Todos na América conheciam Charlotte McKeena. Ela era a única filha do senador Bernard McKeena e da ex-Miss América, Judith Linvstone. Eles eram o exemplo perfeito de uma poderosa e famosa família americana.
Charlotte McKeena sempre se destacou em tudo o que fazia. Ela não só foi oradora da sua turma na faculdade de Economia em Havard, mas também seguiu os passos da mãe e tornou-se a mais nova Miss América e, eventualmente, também ganhou o título de Miss Universo com apenas vinte e dois anos de idade.
Seu rosto e sorriso lindos foram estampados em todos os lugares. De outdoors a revistas. Até mesmo na Times Square. Ela era a inspiração de toda garota americana e o sonho de consumo de todos os homens que a conheciam.
Charlotte tinha treze anos de idade quando seu irmão mais velho morreu devido a um acidente de carro. Sua família desmoronou com o acontecido. Seu pai, o homem mais forte que ela conhecia, entrou em negação. Foi quando ele passou a dedicar-se apenas à sua carreira política, viajando sempre e ficando muito pouco em casa. Sua mãe levou quase um ano para superar a depressão. Ela se tornou uma alcoólatra e começou a fazer uso exagerado de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos.
Apesar de tudo, Charlotte manteve-se forte. Mesmo que tivesse sido doloroso para ela. Apenas depois de um ano, foi que sua família lentamente começou a se normalizar e aprendeu a aceitar a perda.
Para garantir que seus pais ficassem felizes e não caíssem nunca mais em um estado emocional, remotamente parecido com o de antes, Charlotte passou a fazer a vontade dos pais a todo custo. E foi por esse motivo que ela escolheu a faculdade de Economia e a carreira de modelo ao mesmo tempo. Ela queria deixar ambos os pais orgulhosos e compensar o fato de que agora eles só tinham um filho para exigir as coisas e não dois.
Mas todo mundo tem suas próprias falhas. Ela fez uma acusação imperdoável para alguém havia quatro anos. Ela arruinou a vida de uma pessoa e lamentava todos os dias o que acontecera. Todas as noites, sua consciência não a deixava dormir. Ela queria voltar no tempo, pois desejava nunca ter posto os olhos em Marco Villa-Lobos.
Aconteceu quando Charlotte tinha dezoito anos e começou sua graduação em Economia na Universidade de Harvard. Ela era uma caloura e ainda se sentia estranha em um novo ambiente com pessoas que ela não conhecia.
Ela se perdeu durante seu primeiro dia de aulas em Harvard. Tinha certeza de que pegou o caminho certo, mas não conseguiu localizar sua sala.
— Você está perdida? — Um cara se aproximou dela.
— Ah sim. Eu estou procurando o meu quarto. — Charlotte respondeu ao cara nerd.
Ele usava uma camisa cinza de lã, calças folgadas marrons, óculos com armação preta e sapatos pretos. Seu cabelo estava achatado na sua cabeça com gel. Ela imediatamente lembrou-se de Clark Kent.
— Estou procurando o quarto 201.
— Deixe-me ver o seu cartão de ingresso.
Charlotte mostrou o cartão ao cara nerd.
— Você está no prédio errado. O Departamento de Economia é do outro lado. — O cara sorriu. — Se você quiser, eu posso te mostrar onde fica. Eu estou indo para lá também.
— Ok, se estiver tudo bem pra você.
Eles estavam descendo as escadas quando ele disse.
— Á propósito, eu sou Marco Villa-Lobos. — o cara estendeu a mão.
— Oi Marco. Muito prazer em conhecê-lo. Eu sou Charlotte McKeena.
— Eu sei.
— Você me conhece?
— É claro. Você é filha do senador McKeena.
Charlotte ficou não ficou surpresa, já que toda a mídia a conhecia.
— Você também é novo aqui?
Ele respondeu educadamente. — Não. Eu estou no meu último ano.
— Uau! Então você está prestes a se formar.
— Sim, eu estou ansioso. — Ele disse humildemente.
Charlotte e Marco instantaneamente se tornaram amigos. Ele foi seu primeiro amigo em Harvard. A todo tempo eles se batiam pelo campus. Marco era sempre muito simpático e acessível.
