O primeiro dia de trabalho de Clair tinha sido mais intenso do que esperava. Entre reuniões inesperadas, a arrogância desconcertante de Cedrick e a tensão que sentia sempre que estava perto dele, ela mal teve tempo de respirar. Mas, no fim do dia, sentiu uma pontada de satisfação. Tinha conseguido se sair bem, e isso era o mais importante.
Às 18h, ela pegou sua bolsa e saiu do prédio, caminhando em direção ao ponto de ônibus. O céu já estava tingido por tons alaranjados, e uma brisa fresca aliviava o calor do dia. — Clair! — Uma voz animada chamou por ela. Era Lorena, sua nova amiga do marketing, que vinha com um sorriso largo. — Como foi o resto do seu dia? Sobreviveu ao Cedrick? Clair soltou uma risada curta. — Sobrevivi, mas não foi fácil. Ele muda de humor como quem troca de roupa. — Normal — Lorena disse, rindo. — Olha, eu e algumas pessoas do escritório estamos indo a um barzinho para relaxar. Você tem que vir! Nada melhor do que comemorar seu primeiro dia. Clair hesitou por um segundo. Não era de sair muito, sempre focada no trabalho e nos estudos. Mas, depois de um dia tão intenso, talvez um pouco de descontração fosse bem-vindo. — Quer saber? Vou sim! Só vou avisar minha tia. Ela pegou o celular e mandou uma mensagem rápida para Denise, dizendo que demoraria um pouco mais para chegar em casa. Sua tia, como sempre, respondeu com um emoji de coração e um “aproveite”. — Ótimo! — Lorena disse, empolgada. — Vamos então, antes que o pessoal beba tudo sem a gente! Clair riu e seguiu ao lado da amiga, sentindo-se mais leve. Talvez, afinal, sua nova vida na Lorenzze não fosse apenas estresse e tensão. Talvez houvesse espaço para momentos bons também. Clair entrou em casa silenciosamente. Já era tarde da noite, e sua tia Denise já dormia. Tirou os sapatos e caminhou na ponta dos pés até o quarto, trocando de roupa rapidamente antes de se jogar na cama. Estava exausta, mas, apesar disso, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. A noite tinha sido divertida, e ela se sentia mais leve depois do longo dia. No entanto, essa leveza durou pouco. Quando o despertador tocou na manhã seguinte, Clair abriu os olhos e sentiu o coração disparar ao ver o horário. Faltavam 20 minutos para chegar à Lorenzze! — Droga! — exclamou, pulando da cama. Vestiu-se em cinco minutos, nem teve tempo de tomar café e saiu de casa correndo, conseguindo pegar o ônibus por um triz. Durante o trajeto, torcia para que Cedrick não percebesse seu atraso… ou que estivesse ocupado demais para implicar com ela. Mas a sorte não estava do seu lado. Assim que entrou na empresa e correu para o elevador, a porta se abriu… e lá estava ele. Cedrick Lorenzze. Alto, impecável em seu terno escuro, com aquela postura autoritária e o olhar afiado como lâmina. Assim que seus olhos pousaram nela, sua expressão se fechou instantaneamente. — Você está atrasada — disse, sem rodeios. Clair engoliu em seco, entrando no elevador e apertando os lábios. — Eu sei, senhor. Foi um imprevisto. Ele ergueu uma sobrancelha, claramente insatisfeito com a resposta. — Espero que não aconteça novamente. Detesto falta de pontualidade. Clair respirou fundo, contando mentalmente até três. O que ela mais queria era responder à altura, mas sabia que não era o momento. — Não vai acontecer de novo — disse com firmeza. Cedrick permaneceu em silêncio, observando-a de lado. Ele não queria admitir, mas, por um segundo, ficou distraído com a aparência dela. Mesmo ligeiramente ofegante e com um leve rubor no rosto pelo esforço de chegar a tempo, Clair estava linda. O elevador chegou ao andar deles, e ele se afastou, retomando a expressão fria. — No meu escritório em cinco minutos. Precisamos revisar alguns contratos. E saiu sem esperar resposta. Clair fechou os olhos por um instante, respirando fundo. Definitivamente, Cedrick Lorenzze seria o maior teste de paciência da sua vida.