— Socorro! Alguém caiu da escada! — Alguém gritou. Logo em seguida, uma multidão começou a se formar ao redor.
Antes de fechar os olhos, Lorena viu Gabriel e os amigos dele, todos se afastando como se nada tivesse acontecido. Ao notarem a confusão, lançaram apenas um olhar rápido em direção à cena, mas continuaram andando. Como poderiam imaginar que a pessoa cercada pela multidão era a própria Lorena, que já estava inconsciente?
Quando Lorena acordou, estava no hospital.
Uma enfermeira estava trocando os curativos dela:
— Você acordou?
— Por que estou aqui? — Perguntou Lorena.
— Ah, você teve uma queda de glicose e desmaiou. Foi um estranho que te trouxe até aqui, mas ele já foi embora. Qual o telefone de alguém da sua família? Posso ligar para avisar.
— Não precisa.
Lorena balançou a cabeça, enquanto o nome Gabriel ecoava em sua mente com um misto de nojo e desprezo.
Com passos pesados, ela saiu do quarto em direção ao guichê de pagamento. Não tinha andado muito quando ouviu duas enfermeiras conversando animadamente:
— Você ficou sabendo? Hoje de madrugada trouxeram um casal aqui... dizem que estavam transando numa cabine de bar, caíram do sofá e ainda quebraram uma garrafa de cerveja. Ficaram todos cortados!
— Vi sim! Que cena, hein? Foi uma loucura! Nunca pensei que a galera de hoje em dia fosse tão... criativa.
— O cara ainda me pareceu familiar, acho que já apareceu na TV.
— É verdade, tem cara de famoso! Acho que o nome dele é Gabriel...
Os passos de Lorena pararam de repente. Ela nem teve tempo de processar o choque da notícia quando viu, ao longe, duas silhuetas familiares se aproximando.
As enfermeiras, ao notarem quem vinha, rapidamente baixaram a cabeça e se afastaram.
— São eles! — Murmurou uma delas. — Bonitos, mas olha só o tipo de coisa que fazem...
Lorena sentiu as pernas ficarem pesadas como chumbo. Não conseguia mais se mover. Foi então que Gabriel também a viu. Ao reconhecê-la, ele imediatamente soltou o braço de Helena, que estava apoiada nele.
— Lorena? O que você está fazendo aqui? — Gabriel correu em sua direção, visivelmente preocupado. Ele a olhou de cima a baixo, os olhos cheios de apreensão. — Você está pálida! Por que não me ligou?
— E você? O que está fazendo aqui com ela? — Lorena respondeu friamente, desviando-se do toque dele.
Helena, por sua vez, deu um passo à frente e estendeu a mão em direção a Lorena, com um sorriso que era ao mesmo tempo educado e provocador:
— Oi, eu sou Helena, a...
Ela arrastou a última palavra, como se estivesse esperando causar impacto, mas não disse mais nada.
Gabriel tentou consertar a situação imediatamente:
— É só uma minha amiga.
O rosto de Helena mudou de expressão, mas ela não desistiu:
— Prazer em conhecê-la, Lorena. No dia primeiro do mês que vem eu vou me casar. Espero que você possa ir.
Assim que Helena terminou de falar, o semblante de Gabriel escureceu. Seus olhos, agora intensos e ameaçadores, se voltaram para ela:
— Helena, ela nem te conhece. Por que convidaria Lorena para o seu casamento?
— Ela não me conhece, mas conhece você. E como nós dois somos tão próximos, isso já não nos torna todos íntimos? — Helena respondeu com um ar de desafio.
O tom provocador de Helena fez Lorena sorrir. Ela então olhou para Gabriel e, com um tom calmo e quase doce, perguntou:
— Gabriel, nossa data de casamento também não era dia primeiro? Você disse que estaria ocupado naquele dia. Será que sua "ocupação" era comparecer ao casamento dela?
Gabriel ficou visivelmente nervoso, balançando a cabeça rapidamente:
— Claro que não! Esse dia é para um compromisso de trabalho. Preciso viajar para o exterior! Para com essas ideias, Lorena.
— Mesmo? — A insegurança dele era óbvia, mas Lorena já não tinha mais paciência para lidar com aquilo. — Que pena. Mas, infelizmente, também estarei ocupada nesse dia.
— Que coincidência... — Helena comentou, com um sorriso malicioso.
— Pois é, muita coincidência mesmo. Porque nesse dia também vou me casar. — Lorena respondeu, sem alterar o tom de voz.
As palavras de Lorena caíram como uma bomba. Gabriel ficou pálido, os olhos arregalados de incredulidade:
— O que você está dizendo, Lorena? Nosso casamento foi adiado, lembra?