Pedro HernandezAinda estou um tanto perdido com as localizações dessa cidade. Eu costumava conhecê-la com a palma da minha mão, mas agora mal sei chegar no hospital. Vaguei pela cidade por alguns minutos até finalmente ceder ao GPS e pedir para que me guiasse. Por algum motivo, acabei esquecendo que o hospital não é tão longe da minha casa, apenas três milhas de distância. Ele não era tão perto assim antes. Mas não vou bagunçar ainda mais a minha mente. Bruno está parado na frente do hospital, assim que estaciono meu carro. Deve imaginar que me perdi com as ruas. Desligo o motor e desço. Caminho em direção a ele, que me olha levemente confuso. Pressiono os lábios, sendo forçado a admitir que me perdi pela cidade. — Fiquei perdido nas ruas. Ele ri, levemente divertido por isso, como se já imaginasse. — Foi o que pensei. Venha, vamos entrar. Aceno, em concordância. Bruno e eu adentramos o hospital. Me sinto melhor ali dentro, Los Angeles ainda está quente. Por sorte, decidi vestir
Pedro Hernandez — Como é possível que Max tenha feito isso? Eu sei que ele não gostava da Adrielle, mas tirar você do país? — Victor passa as mãos pela cabeça, enquanto tenta raciocinar sobre o que acabei de dizer. Estou há um dia em Los Angeles. Um dia. E tudo já está se tornando caótico. Mal consigo prestar atenção no que Victor diz, estou focado na garota sentada perto da minha mãe, me encarando, tentando entender o que está havendo. — Ele fez tudo para me separar dela. — Eu o respondo, me virando em sua direção. — Max me manteve naquele país, isolado de todos, sem nada, apenas o suficiente para sobreviver. Ele não me visitou uma única vez desde que fui para lá, apenas garantia que eu estivesse vivo. Alugou uma casa em Madri, bem menor do que a nossa casa, fornecia comida, pouco conforto. Ele me deu o que fosse necessário para viver, mas nada além disso. — Meu tom não é capaz de demonstrar o sofrimento que passei, ele é apenas calmo, como quem se acostumou a viver em ruínas d
Pedro Hernandez— Sabe, isso explica como ficou tão velho e enrugado. Parece um maracujá feio. — Victor comenta, enquanto suas mãos tocam meu rosto, como se me analisasse. Sei que está tentando aliviar o clima. Eu esboço tédio. Lyla balança a cabeça, desacreditada pelas palavras do marido. — Victor. — Ela o repreende com um tom calmo. — Amor, é sério. Veja, tem rugas aqui, rugas ali. Precisa se cuidar, meu irmão. — Ele diz, com suas mãos ainda apertando minhas bochechas. — O corte de cabelo e barba já deram uma diferença no seu visual acabado, mas ainda precisa engordar um pouco. Você está tão magro, Max realmente maltratou você. Mas não se preocupe, vamos sair para jantar juntos e eu pago o que você quiser. — Ele pisca, com um sorriso incentivador. Valeu, Victor, mas não quero fazer isso agora. Eu toco suas mãos e as afasto do meu rosto. Massageio a parte onde ele estava tocando, já estava me incomodando. — Passei sete anos em depressão, Victor, é claro que tenho uma aparência r
Pedro HernandezAbigail e minha mãe vieram no Escalade. Bruno dirigiu e preciso me lembrar de pedir para encontrar um novo motorista, tanto para minha mãe quanto para mim. Mas sempre gostei de dirigir. Decidi não forçar uma proximidade com a minha filha, quero dar um passo de cada vez e preciso que Adrielle compreenda e aceite isso. Não sei se ela me impedirá de conhecer a nossa filha, mas não tem esse direito. — Abuelita, podemos comer pizza? — Ouço Abigail dizer, assim que entro em casa. Sua voz suave ecoa pela casa com o pedido. Penso que devem estar na sala de estar e quando me aproximo da entrada do comodo, elas estão ali. Bruno não as acompanha, talvez esteja ocupado. Me lembro de que acabei surtando e deixando a biblioteca uma bagunça. Espero que tenham limpado. — Sim, é claro. — Minha mãe afirma, com um tom suave. Sempre pensei que ela seria o tipo de avó que mimaria os netos e parece que isso está acontecendo. Me aproximo com cautela e me sento em um dos sofás a sua fren
