5. Capítulo

"Por acaso, seu olhar reparou na garota de cabelos negros que parecia alheia a tudo ou talvez soubesse simular que não tinha presenciado nada. Mas, obviamente, ela tinha. Ele não a conhecia, embora algo em seu interior lhe dissesse que tinha visto aquele olhar em algum outro lugar, mas naquele momento o que mais importava era se livrar das ideias absurdas de seu pai, e não em quão familiar a garota lhe parecia.

- Então, me diga qual é essa razão - apressou o Sr. Jones olhando para ele expectante. - Não vou acreditar até ter provas disso.

Ele se aproximou da jovem que estava prestes a sair do escritório e a tomou pelos ombros. Seria atrevido da sua parte colocar sua mão na cintura da garota que o observava com a mesma confusão de seu pai. Talvez estivesse sendo impulsivo, mas para situações como essas tinha pouco tempo para idear algo melhor em sua cabeça e não parava para pensar nas consequências.

- O que você está fazendo? - tentou saber Madison, mas não recebeu resposta dele.

- Ela é a mulher que eu amo, pai.

- O que?! - soltaram ambos ao mesmo tempo.

Seu pai não acreditava no que seus ouvidos estavam ouvindo, parecia-lhe descabido. Por outro lado, a garota tinha o rosto desencaixado e não podia processar o que estava acontecendo.

- É verdade o que ele está dizendo? - perguntou a garota, consternada.

Olhou para ela espantado.

- Não! Claro que não é...

- Querida, não tenha medo - sua oração ficou em suspenso ao sentir o toque de dedos em sua cintura, fazendo-a tensionar. - Este momento ia chegar algum dia e aconteça o que acontecer, estarei com você. Estou cansado de esconder o nosso amor.

Seus olhos verdes se fixaram nos da garota, que piscou atônita.

Madison não entendia por que aquele sujeito de repente agia daquela forma e havia armado todo um drama do qual não tinha ideia e estava envolvida.

- Podem me explicar o que está acontecendo?! - perguntou o Sr. Jones batendo na mesa com o punho.

- O que está acontecendo é que eu amo esta mulher e por isso não posso me casar com outra. Não espero que você entenda, pai, mas peço por favor que não se oponha ao meu amor por... Madison - leu rapidamente o nome em sua pasta.

Ela ainda estava perplexa. O Sr. Jones não acreditava e seu filho não permitiu mais uma palavra, nem mesmo à jovem que estava prestes a refutar, quando já havia tomado a mão de Madison e a arrastado para fora do escritório."

Depois de um tempo, o pequeno havia adormecido novamente, permitindo que ela terminasse de preparar o almoço. Ela sorriu satisfeita com o delicioso cheiro que a comida exalava, com certeza Matt iria adorar. E de repente, como se o tivesse invocado, a campainha tocou anunciando a chegada do amigo.

- Olá, Madi - ele disse assim que a garota abriu a porta.

Seus olhos brilharam ao vê-la.

- Matt - ela respondeu ao mesmo tempo em que plantava um beijo em sua bochecha coberta por sua barba incipiente. - Você ainda não cortou, não vai cortar, vai?

- Você está insinuando que fica ruim em mim?

Madison sufocou uma risadinha enquanto negava divertida. Eles atravessaram a sala e se sentaram na sala de jantar deixando um lugar vago entre eles, uma distância que parecia desnecessária para o castanho, mas ele não comentou nada sobre isso.

- Acho que será bom para seus negócios, você atrairá garotas - ela piscou para ele com coqueteria.

Matt bufou em resposta, mas achou engraçado o comentário da jovem que se dedicou a servir a comida.

- Como está Natt? - ele perguntou sobre a visita ao pediatra.

- Ele ganhou peso, o médico disse que ele é um bebê saudável, mas recomendou vitaminas em pequenas quantidades para o funcionamento do organismo - ela mencionou cortando um pedaço de carne e levando à boca.

- Fico feliz que ele esteja bem, ele é um bebê forte e saudável. Você fez um bom trabalho, hein - a jovem sorriu.

Cada vez que ouvia esses tipos de comentários, ela se sentia animada. Porque ela tinha duvidado de seu papel como mãe, mesmo quando se esforçou. Mas ela percebeu que a melhor decisão de sua vida foi seguir em frente, mesmo que seus pais tivessem virado as costas para ela. Ela aprendeu a valorizar muito mais o apoio de seus dois únicos amigos que a incentivaram a não desistir todos os dias.

No entanto, ela gostaria que seus pais estivessem lá com ela, dando amor ao seu neto. Mas isso estava muito longe da realidade...

- Vamos comer, a comida vai esfriar - disse ela percebendo o rumo de seus pensamentos.

- Vejo que você se esforçou, espero que esteja tão deliciosa quanto cheira - brincou Matt percebendo a tristeza passar pelo rosto da jovem.

- Fiz o melhor que pude, não reclame - advertiu com o olhar.

O castanho franziu os olhos duvidando de suas palavras, mas mudou de expressão ao comprovar que ela dizia a verdade. Aquele pedaço de carne estava delicioso!

- Uau, tenho que dizer que você melhorou muito. Isso está... humm, não tenho palavras para descrever - devorou a comida num piscar de olhos.

- Quer mais um prato?

- Não posso recusar - encolheu os ombros e a jovem foi buscar mais comida.

