LeonardoEnquanto dançávamos, era como se o mundo tivesse desaparecido. Só existia Luísa e eu. Quando ela disse que queria ir embora, não pensei duas vezes. Guardei sua mala no carro e, antes que pudesse me controlar, a puxei para mim. Seu corpo colado ao vidro gelado, coberto pelo meu. Eu precisava dela. Precisava estar com ela. Aquela distância de três meses havia me deixado faminto por sua pele, seu toque, sua presença.Assim que chegamos em casa, fomos direto para o banho. Me ofereci para ajudá-la com o vestido e, quando comecei a despir seu corpo, notei marcas. Marcas que eu já imaginava de onde vinham. O sangue ferveu.Encostei Luísa na parede do banheiro, com a água quente caindo sobre nós. Pedi permissão para continuar o que não pudemos fazer durante o casamento. Ela estava entregue, respirando ofegante, os olhos semicerrados, os lábios entreabertos.— Leonardo, eu quero você. Eu preciso de você.— Não. Não aqui.Não porque eu não quisesse. Muito pelo contrário. Eu queria tudo
LuísaEu precisava fazer aquelas perguntas, mesmo com medo das respostas. Precisávamos confiar um no outro. Depois de pouco mais de um ano de casamento, já havíamos enfrentado muita coisa — e acredito que grande parte disso veio do fato de não termos namorado antes, de não termos tido tempo suficiente para nos conhecermos fora do contrato. Mas, pensando bem, se não fosse aquele acordo, talvez nossos caminhos nunca tivessem se cruzado de verdade.A conversa com a Helena também me ajudou a enxergar que o que houve entre os dois realmente havia acabado. E isso me confortava mais do que eu gostaria de admitir.Mesmo insegura por achar que não era capaz de proporcionar tudo o que ele gostava, fiquei feliz ao ouvir que sentia prazer comigo. Fizemos amor até ficarmos esgotados — e como eu precisava daquilo.Na manhã seguinte, acordei, fiz minha higiene e voltei para a cama. Queria aproveitar cada segundo ao lado dele.— Fica aqui, por favor.— Eu preciso muito levantar.Ele se levantou e eu
Leonardo Estacionei o carro um pouco à frente da sorveteria. Peguei minha carteira no banco do passageiro, desliguei o motor e saí, com o sorriso ainda preso no rosto. Luísa estava radiante — o dia tinha sido leve, feliz, do jeito que ela merecia. E se ela estava bem, eu também estava.Caminhei em direção à sorveteria, mas bastou alguns passos para que o ar ao meu redor começasse a pesar. Meu olhar encontrou a única cena capaz de destruir aquela paz em segundos.Ele estava ali. De novo. Aquela sombra insistente no nosso caminho.Luísa tentava se afastar, claramente desconfortável, mas ele se aproximava demais, gesticulava, falava algo que não consegui ouvir de imediato. O peito apertou. A raiva subiu num impulso quente. Não era possível que ele estivesse em todos os lugares. Como um vírus. Uma praga.Acelerei os passos.— Você acha que ela é santa? — ele disse alto, quando me aproximei. — Acha mesmo que ela te ama? Ela me procura, fica sozinha comigo... — e então, como se quisesse me
LuísaApesar de tudo que aconteceu no domingo, a semana foi surpreendentemente leve. Talvez por saber que Leonardo estava cuidando de tudo, com aquele jeito calmo e firme que me dava segurança. Ele evitava me sobrecarregar com detalhes, e eu sabia que, no fundo, era pra me proteger.No sábado, resolvi almoçar com meus pais. Já fazia um tempo que não aparecia por lá… e foi como respirar fundo depois de prender o ar por dias. A comida, o cheiro da casa.. Acho que eu precisava mesmo daquele lugar.Minha mãe me olhou com atenção assim que cheguei, os olhos percorrendo meu rosto, meus ombros, como se procurasse por algo escondido em mim.— Como você está, filha? — perguntou com aquele tom cheio de afeto e intuição. — Você tá mais magra… não tem se alimentado direito?— Ah, mãe… — sorri de leve, puxando uma cadeira e me sentando à mesa. — Tô bem, de verdade. A semana foi tranquila. Tenho tentado comer direitinho, prometo. Só… às vezes esqueço, sabe?— Você anda trabalhando demais?— Um pouc