Pedro Hernandez Posso facilmente explodir de felicidade. Minha filha não tem outro homem que conhece como pai, somente eu sou o pai dela. Isso é bom, assim tenho a chance de conquistá-la sem precisar disputar por espaço com alguém. Mas, por que Adrielle demorou tanto tempo para se casar? Será que estava esperando pelo meu retorno ou apenas decidiu se privar de outro relacionamento doloroso? Sei que essas perguntas devem ser direcionadas a ela. Gostaria de entender o que aconteceu, de saber tudo o que perdi, mas não posso forçá-la a nada. Sofri bastante nos últimos anos e imagino que ela também. Criar um bebê sozinha não é fácil, mesmo que tenha apoio familiar, ela ainda precisava de alguém ao seu lado. — Abuelita, — A voz da minha filha ressoa no comodo. Meu coração fica aquecido toda vez que a ouço chamar assim. Minha mãe parece ter ensinado seus costumes e Adrielle não mudou isso. — a Vovó e o Vovô estão aqui para ver você. Viro minha cabeça na direção da entrada do comodo,
Adrielle Hale— Está tudo bem, Elle. — A voz do meu irmão ecoa pela sala, nos afastando do silêncio enorme que ficou depois que disse a ele que Pedro voltou.Pedi que viesse. Precisava de alguém para conversar. Jackson está sentado em uma das cadeiras acolchoadas da minha sala. Seus braços estão apoiados nos encostos laterais e seus olhos, focados em mim. Minha cabeça está encostada na parte de trás da cadeira e eu o observo em silêncio. Não pude me conter na frente de todos naquele quarto, então minha única opção foi sair de lá. Meus pés queriam se fundir ao piso e meu cérebro desejava ouvir tudo o que Pedro tem para falar, mas meu coração não acredita que seja capaz de suportar isso outra vez. Vivi sete anos sem respostas para as perguntas que fiz. Por que ele me deixou?Como alguém que disse me amar e que queria se casar comigo, pode me abandonar no dia seguinte?Como pude ser tão estúpida de acreditar em suas juras de amor quando Pedro queria apenas brincar comigo? — Não está na
Adrielle Hale — Você não acha que ela deveria ao menos saber quem é o pai dela? — Franze as sobrancelhas, com um olhar que demonstra preocupação. — Sabe, ela é louca para conhecer o pai dela, e mesmo que Pedro não a queira na vida dele, você precisa contar a Abby quem ele é. Assim, quando crescer, ela vai odiar ele por abandonar vocês, não você. Engulo em seco. Suas palavras me atingem como espinhos arremessados em minha direção. Respiro fundo, aceitando que meu irmão tem razão, Abby irá me odiar se eu esconder essas informações dela. Minha única opção é contar a verdade. Se Pedro não a quiser por perto, será um estúpido, porque a nossa filha é incrível. Também sei que ele será repreendido por Sofia, porque ela não vai aceitar isso. Já comentamos sobre como seria a reação dele se estivesse aqui e, em todas elas, Sofia me disse que ele amaria. Pelo bem dele e de Abby, espero que seja verdade. Eu não aguentaria ver a minha filha passar pela rejeição de um homem quando ele deveria
Pedro Hernandez Observo em silêncio enquanto Adrielle vaga pela biblioteca. Imagino que esteja lidando com seus próprios demônios, talvez pensando sobre como começar o assunto que nós dois precisamos conversar. No momento, só quero deixar as coisas claras. Quero ter a chance de conhecer a minha filha, mas não vou ultrapassar os limites e desprezar a opinião da mãe dela. — Nos últimos anos, Abby tem me questionado bastante sobre o pai dela — Diz, em um tom suave enquanto caminha até as janelas, observando o quintal com a grama verde o enfeitando. — mas tenho evitado responder a isso. Em parte, por não saber onde você se meteu, outra, por não querer que ela sofra com isso. Observo Adrielle em silêncio, prestando atenção em suas palavras. Sei que evitou citar o meu nome para a nossa filha, caso contrário, ela me reconheceria. A única coisa que sabe é que sou filho da “abuelita”. Quero ser mais do que isso para ela. Respiro fundo e dou alguns passos. Há uma distância considerável e