Henrique Fleyr
Meus dias são muito agitados...sempre com muitas reuniões, almoços, bailes, e quase nunca paro para ter um tempo que seja só meu. Isso é quase impossível, tudo a minha volta cheira a trabalho e mais trabalho. E mesmo quando estou em algum evento, o que me rodeia, é problemas. - Já faz dois dias que perdi minha carteira, depois de um almoço em um restaurante. Com a quantidade de dinheiro que tinha, já imaginava que não iria encontra-la. Mas estava esperançoso pelos documentos e cartões. - Chefe, até o momento ninguem utilizou nenhum cartão. Talvez... - Para de ser esperançoso com coisas tolas. Providencie tudo novamente! - Disse eu olhando para Pedro enquanto me sentava na cadeira. - Precisa de algo mais? - Um café! Mas, pode pedir para a Nina trazer. - Disse eu olha a tela do computador enquanto meu assistente saia da sala. - Droga...Ahhh! - Disse eu tentando me concentrar. Enquanto me perdia em tantos números, meu telefone tocou. Parei e sem olhar atende-o. - Sim! - Oi...- Disse uma voz meiga do outro lado da linha. - Oi!- Disse eu com meu tom de voz grosseiro. - Meu nome é Katty...é Katty Mely. Acabei de encontrar sua carteira. - Está brincando? - Não! - Disse ela mais séria. - Estou dizendo a verdade. - Meus documentos ainda estão dentro dela? - Sim! Por isso te liguei. Trabalha na empresa New Technology? - Ah...Sim! Trabalho sim! Como sabe? - É que tinha um cartão dentro da empresa... - Ok! - Estou perto da empresa, é só você descer que lhe entrego. - Claro! Te espero na recepção. - Estarei com um sobretudo marrom... - Não tenho palavras para te agradecer! - Disse eu enquanto ela desligava o telefone. Eu sou o cara mais rico do mundo atualmente! Tudo gira em torno de mim, desde a economia, moda, política... Hoje, o que está tirando minha paciência, é o fato de não estar casado. Pois é, ser rico e poderoso tem muitas vantagens, mas não tantas se o conselho da sua própria empresa acha que você precisa se casar para trazer mais estabilidade para os negócios. Já faz um ano que estão me infernizando com essas coisas. Isso é terrível! É insuportável me sentir pressionado... A verdade, é que isso só piorou depois de tantas idas e vindas com minha ex namorada, a Ellizabeth Mour. Ela não aceita que ainda não a pedi em casamento, depois de seis anos namorando. - Chefe? - Disse Pedro abrindo a porta.- Já deu a hora do almoço com o governador. - Não acredito que deixei você agendar isso...- Disse eu pegando minha bolsa e arrumando o terno antes de sair. - A moça já veio entregar a minha carteira? - Acho que não! - Disse ele me fazendo revirar os olhos.- Na verdade, acabei esquecendo disso. Vou ligar lá para saber. - Deixa, lá em baixo avise que ela vira e peça para que recolham e dei o que tiver de dinheiro como recompensa. - Sim senhor! Katty Mely Hoje pela manhã acordei cedo e corri para o hospital. Meus exames finalmente ficaram prontos, e para minha alegria, o médico podia me atender logo cedo. Enquanto esperava o doutor Fred Mayer me chamar, parei em frente a janela e fiquei ali vendo o tempo passar diante dos meus olhos. Até porque, tempo eu tenho... Logo, a porta do consultório se abriu e o doutor apareceu, se aproximou lentamente e disse: - Podemos conversar? - Doutor...- Disse eu ainda admirando o tempo chuvoso. - Vamos para o consultório? - Vamos!- Disse eu virando o rosto lentamente ao me despedir daquela vista.- O frio está chegando... - Está sim...Esse ano vai ser muito gelado!- Disse o doutor abrindo a porta.- Fique a vontade!... Sai do consultório e dei de cara com minha amiga, Magge: - Katty...Me atrasei. Já passou no médico? - Oi Magge, não se preocupe... - O que o médico disse? - Nada,...exames todos normais. - Disse eu olhando para a escada antes de pisar no primeiro degrau. - Aii, que bom! Graça a Deus! - Disse ela exclamando com muito fervor. - Quer almoçar na praça? Descobri um trailer que serve um lanche maravilhoso. - Como é o nome do cara? - Que cara? - Magge?! Você não me engana... - Só vamos lá...- Disse ela tentando me enganar. Mas a olhei fixamente não deixando brecha para ser iludida. - Arthur!- Disse ela abaixando os olhos.- Ele é super legal...você vai ver! - Revirei os olhos e seguimos. A chuva já havia cessado, e a aura do ambiente estava fria, como tudo o que estava sentindo. Minha mente estava a mil...tanta coisa ao mesmo tempo. Ai! Comemos um donuts e seguimos em caminhos diferentes. Seattle está cada vez mais distante do que escolhi para morar... Caminhei um pouco pela praça e me distrai, vendo a paisagem que vejo desde que nasci. Até que senti algo de baixo dos meus pés...Desviei meus olhos bruscamente da paisagem para olhar no que estava pisando, e vi uma carteira. Abaixei-me para pegar e abri. Dentro da carteira tinha muito dinheiro. Não é algo, que conseguimos juntar rapidamente. Peguei a carteira de motorista e vi o nome...Henrique Fleyr. Tinha o endereço e um cartão de uma empresa de tecnologia, que por acaso ficava ali próximo de onde eu estava. Resolvi devolve-la... Primeiro liguei e em seguida, fui em direção à empresa. Passei pela porta giratória, entrei e fui até o balcão da recepção. - Bom dia! Tem hora agendada? - Disse uma moça morena, toda arrumada, cujo nome do crachá dizia Hanna. - Não! Eu vim falar com o Henrique...