Capítulo 4

— Venha querida. — Allison pediu pegando na mão de Melissa e subindo as escadas de volta com ela para o quarto. 

Baixei a cabeça e me deitei no chão, onde comecei a chorar sem parar. Que tipo de pessoa eu me transformei? Antes eu era um pai de família, casado, feliz. Me dava bem com minha família e agora virei um bêbado nojento que desrespeita tudo e a todos, um verdadeiro lixo humano. 

— Venha filho. Você precisa de um banho. — Christopher se agachou e estendeu a mão em direção a mim. 

— Vai ficar tudo bem, filho. — ouvi Ellie dizer entre soluços. Minha mãe está chorando e por minha culpa. Peguei na mão do meu pai que me ajudou a levantar. Depois, me apoiei nele que subiu as escadas comigo e me levou até o quarto. Entramos lá e ele fechou a porta. 

— Consegue tomar banho sozinho? — ele me perguntou e me senti humilhado pelo jeito que estou. 

— Sim. — respondi cabisbaixo, ouvindo os passos dele saindo do quarto e encostando a porta. Tirei toda a minha roupa e fui tomar um banho. 

Fiquei um bom tempo no chuveiro e em seguida, me sequei e me vesti colocando uma bermuda, uma camiseta azul e me deitei na cama, onde adormeci. Algum tempo depois, ouvi batidas na porta do meu quarto. Minha ressaca está tão forte que só as batidas na porta já fazem minha cabeça estourar de dor. 

— Entra. — falei e a porta se abriu. Era Ellie que entrou no quarto com uma xicará de café nas mãos. 

— Toma isso, filho. Vai te fazer bem. — ela me entregou a xícara e me ajeitei na cama. 

— Obrigado. — respondi tomando um gole daquele amargo café. Ela se sentou na beira da cama e me olhou.  

— Seu pai está muito abalado com o que aconteceu. Tenho certeza de que ele não queria ter feito aquilo. — Ela suspira. 

— Eu mereci. — falei tomando mais um pouco de café. — Ele fez o que era certo. — admiti ainda envergonhado. — Daqui a pouco irei pedir desculpas para ele. — falei e ela sorriu lindamente para mim, se levantou e beijou a minha testa. 

— Descanse, meu amor. — disse carinhosa e saiu do quarto. Dei um sorriso de canto de boca e assim que terminei meu café, fui até o escritório onde meu pai está. Bati na porta e entrei. Ele me olhou, mas nada disse.  

— Não iríamos ter uma reunião com os empresários de Seattle?

— Sim e tivemos. — ele larga os papéis que estava lendo e me olhou, enquanto me sentei. — Aaron foi no seu lugar. 

Aaron trabalha na empresa da família e é meu melhor amigo. Crescemos juntos e por isso, tenho um carinho enorme por ele. 

— Christopher, eu... — engoli em seco. — Me desculpa, de verdade. Estou muito arrependido pelo modo como tratei você mais cedo. 

— Eu também não queria ter te dado aquele soco e...

— Não. — o interrompi. — Eu mereci aquele soco porque fui um imbecil. Foi você quem me criou e me ensinou tudo o que sei e por mais que não pareça nos últimos tempos, sou muito grato por isso. — falei e o vi sorrir. 

— Já falou com a Mel? Ela ficou muito assustada com a nossa briga. Allison disse que ela teve uma crise. Foi bem difícil acalma-la. 

— Ainda não tive coragem de falar com ela. Estou muito envergonhado do que fiz e estou procurando coragem para ir até ela me desculpar. 

— Está bem, filho. Olha, deixa para ir a empresa amanhã. Vá descansar, você precisa dormir mais. A noite mando te acordarem para o jantar. — sugeriu e me levantei. 

— Está bem, Christopher. Até mais tarde. — concordei saindo do escritório e indo até o quarto onde apaguei completamente. 

(...)

