Sarah
Fiquei com as meninas brincando na sala até o Philip voltar do banho. Seu perfume chegou invadindo todo o ambiente me deixando um pouco zonza. — Não ac... — espirro. — Acha que... — espirro novamente. — Está tudo bem? — ele pergunta preocupado. — Tá, é que... — mais uma onda de espirro. — Não parece bem, me deixe te ajudar — ele diz e se aproxima de mim. O cheiro do seu perfume ficou ainda mais forte quando ele se aproximou. Comecei a espirrar sem parar. — Foi a água que te deixou assim, não é? Acho melhor você trocar de roupa — ele diz. — Não... — espirro. — Seu perfume... — Você é alérgica? Não sabia — ele diz dando uns passos para trás. — Vou tomar banho de novo. — Não precisa — digo finalmente começando a respirar de novo. — É só ficar longe, o excesso vai já embora. Depois de falar isso, sinto que seu rosto muda de expressão, não estava mais preocupado, mas sim desapontado. — Ele ama perfume tia, a mamãe diz que ele exagera — Laurinha fala. — Acho que sua mãe tem razão — digo rindo. — Mas está tudo bem, já estou acostumada com esses cheiros, acho que você só estava muito perto e o cheiro invadiu de vez — me explico. — Não sou alérgica, só tenho o olfato sensível. — Não se preocupe, não vai acontecer de novo — ele diz. Pela primeira vez, desde que nos conhecemos, o Philip foi gentil comigo. Ficamos ali, um olhando para o outro sem saber o que dizer ou fazer. — Bem, a minha irmã ainda não chegou, o que acha de nos acompanhar e ajudar a preparar o almoço? — ele pergunta sem jeito. — Claro — concordo com um meio sorriso. Não acredito que estou me dando bem com ele, e que ele está sendo gentil comigo, e o pior, eu estou gostando de estar aqui. Acho que estou sentindo mais falta dos meus amigos de Sergipe do que eu imaginava, só pode ser falta deles o que está me fazendo ficar aqui, eu não estou gostando de verdade da companhia dele, estou? Fomos para a cozinha e levamos a Liz com a gente, ele segurava ela e fazia as coisas sem muito esforço, parecia está acostumado. Ele me olha e me pega admirando suas habilidades. — Não sei se a Mônica te contou, mas ela e meu cunhado brigam muito, ela sempre acaba vindo pra cá, então estou acostumado com elas e ter que cuidar das meninas — ele me conta algo pessoal, casos de família que não se diz para pessoas estranhas. — Ela não disse — digo sem graça, parece que estou invadindo o espaço pessoal deles. — Vocês vão ter muito tempo para conversar ainda, ela parece confiar em você, já que deixou uma estranha entrar no meu apartamento e cuidar das minhas sobrinhas — ele diz. — Não sou uma estranha, ela sabia que trabalho na mesma empresa que você e que tinha cuidado da Laurinha da outra vez que ela esteve lá. — Você era a tia legal que cuidou dela? — ele pergunta espantado e parando o que estava fazendo. — A Laurinha só falava de você, passou dias falando disso, a tia isso, a tia aquilo, mas não sabíamos seu nome. — Culpada — dou um sorriso sem graça. — Viu, tio? — Laurinha fala fazendo nossa atenção se voltar para ela. — Eu não disse que ela era bonita? — ela sorri para mim, me deixando vermelha. — É, Laurinha — o tio dela concorda. — É muito bonita — ele diz me deixando ainda mais sem graça. — Assim vocês me deixam sem graça — digo para aqueles olhares que me analisam. — Podemos voltar a cozinhar? — Mas a gente nem começou — Laurinha fala. Achamos graça, afinal, ela estava certa. O Philip estava organizando, não sei o que, e nós só ficamos o olhando com a Liz indo de lado a outro da cozinha. — Pega os ingredientes no armário de baixo, vamos fazer a famosa lasanha da vovó — Philip fala. — Iupe! — ela grita. — Você vai amar tia — ela diz empolgada. — E o que eu faço? — pergunto. — Já vou logo avisando que não sei cozinhar nada. — Pode me ajudar aqui — ele diz me chamando. — Se o perfume estiver confortável para você. Não respondo nada, apenas me aproximo e vou para o lugar no batente da ilha, como ele pediu. — Vou te ensinar a cortar isso aqui, tá? — ele diz se referindo aos legumes na minha frente. Claro que eu sabia corta, mas não queria deixar ele sem graça. Uau, eu disse isso? Quem sou eu e o que fizeram com a Sarah de hoje mais cedo? — Certo — apenas digo. Ele fica parado ao meu lado, bem próximo a mim, quase que colado. Ele ainda está com a Liz nos braços. — Agora você vai cortar em rodelas esse — ele diz segurando a verdura para mim. — Bem fino. Sigo fazendo como ele mandou, a Liz da uma gargalhada tão linda que não resisto a olha-lá. Acabo me machucando com a faca. — Não se mexe — ele diz e sai correndo atrás de algo. Ele pega o cercadinho da Liz e traz para perto da cozinha e a coloca dentro. Depois sai correndo e traz uma caixa de primeiro socorros. Foi tudo tão rápido que não consigo falar nada antes de o ver correndo de um lado a outro. — Philip — chamo sua atenção finalmente. — Foi um cortizinho bobo, não se preocupa. Ele percebe que está exagerando quando olha para o corte que nem saiu sangue. — Desculpa, crianças em casa, qualquer corte temos que cuidar — ele diz sem graça. — Tudo bem — sorri para ele. — Obrigada. Ele fica me olhando, agora de um jeito diferente, mais carinhoso. Estende a mão para alcançar o meu rosto. Antes que ele chegasse no mesmo, levamos um susto com a Laura. — Beija ela tio — ela diz. Fico vermelha como um pimentão. — Laura! — ele a repreende. — Ue, você me dá beijinhos quando me machuco e sara rapidinho. Respiramos aliviados, ela queria dizer beijo no machucada. — E a tia Sarah me disse que a mãe dela dava beijinhos no machucados, e isso sarava rapidinho também — ela complementa com a história que havia contado a ela no outro dia, no dia que nós conhecemos e ela estava com o joelho ralado. — Tem razão — ele diz me surpreendendo. Em seguida pega a minha mão e leva lentamente até sua boca. Onde beija de leve, me fazendo ficar nervosa e sentir um frio na barriga com seu toque. — É... obrigada — digo sem graça. — Acho que já podemos voltar aos preparativos, ou esse almoço não sai hoje. Eles riem e concordam. Continua... - - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - -♡- - - Beijos, Larissa.