- Disse eu abrindo a carteira...- Fleyr. Henrique Fleyr! - A senhora está brincando? - Não! Eu acabei de falar com ele por telefone, ele disse que me encontraria aqui. Pode avisar que cheguei! - Moça, é melhor se retirar! - Eu só vim devolver a carteira dele! Só isso! É só perguntar se posso deixar a carteira aqui e vou embora. - Ah! - Disse a moça revirando os olhos. - Eu não estou achando graça. - Você tem noção do tanto de gente que já tentou falar com ele por qualquer motivo?!- Disse ela se levantando.- SEGURANÇA!- Gritou a mulher. - Não precisa de segurança...Não precisa disso... - Acho melhor você ir embora! - Moça,...Hanna...eu posso deixar a carteira aqui, você entrega para ele...- O segurança se aproximou e começou a me intimidar. - Está cada dia mais difícil ser honesta! - Disse eu olhando para a moça e me sentindo intimidada pelo segurança. Um homem branco de um e noventa. - Melhor ir embora!- Disse ele. Estiquei a mão com a carteira para mostrar que não era mentira. Mas acho que ele se assustou e me empurrou, fazendo-me cair no chão. - O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?! - Gritou uma voz forte e poderosa vindo de sei lá onde, já que não conseguia ver por causa do segurança. - Senhor Fleyr? - Disse o segurança. - Senhor, está senhorita estava importunando e atrapalhando a movimentação aqui na recepção. - Não falei com você! - Disse o homem mais rispidamente. Ele veio dando passos firmes e enfurecidos e me levantou do chão. Seus olhos verdes, me mostraram um lado lindo do paraíso. Ele me deu um sorriso discreto, como forma de desculpas. Cabelos pretos bem alinhados e barbas bem feitas. Alto de um e oitenta, forte, terno azul marinho, camiseta azul claro e gravata azul marinho. Rolex no braço e três aneis nas mãos, dois na mão direita e um na mão esquerda. - Senhor, essa moça está querendo subir a todo custo. - Isso é mentira! - Disse eu arrumando minha roupa. - Eu disse que só queria entregar a carteira para o Henrique Fleyr, e vocês si quer tentaram pega-lá para entregar a ele. - Sinto muito, que tenham te tratado assim! - Ela não pode chegar na empresa e achar que vai conseguir falar com o dono. - Disse a moça saindo do balcão. - O senhor é o dono? - Disse eu me sentindo envergonhada. - Eu não sabia! - O erro foi todo meu! Eu deveria ter comunicado a recepção de sua vinda, mas acabei me esquecendo. - Não importa mais! Aqui está a sua carteira! - Disse eu pegando a carteira do chão e entregando para ele. Ele pegou a carteira e me olhou nos olhos. - Não tenho como agradecer você pelo que fez! E também não tem como lhe pedir desculpa pelo que fizeram a você hoje! - Disse ele olhando dentro da carteira e vendo que estava tudo certo. Ele tirou uma quantia em dinheiro e disse- Aqui está, primeiro para agradecer por ser honesta e segundo para recompensar pelo transtorno... - Não precisa! - Eu só quero que aceite! É meu mais sincero pedido de desculpas. E te dou minha palavra de que cuidarei pessoalmente dos meus funcionários. - O que é certo e certo, não importa se iria me agradecer ou não por isso. Não vim aqui por recompensa! - Tenho o direito de ficar grato, pela sua ajuda! - Olha, se me dá licença, preciso ir para o meu serviço. E agora, preciso trocar de roupa. - Aceite para pelo menos poder recompensar você pelo seu tempo, e pela roupas sujas. - Está tudo bem! Só tente fazer com que seus funcionários tratem bem as pessoas. - Nos tratamos bem as pessoas! - Disse Hanna. - Chefe, eu achei que era uma prost***** ou uma golpista, paparazzi. Qualquer coisa, menos que estivesse falando a verdade. - Eu vou ir embora...Seus funcionários deveria pelo menos reconhecer o erro e pedir desculpas. - Disse eu apontando o dedo para Henrique. - Tudo bem! Mas eles só estavam fazendo o trabalho deles! - Disse Henrique. - Então o trabalho deles é maltratar e agradir as pessoas? - Não foi isso que eu disse! - Ahh! Quer dizer vocês ricos acham que podem fazer as coisas do jeito que bem entendem, no final é só dar qualquer valor em dinheiro e está tudo certo. Por que não avisou que eu viria? Aí, você acha que esse dinheiro vai recompensar o que eles fizeram comigo? Eles me empurraram e me chamaram de coisas terríveis, ainda...- Acho que já deu! Você tem sua carteira e eu já cumpri meu objetivo. - Acho melhor você ir! Melhor aproveitar enquanto me sinto grato pelo que fez.- Disse Henrique. - Não preciso da sua gratidão! - Você deve estar brincando! - Disse ele respirando fundo. Me abaixei, peguei minha bolsa e saí. A verdade é que estou sem paciência...