Charlotte soube por sua colega de quarto, Johanna Chan, que Marco era muito popular em Harvard. Ele era o presidente do Conselho Estudantil, editor chefe do Jornal Escolar, presidente do Time de Xadrez, e foi o último vencedor do Decágono Acadêmico. Era uma espécie de aluno prodígio e com certeza se formaria com honras em Administração de Empresas. Charlotte ficou muito impressionada com as realizações do amigo.
— Você sabia que a família de Marco é dona da Villa-Lobos Internacional Holdings, Inc? — Johanna informou Charlotte. — Eles são muito ricos! Não duvido que sejam donos da metade dos prédios de Nova Iorque.
— Realmente? — Charlotte ficou impressionada, pois Marco não parecia ser um riquinho besta.
— Sim. E olhe para ele. Um cara simples.
— Sim, eu concordo. Eu gosto da sua atitude, ele parece tão pé no chão.
— Ele pode ser um nerd, mas tem um sex appeal que minha nossa... Pelo menos é o que eu acho. Mesmo assim, soube que ele nunca namorou, porque a maioria das meninas preferem os bad boys, não os caras bonzinhos. Mesmo sendo bonito, seu modo de se vestir afugenta todas.
— Sério?
— Sim, é o que eu soube. Mas olha só, se ele desse uma repaginada no visual e tirasse aqueles óculos, ficaria um gato muuuito gostoso, não acha?
Charlotte sorriu.
— Sim, você está certa. Mas eu não acho que ele ficaria feliz com uma reforma. Com todas as coisas que ele tem em mente, tenho certeza de que é muito ocupado para se preocupar com a aparência.
Ambas as meninas riram.
Uma manhã, enquanto Charlotte estava à espera de sua próxima aula, tomando cappuccino, Marco se aproximou dela.
— Oi Charlotte.
— Oi Marco.
— Eu estou precisando de um favor. Será se você pode me ajudar?
— Depende. Qual é o favor?
— Precisando de um editor para o jornal. Você gostaria de se juntar à nossa equipe?
— Seria ótimo. — ela respondeu entusiasmada, pois precisava de créditos extras. — Mas eu não sou muito boa em escrever artigos ou colunas, eu não tenho experiência.
— Oh, Não se preocupe com isso. Eu posso te ensinar.
— Não tenho certeza. — ela hesitou.
— É realmente muito fácil. Vamos lá, diga que sim, eu tenho certeza de que você vai se divertir. — Marco sorriu e tirou os óculos para limpar as lentes com a borda da sua camisa.
Charlotte prestou atenção no rosto dele e percebeu que sua colega de quarto estava coberta de razão. Marco era um cara bonitão. Sem os óculos e com o cabelo voando ao vento, ela pôde ver todas as nuances do seu rosto e sorriu para si, pois sabia que se as outras meninas do campus o vissem desse jeito, ficariam loucas. Ele era lindo.
— Ok, mas prometa que vai me ensinar. — Ela disse, ainda hipnotizada pelo homem à sua frente..
— Eu prometo. — Ele sorriu docemente e ela pensou que fosse morrer.
Desde aquele dia, Charlotte e Marco ficavam sempre juntos durante o tempo livre. Ela saía com ele e com o resto da equipe editorial. Marco fazia questão de editar suas colunas pessoalmente e dava sugestões para tornar suas histórias mais interessantes para todos. Todas as quartas-feiras à tarde, eles tinham uma reunião no Gabinete Editorial do Jornal. Marco sempre trazia comida para todos. E nunca se esquecia de trazer uma caixa com os donuts favoritos de Charlotte.
Um dia, ela estava almoçando com uma das editoras, Caroline.
— Marco está encantado por você.
— O que?
— É isso aí, Marco gosta muito de você.
Charlotte corou. — Por que diz isso?
— Em primeiro lugar, ele nunca trouxe comida para a gente durante as reuniões, isso só começou quando você chegou. E em segundo lugar, ele não esquece seus donuts e seu Macchiato nunca.
— Ele é apenas gentil, Caroline.
— Não. Acredite em mim, Charlotte. Eu acho que ele é apaixonado por você. Ele não consegue tirar os olhos de você.
— Somos apenas amigos.
— Ah garota, cresça! Todo relacionamento começa com a amizade. — explicou Caroline.
O que Caroline disse era verdade. Marco a paquerava. Ele sempre levava flores, seu café e doces favoritos para ela no dormitório. Sem contar que ficavam sempre juntos, mesmo quando não tinham aulas ou coisas do jornal para tratar.