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Capítulo cinco - Me ame, senhor bilionário

POV Miguel Carrascal

— Este é o seu namorado rico?

Virei o pescoço e vi uma jovem parada atrás de mim, com os olhos arregalados e a boca aberta, incapaz de acreditar no que via. Segurei a mão da Roberta, entrelaçando meus dedos nos dela, e ela estremeceu com o meu toque.

— Muito prazer, eu sou Miguel Carrascal — estendi a mão gentilmente, fingindo ser simpatico e imaginando quem poderia ser ela. — Pelo vestido, você deve ser a noiva.

— Carrascal? Das empresas Carrascal Enterprises? — ela indagou, a expressão se intensificando, ignorando completamente minhas palavras. — Como você pode ser o namorado dela?

O olhar de nojo com que observava Roberta me fez entender muita coisa. Desviei o olhar para Roberta, parada ao meu lado, e percebi que se encolhia. Tudo bem que não estava vestida adequadamente e que sua roupa apagava o brilho do olhar, mas ela não era tão feia quanto parecia.

— Há algum problema em eu ser namorado dela? — perguntei, percebendo que Roberta não se defenderia.

Ela sorriu, o rosto ganhando tons avermelhados, constrangida com a minha pergunta.

— É um pouco inacreditável, não acha?

— Não acho — respondi, apertando levemente a mão de Roberta, para que, talvez assim, ela erguesse a cabeça. — Você deveria se apressar para a sua festa de noivado. O seu noivo está esperando.

Olhei para o outro lado e vi um homem parado, com as mãos nos bolsos, observando-me fixamente. Nenhuma daquelas pessoas parecia acreditar que Roberta e eu pudéssemos ser um casal.

Voltei a olhar para ela e percebi o quanto estava constrangida, o quanto aquelas pessoas a haviam ferido. Soltei sua mão e passei o braço em volta de sua cintura. Ela se assustou, arregalando os olhos. Sorri e a conduzi até o meu automóvel, abrindo a porta para que entrasse.

Os murmurinhos ao redor ficaram mais intensos. Os olhares continuavam sobre nós dois. Dei a volta e entrei no veículo. Encontrei uma mulher encolhida, completamente insegura ao meu lado, pressionando os lábios enquanto evitava me encarar.

— Por um momento, achei que você não viria.

Ela estava certa. Eu havia decidido estar ali na última hora, depois da visita que meu advogado fizera naquela tarde. As palavras dele haviam piorado meu humor. Ele nunca ia até minha casa para levar boas notícias, e não havia nada de novo em sua declaração.

Senti-me impotente, preso em uma gaiola, sendo acusado injustamente e perdendo a única coisa de valor que me restara. Decidido a não enlouquecer, liguei para Gregory e anunciei minha decisão. Dirigi até ali enquanto as lembranças do dia em que Amanda morrera naquele acidente de veículo voltavam à minha mente. Dessa vez, no entanto, os fragmentos daquele dia foram substituídos pelos pensamentos sobre Roberta e o namorado falso que ela precisava conseguir.

— Você pagou pela minha companhia, não foi? — Liguei o carro, observando os outros avançarem. — Vou fazer os seus quinze mil dólares valerem a pena.

Segurei o volante e fiz o carro se mover. Ouvi um suspiro de surpresa escapar pelos lábios dela. Quando olhei para seu rosto, as bochechas estavam vermelhas e os olhos fixos na minha mão.

— Você é casado? — Ela levou a mão à boca. — Não acredito que contratei um homem casado!

— Eu não sou casado. Não mais — respondi, vendo seu rosto se contorcer de vergonha. — Minha esposa morreu em um acidente há cerca de um mês.

— Oh, Deus… sinto muito — ela soltou o ar com força, como se realmente sentisse dor. — Eu não sabia.

— Como poderia saber? — soltei um riso tímido. — Além do mais, não foi sua culpa. Não tem por que se lamentar.

Eu não queria falar sobre isso — não com uma estranha. Estava fazendo um favor a ela porque acreditava que isso poderia me distrair e me fazer esquecer, ao menos por algum tempo, a dor que destruía meu coração todos os dias.

Ela me observou por cima dos óculos e percebi o quanto sentia pena de mim. Abriu e fechou os lábios várias vezes, tentando dizer algo sobre o assunto, mas nenhum som saiu.

Resolvi mudar de assunto antes que fosse tarde demais.

— Quem eram aquelas pessoas? E por que você precisava de um namorado falso para impressioná-las?

— Eu não quero impressioná-las — ela ajeitou os óculos e olhou para frente, a expressão mudando drasticamente. — Quero envergonhá-las.

Estudei-a em silêncio. Seus olhos estavam marejados, e ela mordia os lábios para conter a raiva que, certamente, crescia dentro dela.

— Eles devem ter feito algo horrível com você — comentei. — Quer conversar sobre isso?

Parece injusto aos meus próprios olhos: recusava-me a falar sobre minha vida enquanto insistia para ela falar sobre a dela.

— Nada mais justo do que você saber de tudo, não é mesmo? — Ela enxugou os olhos antes de continuar. — Você vai ser minha companhia pelos próximos dias, então precisa saber com quem está lidando.

O olhar de Roberta vagava longe, sempre fixo no carro à nossa frente. Acompanhei seu olhar, mas não vi nada fora do normal.

— Eu cometi o erro de ir para a cama com o garoto mais popular da faculdade — ela disse, e um aperto estranho tomou meu peito. — Eles me chamam de vadia, espalharam fotos minhas quase nua por todo o campus, enquanto usam o próprio prestígio para saírem impunes.

Olhei para o lado e vi o rosto dela agora encharcado de emoção.

— Estamos indo para o noivado das duas pessoas que me reduziram a nada. Ter um namorado falso é a única maneira de fazê-los parar.

Meus olhos se arregalaram. Senti o rosto queimar e a garganta se fechar.

— Eu não entendo… — minhas palavras morreram pela primeira vez, e me senti incapaz de continuar.

— Eu só preciso que você finja que me ama, que eu sou a pessoa mais importante da sua vida — ela se virou para mim com urgência. — Acha que consegue fazer isso, senhor Carrascal?

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