Priscila Almeida
O som das grades rangendo e o eco das vozes reverberando pelos corredores do presídio tornaram-se uma trilha sonora constante na minha vida. O cheiro de ferro e desinfetante impregnava o ar, uma lembrança persistente da minha realidade. Estava presa há mais de um ano por ter raptado a filha de Anthonella, e cada dia era uma batalha para manter minha sanidade.
Sentada em minha cela estreita, observava as paredes cinzentas e desgastadas, cobertas de grafites e marcas de prisioneiras anteriores. Algumas deixavam mensagens de esperança, outras de desespero. Mas para mim, não havia arrependimento. Fiz o que fiz por uma razão, e mesmo agora, não sentia remorso.
— Almeida! — gritou uma das guardas, interrompendo meus pensamentos. — Hora do banho de sol.
Levantei-me lentamente, os músculos rígidos pelo tempo passado na cela. Quando saí para o pátio, senti o sol quente na pele, um raro consolo. Outras prisioneiras já estavam lá, divididas em grupos conforme as alianças e rival