A questão da casa finalmente foi resolvida, e Camila não pôde deixar de sentir um grande alívio. A pressão sobre seus ombros desapareceu quase que instantaneamente.
Quando assinou o contrato, Camila percebeu que o dia em que formalizaria a compra da casa coincidia exatamente com o dia de sua partida.
Foi uma sorte, pois assim ela não precisaria explicar nada para Luís e Bruno.
No momento em que assinou seu nome, um peso enorme se dissipou.
Logo, tudo estaria acabado.
Agora, só restava a última coisa a ser feita.
Camila foi ao shopping, fez uma escolha cuidadosa e comprou um massageador e um par de pulseiras de esmeralda. Com as compras em mãos, foi até a casa de sua tia.
Mal entrou na casa, sua tia correu para abraçá-la com força.
— Camila, eu realmente não consigo me acostumar com a ideia de você ir embora. Você viveu tanto tempo em Cidade H, sempre a vi como minha filha. Agora, você vai embora, e eu não sei como vou lidar com isso.
Sua tia enxugou as lágrimas e segurou as mãos de Camila com força, como se temesse deixá-la ir.
Camila também não pôde evitar sentir um aperto no coração. Forçou um sorriso e tentou acalmá-la.
— Tia, eu também não queria partir, mas somos uma família. Agora as viagens estão mais fáceis, e com o tempo vamos nos ver novamente.
Sua tia, sabendo disso, foi suavizando a tristeza e, com um sorriso, empurrou Camila para o sofá.
— Sente-se direito, minha filha. Eu sei que você vai embora, então tirei uns dias de folga para passar mais tempo com você. Fique mais alguns dias aqui. Vou preparar tudo o que você gosta de comer!
Camila não teve nem tempo de recusar a oferta de sua tia, que logo se apressou para a cozinha, preparando pratos que Camila adorava. Ela voltou com uma bandeja repleta de delícias, sorrindo enquanto a servia.
Ao ver a tia tão dedicada, Camila não conseguiu evitar sorrir também. A tristeza de partir se misturava com a ternura do momento. Ela não tinha coragem de recusar o carinho de sua tia, e, por isso, aceitou ficar por mais alguns dias, aproveitando o tempo ao lado dela.
O tempo passou rápido, e logo chegou o momento de ir embora. Não conseguiu adiar mais. Com o coração apertado, teve que se despedir.
— Tia, eu realmente preciso ir agora. Em três dias, vou voltar para Cidade J para me casar.
Sua tia, com os olhos marejados e o coração pesado, assentiu várias vezes, antes de apertar a mão de Camila e lhe entregar um presente de casamente.
— Eu tenho três cirurgias naquele dia, que envolvem a vida de outras pessoas, então não vou poder ir. Mas isso é o que eu posso fazer, Camila. Você precisa ser muito feliz.
Camila estava com os olhos vermelhos, e, com respeito, pegou o presente que lhe foi oferecido.
— Sim, tia, o marido que meu avô escolheu para mim, você pode ficar tranquila.
Nesse momento, as portas do elevador se abriram, e Luís e Bruno saíram, um à esquerda e outro à direita, com Eduarda caminhando entre eles.
Assim que viram Camila com os olhos vermelhos, despedindo-se de sua tia, seus corações se apertaram inexplicavelmente. Imediatamente, perguntaram:
— Camila, tia, por que vocês estão chorando?
Ao vê-los, Camila enxugou as lágrimas e, com uma expressão calma, respondeu:
— Não é nada, faz muito tempo que não vejo minha tia, e agora vou embora, não consegui evitar... estou sentindo muito a despedida.
Ao ouvir isso, Luís e Bruno relaxaram.
Os corações que estavam apertados agora se acalmaram.
— Afinal, estamos todos em Cidade H, tão perto assim, sempre que quiser, pode vir ver a tia a qualquer momento.
A tia de Camila observava, silenciosa, que os dois ainda não sabiam que Camila estava prestes a partir. Se algum dia descobrissem, nem imaginava como ficariam.
Ela parecia hesitar, prestes a dizer algo, mas Camila rapidamente mudou de assunto, virando o olhar para Eduarda.
— Vocês estão...
Luís e Bruno finalmente perceberam a mudança de foco, e em seus rostos apareceu uma expressão de leve desconforto. Eles logo começaram a se explicar:
— Hoje é Natal, e Eduarda estava sozinha, então a trouxemos para passar o feriado com a gente.
— Isso, não é o que você está pensando, tentamos lhe ligar, mas você não atendeu.
Eles estavam visivelmente nervosos, e isso se devia ao fato de que, em anos anteriores, ambos disputavam para levar Camila para casa no Natal.
Um feriado tão festivo e de união significava que, ao levar uma garota para casa, ela seria reconhecida como a namorada deles.
Camila, por sua vez, não tinha muita escolha e sempre acabava indo para a casa de Luís, depois para a de Bruno.
Mas, neste ano, ambos haviam trazido Eduarda para casa.
Ela entendia o significado disso, sem precisar de palavras.
Camila não quis expor o que estava em sua mente e respondeu calmamente:
— Ah, entendi. Que bom, aproveitem o Natal. Vou voltar para arrumar minhas malas.
E, dizendo isso, ela se virou para sair, pronta para pegar o carro e ir embora.
Nesse instante, Luís e Bruno a chamaram ao mesmo tempo.
— Camila!
— Camila!