Capítulo 3: O Encontro

A rotina de encontros casuais, antes um refúgio seguro para Tobias, começava a pesar. Dois anos no jogo da aliança falsa haviam entorpecido parte da dor, mas também o haviam deixado com uma sensação persistente de vazio.

Ele era procurado, sim, mas nunca realmente encontrado. Desejado, mas nunca verdadeiramente conhecido. A solidão, antes mantida à distância pela agitação das noites, parecia agora espreitar nas frestas.

Nessa noite, ele decidiu variar. Em vez de ir sozinho para um dos seus bares habituais, combinou de sair com Niran, seu melhor amigo de longa data. Niran era um advogado com um senso de humor afiado e uma visão de mundo que, muitas vezes, servia como um contraponto necessário para o cinismo de Tobias. Ele sabia da história com Anny, embora Tobias não entrasse em detalhes, e Niran respeitava o espaço do amigo, oferecendo companhia e distração quando percebia que Tobias precisava.

Eles escolheram um bar diferente naquela noite, um pouco mais animado, com uma banda tocando jazz suave no fundo. As luzes eram mais quentes, e a multidão, embora diversa, parecia mais relaxada, menos focada em "caçar". Niran pediu duas cervejas e se recostou no banco, observando o movimento.

"Pensando em encontrar seu próximo 'acessório' hoje à noite, Tobi?", provocou Niran, com um sorriso que não era julgador, apenas levemente zombeteiro.

Tobias deu de ombros, girando a aliança em seu dedo. "Talvez. Ou talvez apenas desfrutar de uma bebida na companhia de um amigo que não me cobra por isso."

Niran riu. "Justo. Mas sabe, Tobi... essa aliança... ela te protege, sim, mas também te isola. Você atrai pessoas que querem o que você não quer dar, e afasta talvez quem quisesse te dar o que você não sabe mais receber."

Tobias sentiu uma pontada. Niran sempre ia direto ao ponto. Ele mudou de assunto, apontando para a banda, e a conversa fluiu para amenidades, mas a reflexão de Niran ficou pairando no ar.

Foi então que ele o viu. No outro lado do bar, sentado sozinho em uma pequena mesa, estava Kael. Jovem, com certeza, mas com uma beleza que ia além da juventude – algo sereno e cativante em seus olhos, um sorriso genuíno que parecia iluminar o canto onde estava. Ele não parecia estar procurando por ninguém; parecia estar simplesmente apreciando a música e a atmosfera.

Algo na tranquilidade de Kael atraiu Tobias instantaneamente, quebrando sua concentração no que Niran dizia.

"Quem é aquele ali?", Tobias perguntou, indicando discretamente com a cabeça.

Niran seguiu seu olhar. "Ah, ele? Nunca o vi por aqui. Bonito, né?"

Tobias não respondeu imediatamente. Sentiu uma atração diferente, não apenas o interesse superficial que a aliança costumava facilitar, mas uma curiosidade genuína, um desejo de saber quem era aquela pessoa. Ele se pegou observando Kael por mais tempo do que o habitual.

Minutos depois, sentindo a necessidade de se recompor – e talvez controlar o impulso inesperado que sentiu – Tobias decidiu ir ao banheiro. Era um hábito, quase um ritual, lavar as mãos antes de se envolver em qualquer interação mais próxima, uma pequena pausa para se mentalizar.

Ao chegar na pia, tirou a aliança do dedo anelar esquerdo. Ele geralmente a colocava na borda da pia ou a segurava enquanto lavava. Mas, naquela noite, talvez ainda distraído pela visão de Kael ou pela conversa com Niran, ele a tirou e, por um lapso incomum de atenção, simplesmente a colocou no bolso da calça. Terminou de lavar as mãos, secou-as e saiu do banheiro sem a joia no dedo, completamente alheio ao fato de que sua "armadura" havia sido deixada de lado.

De volta ao bar, ele procurou por Kael com os olhos. O jovem ainda estava lá, agora parecendo um pouco mais relaxado, talvez cantarolando baixinho junto com a música. Enquanto Tobias se dirigia de volta para perto de Niran, Kael levantou os olhos e, seus olhares se cruzaram. E, para a surpresa de Tobias, Kael sorriu para ele – não um flerte óbvio, mas um sorriso doce e convidativo.

