Todos esperam para o dia do teste, um número será gravado em sua nuca ou não. Para alguns ser um sem número é a destruição de um futuro, para outros a realização de um sonho. Eris só queria ter o número certo tatuado em sua nuca, ser uma negativa assim como seus pais, ser uma Telecta e permanecer ao lado de quem tanto ama. Mas o destino tinha outros planos para ela, pela primeira vez desejou ser uma sem número. Positivos e negativos, Elementais e Telectos em uma guerra extensa, ninguém quer ficar entre eles, mas ela não teve escolha.
Ler mais~ Pov. Eris~
Meu corpo estava frio e tremia, eu não sentia as minhas pernas e muito menos meus braços, um arrepio de pânico se alastrou por minhas costas e eu abri os meus olhos de supetão apenas para ter certeza que meus membros estavam intactos. A pouca luz que entrava pela minúscula janela deixava pouca coisa a mostra, o local fedia e o chão brilhava como se estivesse molhado.
Eu estava em uma posição horrível sobre o chão e ao tentar me mover constei que não conseguiria, minhas mãos estavam presas em correntes ásperas bem acima da minha cabeça, minhas pernas estavam dobradas de um jeito estranho cujo eu não conseguiria me mover nem se quisesse. Meu corpo inteiro estava enxarcado, os cabelos molhados grudavam ao meu rosto e eu tremia, em Oncep não nevava mas era tão frio a noite capaz de matar um desprotegido, tortura.
A minha frente tinha um balde com água e se levantasse o olhar veria o vidro espelhado da porta de ferro mostrando meu verdadeiro estado, os últimos dois meses me passaram como um maldito filme antigo dando a certeza que eu não queria aceitar, eu sou uma zero. Fugir não era uma opção agora, o sangue lutava para chegar aos meus membros e a dormência demoraria a passar, ainda que eu conseguisse me soltar não daria nenhum passo sem ajuda e isso me fez tombar a cabeça em desistência.
Estava pensando nas possíveis mortes que eles podiam me proporcionar mas nenhuma delas chegava aos pés do que eu sabia que ia acontecer, eu sobrevivi demais para alguém condenado e sabia segredos preciosos de suas táticas de batalha, a palavra veio como um soco em meu estomago, dementador.
Enquanto eu me martirizava mentalmente a porta escura foi aberta sem fazer nenhum barulho, um ser tenebroso passou por ela sendo momentaneamente clareado pela luz que vinha do corredor. Normal, todos os Telectos eram, não possuímos atributos físicos além da agilidade pela pouca massa corporal. Ele fechou a porta atrás de si e deu dois passos em minha direção, se eu tivesse força revidaria um olhar ameaçador mas pela presença eu sabia exatamente quem era, o governador.
- Finalmente te achamos, Erisabella. - um tom amargo de tristeza forçada fez o ambiente pesar, mesmo com os soldados do silêncio usando suas atribuições de anulação a empatia me rebatia com gosto e isso era um bom sinal. - Fiquei preocupado com o seu... bem estar.
- Se... veio para me matar... Então faça de... uma vez... - a respiração irregular e a garganta queimando impediam que minha voz saisse tão sombria comomeu esperava.
- Te matar? Erisabella, por que eu faria isso? Você tem uma atribuição mental incrível. Eu vim aqui para lhe fazer uma proposta. - Não confio nele, eu sabia o que acontecia com os zeros, não importa se você nasceu em meio o governo a morte sempre estava a um passo. - Me ajude a destruir meus inimigos e pode voltar para a sua vida normal.
- E se eu recusar? - perguntei sussurrando, a dor se alastrava por quase todo o meu corpo e era difícil respirar. Eu não tinha escolha, era ir e morrer lutando ou ficar e morrer congelada.
- Bom, se recusar você se torna minha inimiga e sabe muito bem como eu trato os meus inimigos. - Garota tola, acha mesmo que vou te deixar viver? se eu não precisasse do seu poder a mataria agora mesmo. Uma minúsculas abertura em seu escudo me fez entrar tão rápido que eu nem precisei me esforçar para faze-lo, se for para morrer não vou deixar que aconteça enquanto luto contra pessoas que não fizeram nenhum mal a mim.
- Então... eu sou sua inimiga. - o balde de água fria foi jogado em direção a mim tão fortemente que acabei engolindo um pouvo de água, mesmo grata por isso meu corpo reclamou do ato.
