barco em noite de lua cheia fica em direção ao el Diablo–loco...
— E quem é esse tal "Diablo-loco"? – Disse Caolho bufando entediado como se aquele anão soubesse de histórias que eles ainda não tinham vivido.
— Simplesmente o maior e mais terrível navio pirata de todos os tempos – disse o Capitão Rhett soturnamente.
O anão sorriu.
— Então o senhor deve saber de qual navio estamos falando?
— O Black–jack...
O anão começou a gargalhar e logo em seguida o Capitão Rhett também foi no mesmo embalo.
Caolho e Francis se entreolharam e fizeram cara de desentendidos.
— Qual é a graça? – Perguntou Caolho.
O anão se recompôs do riso e disse:
— Quer ter a honra, senhor capitão.
— Claro, Kenny, diz a lenda – começou Rhett – que o "El Diablo–loco" só era acompanhado por uma única embarcação em todo o mundo...
— Pelo Black–jack... – acrescentou o anão.
— Isso mesmo, Cotoco, mas não é só isso, a maldição que havia no El Diablo–loco passou para o Black–jack também.
— Porque o senhor diz isso – disse Caolho.
— Porque todos os piratas com um mínimo de conhecimento sabem o que o El Diablo–loco levava consigo.
Todos ficaram em silêncio, inclusive o anão.
O capitão continuou.
— O Diablo–loco levava o tesouro mais valioso e amaldiçoado dos Sete Mares...
Francis mostrou sua mão.
— Isso mesmo, Francis, o Diablo–loco levava consigo "A Mão do Destino".
— E essa tal "Mão do Destino" é tão poderosa assim? – Perguntou o anão.
— Mais até... Dizem que a lenda dos três desejos da lâmpada mágica do Aladim e até mesmo a Pedra Filosofal foram inspiradas nela... E a melhor parte vem agora, todos que tiverem seus desejos realizados pela "Mão do Destino" serão imortais, escravos dela para todo o sempre, à não ser que desvendem o mistério...
— E que mistério é esse?
— Isso é o que vamos descobrir – o Capitão apontou para o horizonte – vejam, é o Black–jack...