Sammya Maciel
Hoje é o dia em que eu vou me reencontrar com Benjamin nem acredito nisso, não o vejo desde o dia em que minha amiga e eu brigamos com ele e o Victor. Helena chegou ao meu escritório acompanhada de seus pais, ela estava reprimida e eu sabia o que ela estava sentindo, mas como advogada eu preciso analisar tudo com cautela e nada de emoção.
Peço a ela que me conte sobre tudo novamente e repassamos tudo para que o júri de instrução funcionasse e que o acusado fosse a júri popular. Chegamos lá e mesmo estando velho eu consegui reconhecer aquele cara. "Sem sentimentalismo Sam." Disse a mim mesma e respirei fundo.
— Oi, Sammy, você está linda como sempre. – Nunca tivemos intimidade no passado, agora, então muito menos só que eu sabia que precisava ser profissional.
— Benjamin, enfim nos reencontramos. – Disse a ele que me estendeu a mão e eu apertei.
Um calafrio percorreu a minha espinha e senti muito medo naquele momento só não podia demonstrar.
— Uma pena que estamos em lados opostos. – Aquele sorriso dele parecia macabro.
Fomos para o nosso lugar e ao olhar para o garoto ele parecia exatamente com o pai dele. A juíza se aproximou e todos nos levantamos, o júri de instrução começou e quase seis horas depois finalmente foi decidido que ele iria a júri popular o que foi uma vitória para nós.
— Helena, a primeira etapa foi concluída agora, a próxima etapa será a mais difícil para vocês, semana que vem espero vocês em meu escritório para vermos as testemunhas de acusação.
— Obrigada doutora, o caso da minha filha estava em outro escritório e vimos que eles estavam protelando.
— Não se preocupe, nós da Lucatto Advocacia, sempre damos o nosso melhor. – Digo ao senhor Patrick Cardoso pai de Helena.
— Muito obrigado por isso – ele me diz, apertamos as mãos e antes de sair para irmos embora expliquei a Helena sobre o projeto Vanessa Liberation's. e ela ficou bem animada em saber mais sobre o projeto, ela me pediu o endereço e eu lhe entreguei, espero que a ONG a ajude.
Quando estava chegando em meu carro, sinto alguém segurar o meu braço com um pouco de força, rapidamente me virei e vi que era Benjamin.
— O que significa isso? – Perguntei a ele.
— Nada querida, eu apenas queria falar com você.
— Então pode soltar o meu braço, por favor. – Peço a ele que sorri.
Ele olhou para mim e me deu um beijo no rosto, o que me deixou muito nervosa e com vontade de revidar. "Sangue frio Sam." Repetia para mim como um mantra e sorri para ele em seguida entrei no carro e dirigi sem rumo quando dei por mim cheguei em frente ao cemitério onde Jess foi enterrada e já que estava lá resolvi fazer uma visita, me sentei em frente a sua lápide e comecei a conversar com ela, acabei perdendo a noção do tempo, estava voltando para o meu carro quando Saulo me ligou.
— Boa tarde. – Digo a ele tentando disfarçar.
— O que está acontecendo? – Ele me perguntou.
— Não há nada para se preocupar. Já chego ao escritório.
Lembrei do sorriso de Ben e fiquei tão puta que comecei a socar uma árvore, soquei o tronco até que os nós dos meus dedos sangrarem.
Já tem um bom tempo que eu não fico desse jeito, ignorando a dor que estava sentindo entrei no carro e fui para o escritório, chegando lá encontrei, Saulo a minha espera,nós temos uma conexão tão boa que ele sabia exatamente o que estava acontecendo. Quando viu as minhas mãos ele saiu e eu fiquei sem entender nada, mas logo ele voltou com o kit de primeiros socorros.
— Dia difícil? – Ele perguntou.
— Você não faz ideia. – Respondi sucinta.