- Que pena... que pena Erisabella. Bom, tem alguém aqui que pode convencer você. - ele saiu e cabelos loiros escovados passaram pela porta me analisando com pesar.
Bella, o que fizeram com você?
- Eris? Hei, sou eu. - Erion estava ajoelhado sobre a água que escorria de mim, com dificuldade levantei meu olhar para encara-lo, um sorriso de desculpas tomou seu rosto e uma sensação pesada em minhas costas se fez presente ele sentia culpa.
- A culpa... Não é sua... - me limitei a dizer guardando o pouco das minhas forças, sua mão deslizou em meu rosto e algumas lágrimas escorreram de seus olhos.
- Então é verdade, você pode saber o que eu penso e como eu me sinto. - sorriu. Vou tirar você daqui, Bella. Custe o que custar. Se levantou, os soldados já estavam a postos para retira-lo dali. Sinto sua falta, eu te a... a ligação foi quebrada rapidamente quando a porta se fechou retirando Erion para lomge de mim.
[···]
A noite já estava avançada enquanto eu tremia, meus membros estavam ficando sem oxigênio assim como meus lábios gelados, a água parecia comprimir cada psrte do meu corpo me forçando a soltar leves gemidos de dor. Eu poderia facilmente morrer de hipotermia aqui e sabia bem disso, se ao menos eu pudesse tapar a janela com algo o vento não entraria e eu poderia respirar. Olhei para todos os cantos daquela sala e não achei nada que eu pudesse usar e ainda que achasse estava fraca demais para faze-lo, a inconsciência me levando silenciosamente e alguns pensamentos rebatendo em minha cabeça como um sinal de que eu ainda estava viva mas, ainda não quer dizer que daqui a cinco minutos eu estarei.
Acorde Bella! Acorde!
Puxei o ar com todas as minhas forças quando escutei a voz de Erion, eu podia estar finalmente ficando maluca mas eu tentei acreditar que ele realmente pudesse estar aqui, Erion estava aqui. A luz na janela denunciava que daqui a duas horas iria finalmente amanhecer, me remexi de forma desconfortável tetando acha-lo em meio a tantas mentes pertubadas deste lugar.
Grite Eris, grite! Faça eles entrarem na sala.
Eu estava ficando louca, literalmente louca. Respirei fundo uma vez, duas vezes, três vezes. Querida atribuição se ainda quer permanecer aqui me ajude a fazer algo de útil! Ordenei amim mesma, eu senti algo vibrar em meu corpo e uma sensação de força repentina me tomar, tomei folego pela última vez e gritei o mais alto que eu podia, uma pressão saiu de dentro de mim dando impulso a minha voz fazendo os vidros da porta cairem em pedacinhos. Os soldados entraram na sala me sufocando com o silêncio que não durou muito, Erion entrou na sala e bateu na cabeça dos dois soldados com uma barra de ferro, pegou as chaves e abriu as correntes me segurando em seus braços.
Achei que estava ficando louca...
Eu não vou deixar isso acontecer...
Eu conseguia respirar normalmente e meu corpo estava voltando a funcionar, Erion corria pelos corredores estreitos do governo sem olhar para trás, pulei do seu colo ficando de pé para sairmos mais rápido mas ele nunca deixaria. Quando o primeiro raio de sol saiu ao nosso encontro dois olhos azuis encontraram os meus, Não olhe nos olhos dele Bella! Não faça isso! Erion estava no chão detido por soldados e ele estava a minha frente, eu tentei não olhar mas é impossível. Senti ele pemetrando minha mente e arrancando meus sentimentos um a um, arrancando a minha vida até que não restou nada de mim.
