RHETT, FRANCIS E CAOLHO chegaram à praia e revezavam entre tossir e rir. Riram como há muito tempo não riam em suas pobres e desgraçadas vidas.
— Eu queria ver a cara do Fundilho–sujo nesse momento.
— Até Francis que não se interessa por nada nesse mundo gostaria de ver – disse Caolho com a mesma irreverência de sempre.
Francis animado assentiu alegremente a cabeça.
— Tudo bem, – disse o Capitão Rhett se animando – precisamos de um novo navio, tripulação, imediato e mulheres.
— Não olha para mim – disse Caolho se esquivando da função – não tenho nada a ver com isso... Cap, vou dar uma mijada, estou muito apertado.
Rhett olhou para Francis que negou veementemente com a cabeça e as mãos.
— Está bem, depois resolvemos isso.
Rhett pela primeira vez ficara sério.
— O que aconteceu, Cap?
Rhett olhou de soslaio e fez sinal para que eles fizessem silêncio.
O capitão ouviu mais com seus instintos do que com seus ouvidos, ninguém conseguia entender aquele sexto-sentido que ele tinha.
— Pode sair, quem quer que seja, não vamos machucá-lo, tem a minha promessa.
Antes que a figura misteriosa aparecesse, uma adaga seguiu mortalmente em sua direção, mas Rhett desviou-se no último instante.
— Gostei da brincadeira, mas gostaria de saber quem quer brincar com o futuro rei dos Sete Mares...
— Rei do que? – Disse um anão ao sair de trás do arbusto.
— Olha, temos aqui um espião.
— Os únicos espiões aqui são vocês – disse o anão rispidamente.
— Qual o seu nome?
— Kenny...
De repente, Caolho volta abotoando a calça.
— Quem é esse cotoco de gente? – Disse Caolho.
Francis riu e mostrou o dedo mindinho para os companheiros.
— Mindinho, essa foi boa, monsieur Francis.
O anão ficou irado e foi para cima de Jimmy Caolho.
— Calma aí, guri, já perdi muitos homens hoje, não quero tirar mais meia vida.
— Quem são vocês? – Gritou o anão – o que vocês estão fazendo aqui?
— Sou o Capitão Rhett Flanigan – disse o capitão fazendo uma leve reverência – esses são meus homens, Jimmy Caolho e Francis Jegue–de–aço.
— Jegue–de–aço?
Os três riram.
— Nosso amigo aqui já matou uma mulher de tanto prazer com seu brinquedinho ali dentro da cueca.
Francis o segurou por cima da calça e balançou–o sorridente querendo brincar com o anão.
— Ele nunca brincou com um anão – disse Rhett.
Caolho interviu.
— Dizem que o pênis dele é maior que você.
Os três riram e o anão mais uma vez foi para cima de Jimmy Caolho.
— Você não vai rir muito depois que eu arrancar sua língua.
— Que nada, para você cortar minha unha do pé já tem que subir escada.
— Seu nome vai ser Kenny-cotoco – sugeriu o Capitão Rhett.
— Não gostei... – interveio o anão nitidamente irritado com o apelido.
— Parem com isso – disse o capitão tentando amenizar aquele princípio de briga – nós perdemos nosso navio e nossos amigos em uma emboscada da marinha inglesa.
— Sempre eles – bufou o anão.
— O que aconteceu? – Perguntou Caolho tentando ser solícito.
— Eles queriam que nossa cidade pagasse mais impostos e como não tínhamos mais dinheiro, eles queimaram tudo, fui um dos poucos sobreviventes.
— E você tem para onde ir? – Perguntou o capitão.
— Por enquanto não...
— Se quiser vir conosco, podemos enfrentar essa mesma batalha, meu amigo, afinal, o inimigo do meu inimigo é meu amigo.
— Mas não sou guerreiro.
— Nem nós – disse Caolho – somos Piratas.
— Eu poderia ir com vocês?
— Desde que não fosse um inútil, sem problemas.