Depois de um tempo, ambos decidiram assistir a um filme enquanto esperavam o bolo de chocolate que estava assando ficar pronto. Madison apareceu com o pequeno Natt vestindo um traje de marinheiro, presente da tia Kenia.

- Olha que campeão lindo - disse Matt derretendo-se pela ternura do pequeno. - Ele é tão lindo.

O castanho o ansiava com amor em seus olhos, a semelhança com sua mãe era evidente, tinha o cabelo negro como azeviche e era tão rabugento quanto sua mãe. Para dizer a verdade, ele devia se parecer mais com seu pai ausente, um homem que nem sequer conhecia ou sabia o nome. Madison nunca havia falado sobre isso e sempre evitava o assunto, mas ela intuía que aquele homem apareceria em suas vidas algum dia, e embora desejasse o melhor para sua amiga e seu filho, por outro lado havia aqueles sentimentos que nunca havia confessado em voz alta.

Suspirou profundamente ao verificar a hora em seu Rolex. Era hora de voltar para o bar se não quisesse ter problemas com seu primo Dylan.

- Eu tenho que ir - ele se levantou da cadeira e a jovem imitou - Obrigado pela comida, fiquei satisfeito.

- Espere, você não espera pela sobremesa?

- Vai ficar tarde para mim... - fez uma careta.

A jovem assentiu compreendendo a pressa do castanho, então não insistiu.

- Vou guardar uma grande porção para você - prometeu se despedindo de seu amigo - Cuide-se.

- Me ligue se precisar de alguma coisa - plantou um beijo na bochecha de ambos e saiu do apartamento.

Madison entrou no apartamento agora que estava sozinha com seu bebê, a residência onde morava contava com segurança e lhe oferecia proteção. No entanto, ao não ter a companhia de Kenia, ela se sentia estranha.

Ela se sentou no sofá, acomodando seu filho em seu colo, e pegou o controle remoto ligando a televisão. Na tela, a imagem de um homem importante foi projetada, que apesar de saber que não o conhecia, estranhamente parecia familiar.

Nickolas Jones. Esse era o nome daquele empresário cobiçado pelas mulheres que, segundo a repórter do programa, estavam atentas à vida privada do CEO. Sem ter nenhum interesse na informação que considerava irrelevante, mudou de canal deixando um filme animado que estava passando.

"Saí do elevador assim que as portas de metal se abriram, apressando o passo em direção ao escritório indicado pela recepcionista ruiva, Madison estava indo com os nervos à flor da pele. O último andar daquele imponente prédio era o décimo, onde ficava o escritório do Sr. Jones. Ao perceber a chegada da garota, Jennifer se levantou de sua mesa e sorriu para as outras jovens interessadas em estágios.

'Eu vou ligar para cada uma de vocês e pedir que se apresentem no escritório do chefe. Ele vai pedir suas informações pessoais e fazer algumas perguntas a respeito, certo?'

Todas concordaram, exceto a jovem Madison que estava perdida em seus pensamentos inquietantes. Ela não se sentia segura de ter vindo, mas Kenia insistiu que ela pelo menos tentasse e ela não tinha escolha a não ser ceder à sua amiga. A empresa era bastante reconhecida, na verdade havia ganhado o prêmio de melhor indústria automotiva por cinco anos consecutivos. Nathan Jones era o presidente e conquistava a maior parte dos sucessos alcançados e agora seu filho seguia seus passos.

Ela sentiu seu celular vibrar em sua bolsa, pegou-o e leu o nome de sua amiga na tela, então se alarmou e rapidamente atendeu a chamada.

'Que aconteceu, Natt está bem?' foram as primeiras palavras que saíram de sua boca.

'Sim, não se preocupe. Eu só estava ligando para saber onde você deixou a leitura... Ah, já consegui, esquece', a jovem suspirou aliviada.

Não é que ela não confiasse em Kenia quando ela ficava responsável pelo seu filho pequeno, mas era inevitável não imaginar que algo ruim pudesse acontecer com ele, que estava indefeso diante do mundo.

'Tudo bem, me avisa se...'

'Se Natt começar a chorar, sim, fique tranquila. Eu sei cuidar de um bebê, Madison', ela havia repetido a mesma coisa mil vezes antes de sair de casa. 'Não se preocupe, ele está são e salvo com a tia Kenia, não é mesmo, querido?'

A jovem sorriu ao ouvir os balbucios ininteligíveis de seu pequeno filho, sentindo seu coração palpitar de emoção toda vez que o ouvia.

'Nós falamos mais tarde', ela encerrou a chamada ao ver a última garota sair do escritório com uma expressão que ela não soube decifrar, mas era tudo menos emoção.

'Senhorita Liberman', ouviu a recepcionista dizer enquanto a olhava da porta. 'Por favor, entre.'

'Ah, sim...' ela se levantou abruptamente e caminhou desajeitadamente em sua direção."

"Tomou uma respiração profunda e se armou de coragem antes de entrar no escritório. Um homem mais velho estava atrás da mesa com uma expressão séria e imponente que não fez mais do que deixar a jovem nervosa.

'Bom dia', gesticulou chamando sua atenção.

'Bom dia. Sente-se, por favor', indicou sem soar exigente.

Ele não queria assustá-la como as últimas três garotas que saíram correndo de seu escritório. Nathan Jones era conhecido por ser um homem despótico e apático, difícil de agradar quando se tratava de trabalho.

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