~Pov. Eris~As vezes olhava para trás, afim de ver os caminhões levantando poeira na estrada antes deserta. Temia pelos férais, mas não tanto quanto os Ilusorios. Eles podiam simplesmente nos matar em poucos segundos, eram terríveis. A voz de Luiz enquanto cantava me deixava um tanto menos preocupada, e o fato de mesmo estando próximo do anoitecer, nada parecia fora do comum. Ou seja, nada estava vindo nos atacar. Talvez, algum cataclisma esteja próximo, isso explicaria não ter nenhum feral nessas redondezas.— Tavarres quer parar para descansar... – Victor diminuiu a velocidade da moro, pareando a que estávamos para dar o comunicado.Os caminhões já estavam parando um pouco atrás. Luiz encostou por perto, e me ajudou a descer. Eu já estava toda dolorida de ter passado o dia todo sobre a moto, mas era muito melhor
~Pov. Eris~Ceifar a vida do Erion abriu um pequeno buraco negro dentro de mim, ele estava sugando lentamente tudo de bom que ainda podia existir. Foi um erro, uma maldita escolha que custou uma vida. A vida da pessoa que esteve ao meus lado boa parte dos anos. Tentei ser indiferente aquela dor, não sucumbir aquele pequeno buraco, não deixar que ele vença e, talvez eu precise lutar contra ele todos os dias da minha vida. Minha sentença. Quando Victor me deixou sozinha no quarto eu soube que era desse mesmo jeito que meu interior se sentia, escuro, frio, solitário. Não existia mais aquela parte pura em mim, eu não conseguia senti-la, deve ter sido a primeira coisa que aquele buraco levou. A experiência de ter retirado uma alma do corpo, apagado uma mente completamente funcional ainda me assusta, eu sinto como se partes do Erion quisessem tomar conta de mim. Nunca fui treinada
~Pov. Victor~Depois que Éris adormeceu eu decidi sair do quarto e verificar como andavam as coisas, Luiz e o treinador separaram todas as armas e dividiram entre os alunos. A noite já se aproximava e precisávamos seguir viagem em breve, enquanto um grupo ainda treinava i ataque com armas, o outro estava tomando banho e vestindo uniformes pesados.— Como ela está? – Luiz de aproximou, cruzando os braços sobre o peito e olhando para a frente. Sua testa enrugada mostrava o quanto estava preocupado, e não era para menos. Éris é a pessoa mais pacifista que eu conheço, tirar uma vida foi um choque muito grande para ela.— Dormindo, mas quando acordar vai precisar da gente. – ele assentiu, respirando um pouco mais fundo e soltando os braços ao lado corpo.— Você demostrou muito empatia pelo que ela estava sentindo... – eu sabia aonde
~Pov. Victor~Corremos por entre os corredores do PE a procura dos dois Elétrons descontrolados. A multidão já se aglomerava no refeitório, em tantos lugares aqui em baixo, eles tinham que fazer isso logo no refeitório?! Eu e Luiz empurramos os alunos para nós darem espaço, os professores tentavam conter a agitação do ambiente enquanto os dois Dominadores da eletricidade se encaravam como animais, estavam ofegantes e machucados. As mesas e cadeiras do refeitório estavam revirados e prensados contra as paredes. A escuridão do lugar deixava os alunos mais temerosos, apenas luzes vermelhas faziam o trabalho de não deixar todos cegos e claro, a iluminação que saia dos combatentes.— Eles vão se matar e levar todo mundo junto. – Luiz resmungou olhando para todos os lados como se buscasse seus próprios pensamentos. Precisamos de i
~Pov. Eris~Perdi a conta de quantas vezes a Mônica e a Camila quase beijaram meus namorados, estava ficando sem paciência para permanecer sentada aqui. Gaby tagarelava ao meu lado sobre sua vida em Aruna e todos os privilégios que se tem por ser uma garota, eu não prestava muita atenção no que ela dizia. Minha cabeça trabalhava a todo vapor contando os segundos para essas malditas duas horas passarem, pena que eu não controlava o tempo. Uma pena mesmo. Suspirei tentando manter a paciência, não era uma pessoa ciumenta mas, isso já estava me enchendo o saco.— Se eu tivesse todos essas habilidades que você tem, não deixava essas piranhas encostarem no que é meu. – desviei minha atenção para ela, eu não queria me descontrolar mas, isso é estava ficando cada vez mais difícil.— E o que sugere? Que eu vá até lá e saia pux
~Pov. Luiz~Depois do almoço os banheiros ficaram lotados, todos queriam tomar um banho para continuar o treino, não podíamos perder um minuto se quer. Esse era o nosso último dia para enfim seguir com o plano e revidar o ataque, precisávamos tomar de volta o que era nosso. Estava na fila para o banho quando o alarme de proximidade soou, a atenção de todos foram para as luzes vermelhas no canto da parede, tinha algo grande vindo em nossa direção. Resmungando alguns palavrões sai correndo para a entrada sendo seguido de alguns alunos do segundo ano, ao chegar lá encontrei Victor e Tavarres abrindo a porta e subindo rapidamente as escadas, os segui. Estacionados a frente da cabana estavam dois grandes caminhões com a lataria enferrujada pelo tempo, na frente soldados de Arcaria dirigiam os veículos. Relaxei
Último capítulo