— Não sabia que você era tão durona, vem limpar esses ferimentos – ele limpou tudo e depois me convidou para tomarmos um drink a noite e eu rapidamente aceitei, pois precisava me distrair e não queria me encontrar com Rafa, para que não aflorasse o seu sentimento de culpa.
iniciei o trabalho, mas os nós dos meus dedos doíam tanto que estava impossivel usar a caneta ou digitar, Rogério está certo eu preciso voltar a terapia, socar coisas ou pessoas quando estou com raiva não é um dos melhores caminhos,preferi ficar trancada em meu escritório e focar somente na papelada que havia em minha frente, finalmente deu o horário de sairmos fui para casa, troquei de roupa e me encontrei com Saulo no lugar que marcamos.
Ao chegar avistei Saulo sentado à minha espera e assim que me aproximei ele se surpreendeu dizendo que eu era rápida para me arrumar. — Pelo visto você também. Espero que não tenha vindo de carro, pois vamos nos divertir.
Pedimos as nossas bebidas e começamos a conversar animadamente.
— Pelo o que a sua me contou você era um terrorista. – Digo a ela que gargalha.
— Na verdade, a terrorista é a Soph, mas por ser a menina ela sempre conseguia tirar o foco de si.
— Pior que ela tem cara mesmo, não acredito que seus pais caíam na dela.
— Não só caiam como me culpavam como no dia em que ela quebrou a janela dos nossos antigos vizinhos adivinha quem levou a culpa?
— Nossa! Vero sempre sabe quando estou mentindo ou escondendo algo dela. – Nossas bebidas finalmente chegaram e depois de verificá-la beberiquei.
Uns dez drinks depois estávamos animados demais e começamos a fazer perguntas mais quentes que eram respondidas sem cerimônia.
— E então senhor Saulo Lucatto me conte os seus segredos? – Peço a ele que me olhou de maneira estranha o que achei engraçado já que a pergunta foi simples.
— Que segredo?
— Qualquer um,juro que sou uma boa ouvinte e jamais conto os segredos dos meus amigos. – Lhe dou uma piscadela e ele passou a língua entre os lábios o que me deixou com calor em lugares que não deveria.
— Eu tenho um grande segredo, mas não devo te contar. – Protestei e ele gargalhou. — De acordo com o desenrolar dessa noite eu decido se te contarei o meu segredo. — Posso te fazer uma pergunta pessoal?
— Claro! Sou um livro aberto. – Apoiei meus cotovelos na mesa e olhei dentro dos seus olhos.
— Como funciona essa sua relação com seu amigo? – Antes de começar a falar pedi mais um drink.
— Na verdade, a minha relação com Pedro é apenas de amizade mesmo, mas temos o benefício de matarmos a nossa vontade um no corpo do outro, entende. – Lhe dou uma piscadela.
— Mais ou menos. Isso não estraga a amizade de vocês? – Saulo realmente estava curioso.
— Somos maduros o suficiente para separar as nossas relações, ele tem os rolos dele a parte e eu os meus, nossa amizade vai além do sexo.
— Entendi.
Depois que sanou a sua curiosidade, Saulo mudou de assunto e voltamos a conversar. Como iríamos trabalhar no dia seguinte resolvemos encerrar a noite, dividimos o mesmo carro e quando chegamos no meu prédio ele pediu para o motorista esperá-lo enquanto me levou até a minha porta.
— E então agora vai me contar o seu segredo? – Perguntei com uma voz manhosa.
— Só espero que depois disso você ainda queira ficar perto de mim.
Olhei para ele curiosa e antes que eu pudesse abrir a boca Saulo me surpreendeu com um beijo delicioso que foi correspondido por mim, é claro finalizamos o beijo com um selinho.
— Por favor, não se afaste de mim Sam, conversaremos melhor amanhã quando estivermos sóbrios. – Ele me deu mais um beijo. — Dorme com os anjos e sonhe comigo.
Esperei ele entrar no táxi e quando o motorista se foi, cumprimentei seu Otávio o porteiro e fui para o elevador, entrei em casa rapidamente e assim que fechei a porta passei a mão por meus lábios e ainda estava ali o formigamento gostoso dos lábios de Saulo, isso me preocupa porque, mas como estou bêbada deixo para ter uma crise de consciência amanhã. Fui até o meu quarto, peguei meu vibrador e mentalizei o corpo de Saulo.