LeonardoDeixei Luísa na casa dos pais dela e voltei para casa sem dar muitos detalhes. Apenas disse que precisava resolver algumas coisas. Não queria preocupá-la, não com isso.Voltar para casa foi o primeiro passo. Eu sabia exatamente o que precisava fazer, e tudo começava por reunir provas sólidas, sem deixar brechas.Na segunda-feira, entrei em contato com o gerente da sorveteria. Me apresentei formalmente, disse que precisava das imagens das câmeras de segurança do dia em que estivemos lá — a presença dele, a tentativa de provocação, tudo. Como advogado, eu sabia como pedir sem levantar desconfiança, e o gerente, após confirmar a data, me entregou uma cópia dos vídeos em um pendrive. Aquilo já era mais do que suficiente para mostrar que ele estava nos seguindo.Em seguida, fui até a loja onde Luísa o viu pela primeira vez. Pedi as gravações daquele dia e expliquei que era para fins de segurança. Não precisei inventar muita coisa — a gravação mostrava claramente ela tentando evitá
LuísaNaquela semana, me concentrei no trabalho e nos meus projetos da pós-graduação. Eu estava voltando a me sentir animada, como se as coisas estivessem, pouco a pouco, voltando ao lugar. Em casa, tudo corria bem. Às vezes eu percebia Leonardo mais sério, mais introspectivo — principalmente quando ele estava em seu escritório, concentrado demais. Mas, como casal, sentia que estávamos firmes. E isso me trazia paz.Na sexta-feira, resolvi fazer uma pequena surpresa pra ele. Pela manhã, pedi que me levasse ao trabalho, fingindo que era só por conveniência. Ele, como sempre, foi gentil.Durante o dia, finalizei algumas pendências, e quando deu três e meia, fui até o banheiro da empresa. Soltei um pouco o cabelo, retoquei a maquiagem e ajeitei a blusa — só queria estar bonita pra ele. Peguei minhas coisas, pedi um carro por aplicativo e fui direto para a empresa do meu pai. Queria encontrá-lo no fim do expediente, surpreendê-lo.Chegando lá, subi como de costume e fui até a sala do meu p
LuisaÀs 06h30 o relógio despertou, era segunda-feira, eu estava naquela preguiça de final de semana, mas eu precisava levantar. Me espreguicei, passei a mão no rosto e finalmente levantei, fui ao banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes, fiz um rabo de cavalo nos cabelos, passei hidratante e protetor, coloquei minha roupa de academia, coloquei o tênis e sai. Essa era minha rotina da manhã. Eu amava me cuidar, me olhar no espelho e me sentir bonita, claro que também havia a parte da saúde, era um momento onde podia escutar minhas músicas, organizar meus pensamentos e muitas vezes não pensar em nada.Era 08h00 quando cheguei em casa, lavei as mãos, fiz uma vitamina de abacate e precisava me arrumar para ir trabalhar. Tomei um banho, lavei o cabelo, sequei, coloquei uma calça preta, um scarpin preto, uma blusa azul marinho, fiz uma maquiagem básica para o dia a dia, peguei minha bolsa e saí de casa. Normalmente levava 45 minutos até o trabalho, eu amava o que fazia, era Design de inte
LeonardoFazia uma semana que eu havia voltado de viagem, passei 2 anos no Canadá, fiz uma especialização em direito internacional, queria melhorar meu inglês, e viver novas experiências. Quando me formei em direito, comecei a trabalhar na empresa da minha família, eu amava a área, mas sempre senti que eu precisava de mais, eu queria o mundo. Morar fora me trouxe experiência, conheci novas pessoas, amadureci, mas também perdi Helena.Nos conhecemos na escola, moramos no mesmo condomínio, mas só nos conhecemos na escola, ela sempre foi uma menina linda, cabelos castanhos,lisos, uma pele morena, o sorriso era maravilhoso, namoramos por 3 anos, mas antes disso, fomos muito amigos e claro, acabamos ficando várias vezes, antes de eu pedir ela em namoro. Eu era apaixonado.Helena era apaixonada por direito assim como eu, estudamos na mesma universidade, dividimos apartamento diversas vezes, nosso relacionamento era bom, levo, gostoso, mas acabou, não teve briga, não teve drama, apenas uma d