— Por quê está com essa carinha, Allison? — Ellie perguntou, olhando para minha irmã que estava sentada ao meu lado. Allison é minha única parente de sangue e eu a amo muito. Ela é estudante de psicologia e é uma ótima pessoa. Sempre fomos muito próximos. Estávamos na mesa de jantar e minha irmã mal tinha tocado na comida e estava calada. Justo ela que é uma matraca? Isso é no mínimo, estranho. 

— Estou triste por uma amiga, mãe. Ela se meteu em um monte de roubadas e agora está aqui na cidade. Ela disse que queria fazer algo para passar o tempo, mas nem emprego tem, coitada. 

— Filha, por acaso sua amiga tem experiência com crianças especiais? — minha mãe perguntou e olhou para mim. Já sei onde ela quer chegar. 

— A Bella leva bastante jeito com crianças pelo que sei. Até ajudou a criar os primos dela. — respondeu animada e começou a comer. — E um dos primos dela tinha sindrome de Down, então com certeza ela sabe lidar com crianças especiais. 

Então Bella é o nome dessa garota. Derivado de Isabella, claro. Será que esse apelido faz juz à ela? Será que é tão bela assim?

— Então está resolvido. Sua amiga já tem um emprego. Ela será preceptora da Melissa. Provisóriamente, pelo menos até eu encontrar um profissional gabaritado para isso. — Ellie afirmou sorrindo. 

— Esperem. — falei e todos olharam para mim. Eu andava tão calado nos últimos tempos que quando eu abria a boca, todos ficavam surpresos. — Vocês nem conhecem essa garota direito e já querem coloca-la para trabalhar aqui? — perguntei chocado. — É da minha filha que vocês estão falando. Eu acho que tenho direito de opinar, pelo menos. — ironizei tomando um gole de suco. 

— Isso maninho, reage! — Allison exclamou. — Mostra que ainda tem algum sangue correndo pelas suas veias. — revirei os olhos. — A Bella é minha melhor amiga virtual. E quando viajei para a Califórnia anos atrás, a conheci pessoalmente. Garanto que ela é de confiança. — afirmou. — Aliás, ela é filha do chefe de polícia dessa cidade. Jamais colocaria a segurança da minha sobrinha em risco. Assim você até me ofende, Nick.

— Desculpe. — voltei a me calar. 

— Você devia usar essa desconfiança para investigar aquele acidente da Sophie, isso sim. — ela jogou a indireta e eu não rebati. Sei que ela pode até estar certa.

— Então está resolvido. A tal de Bella virá trabalhar aqui. Provisóriamente, mas irá. — Christopher deu a última palavra e todos, menos eu, brindaram satisfeitos. Depois do jantar, passei no quarto da Mel que já estava adormecida, dei um beijo em sua testa e fui para meu quarto dormir. 

(...)

Já havia amanhecido. Me levantei, fiz minhas higienes e tomei banho. Em seguida, vesti uma camisa social branca, uma calça social preta e um terno preto. Aparei minha barba e ajeitei meu cabelo. Em seguida, peguei minha maleta e saí do quarto. Acho que todos estão dormindo ou estão no jardim, pois a casa eatá muito quieta. Suspirei e desci as escadas até a sala de estar. Eu sei que devia tomar um café antes de ir, mas estou sem fome. 

Ao invés disso, resolvi acender um cigarro. Peguei o maço de cigarros, meu isqueiro e o acendi. Em seguida, dei a primeira tragada. Foi quando ouvi batidas na porta. Olhei para o lado e como nenhuma empregada apareceu, eu mesmo vou abrir a porta. Foi então que me deparei com uma garota. E não é que é a mesma com a qual falei ontem de madrugada? A garota de programa. A menina arrogante, que me respondeu ao pé da letra e tentou até me dar lição de moral. 

— Aqui é a casa da Allison Preston? — ela pergunta sem olhar para mim, enquanto tirei o cigarro da boca. Mas quando ela me olhou, arregalou os olhos quase tão surpresa quanto eu. 

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