Kael se levantou e se aproximou.

Tobias sentiu um leve nervosismo que não sentia há muito tempo. Niran, percebendo a movimentação, deu um leve empurrão amigável no ombro de Tobias e disse baixinho: "Sua chance, Dom Juan. Vai lá."

Kael parou a poucos passos de Tobias. "Oi. Gostando da banda?"

A voz de Kael era suave e melodiosa. Tobias relaxou um pouco, seu sorriso fácil de cirurgião plástico ressurgindo, mas com uma pitada de genuíno interesse. "Gostando muito. Primeira vez aqui?"

"É sim", respondeu Kael. "Um amigo recomendou. E você?"

"Frequentava mais antigamente", mentiu Tobias suavemente, já desviando de sua rotina. "Mas essa noite, parece que valeu a pena voltar." O flerte era natural, mas com Kael, parecia diferente, mais leve, menos calculista.

Eles começaram a conversar ali mesmo, no meio do bar. Niran, percebendo que estava sobrando, deu um aceno discreto e se afastou, prometendo mandar mensagem mais tarde. Tobias e Kael se perderam na conversa. Falaram sobre música, sobre a vida na cidade, sobre sonhos e pequenos prazeres.

Kael era encantadoramente sincero, sem filtros, uma lufada de ar fresco na vida artificial que Tobias vinha levando. Ele ria das histórias de Tobias com uma facilidade contagiosa, e Tobias se sentiu mais leve, mais ele mesmo, do que em qualquer encontro nos últimos dois anos.

A ausência da aliança em seu dedo parecia refletir uma ausência de barreiras em sua conversa.

Com o passar do tempo, a atração mútua se tornou inegável. Os toques casuais nos braços, os olhares demorados, a proximidade que diminuía. A conversa fluiu naturalmente para convites implícitos e explícitos.

"Meu apartamento não é longe daqui", Kael disse, olhando para Tobias com uma intensidade que fez o coração de Tobias acelerar de uma forma que ele quase havia esquecido ser possível.

"Se... se você quiser continuar conversando lá?"

O convite era claro. Era exatamente o tipo de convite que Tobias buscava em suas noites, mas com Kael, parecia ter um peso diferente. Não era apenas sexo casual; havia uma promessa de algo mais, algo que Kael parecia oferecer com sua própria presença. Tobias não hesitou. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu um desejo que ia além do físico.

"Eu adoraria", Tobias respondeu, um sorriso sincero e ansioso tomando conta de seu rosto.

Eles saíram do bar juntos, o barulho da música e das conversas diminuindo atrás deles.

O ar fresco da noite pareceu limpar a mente de Tobias. Ele segurou a porta do táxi para Kael, um gesto simples que pareceu carregado de significado.

No apartamento de Kael, a atmosfera era convidativa e pessoal, cheia de livros, arte e uma desordem charmosa que contrastava com a perfeição controlada do mundo de Tobias. Eles não correram para o quarto. Continuaram a conversar, agora mais próximos, mais íntimos, descobrindo as camadas um do outro.

então eles se beijaram, um beijo lento e cheio te tesão, Kael subiu no colocando de Tobias beijando seu pescoço e passando a língua no ouvido de Tobias, Tobias tirando a camisa de Kael e chupando seu peito e passando a língua em todo seu corpo então carregou Kael e o levou para o quarto.

A noite desdobrou-se em uma dança lenta de descoberta e desejo. Não foi apenas um encontro casual; foi, como o próprio resumo indica, uma noite de amor. Houve beijos, toques, a união de corpos, sim, mas também a união de algo mais profundo que ambos pareciam procurar sem saber. Tobias se permitiu baixar a guarda de uma forma que não fazia há anos. Nos braços de Kael, ele sentiu um vislumbre do que a intimidade genuína poderia ser, livre da fachada da aliança, livre do cinismo.

Ele adormeceu nos braços de Kael, a mente estranhamente tranquila, o nó em seu estômago desfeito, substituído por uma sensação calorosa e inesperada. Por um momento, ele pensou que talvez, apenas talvez, ele tivesse encontrado algo real, algo que valesse a pena quebrar suas próprias regras. Ele não sabia que a regra mais importante, a aliança esquecida no bolso, estava prestes a reaparecer e virar sua noite de amor de cabeça para baixo.

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