Meus dentes rasgaram a pele da garganta de Ariana.
O gosto de sangue explodiu na minha boca.
— Ahhh! — ela gritou, cambaleando para trás, agarrando a ferida sangrando. — Lunática! Você me mordeu!
Sangue jorrava entre seus dedos, manchando seu vestido preto elegante.
— Matem ela! — gritou para os lobos solitários. — Ensinem uma lição a essa vadia!
O primeiro chicote atingiu minhas costas.
O açoite impregnado de prata rasgou tecido e carne, o veneno queimando minhas veias como fogo.
Sem a cura da minha loba, a dor era um fogo queimando através dos meus nervos.
— Isso é o que você ganha por me morder! — Ariana uivou, ainda agarrando sua garganta.
O segundo chicote. O terceiro.
Cada um caiu precisamente nas minhas costas, meus braços, minhas pernas.
A prata impedia as feridas de cicatrizar, sangue escorrendo da carne rasgada.
— Isso é suficiente? — perguntou um dos lobos solitários.
— Não! — Os olhos de Ariana ardiam com um fogo insano. — Quebrem a perna dela! Quero que ela saiba o que acontece quando você me desafia!
— Espere, Senhorita Ariana, o Alfa disse para não...
— Eu disse para quebrarem a perna dela! — Ariana gritou. — Byron não vai me culpar pelo que acontece com esse lixo!
O lobo solitário hesitou por um segundo, então ergueu uma barra de ferro.
— Não!
O estalo nauseante do osso ecoou no armazém.
Agonia explodiu atrás dos meus olhos, ameaçando me arrastar para a escuridão.
Podia sentir as bordas irregulares do osso rasgando através do meu músculo.
Mas sem uma loba para me curar, tudo que podia fazer era suportar a dor cegante.
— Isso ainda não é suficiente — disse Ariana, caminhando até mim e olhando para baixo. — Quero que você se lembre deste momento. Lembre-se das consequências de me desafiar.
Ela se virou para os lobos solitários.
— Tranquem ela. Sem comida, sem água por três dias. Deixem-na pensar sobre o que fez.
A escuridão me engoliu.
Três dias.
Por três dias inteiros, fui deixada naquele armazém frio.
Sem comida. Sem água. Apenas dor sem fim e o tormento do envenenamento por prata.
A agonia na minha perna quebrada tornava o sono impossível.
As feridas de chicote nas minhas costas apodreciam, o cheiro de putrefação enchendo o ar.
No quarto dia, a consciência era uma costa distante que não conseguia alcançar.
No quinto, alucinações eram minhas únicas companheiras.
Na manhã do sexto dia, a porta finalmente rangeu aberta.
— O tempo acabou — disse um lobo solitário friamente. — O Alfa quer que a deixemos sair.
Jogaram-me para fora como um pedaço de lixo na borda do território Blackwood.
Deitei na terra fria e úmida, ofegando por ar.
Cada respiração era uma nova onda de agonia.
Um comunicador zumbiu dentro das minhas roupas rasgadas.
Uma chamada de emergência do santuário da minha mãe.
— Senhorita Sandra! — a voz da cuidadora estava frenética. — Cortaram as Pétalas Lunares três dias atrás!
Pétalas Lunares.
Três dias atrás.
O dia em que fui levada.
— O quê? — Forcei as palavras para fora. — Como poderia...
— Contatamos todos os fornecedores que conhecemos. Todos receberam a mesma ordem do alto: a Alcateia Blackwood está cortada.
Ordens de um poder superior.
Apenas uma pessoa tinha esse tipo de autoridade.
Byron.
Forcei-me a discar o número do meu pai.
— Sandra? Meu Deus, sua voz...
— Pai — disse fracamente. — Envie homens para mover minha mãe. Agora mesmo.
— O que aconteceu?
— Byron cortou as Pétalas Lunares. Ela não tem muito tempo.
— Vou enviá-los imediatamente. Onde você está?
— A caminho — disse, lutando para ficar de pé, minha perna quebrada gritando em protesto. — Me dê duas horas.
Arrastei meu corpo quebrado até o santuário.
Minha mãe estava deitada na cama, seu rosto pálido como um lençol. Seus olhos estavam abertos mas desfocados. Ela já estava meio perdida.
— Ela está assim desde ontem à noite — a cuidadora sussurrou. — O dano ao vínculo espiritual está acelerando. Sem as Pétalas Lunares para acalmá-la, a maldição está ficando mais forte.
Peguei a mão fria da minha mãe.
— Quanto tempo temos?
A cuidadora hesitou, então respondeu com um tremor na voz.
— Foi o Alfa Byron — a cuidadora sussurrou, sua voz tremendo. — Ele pessoalmente ordenou que os carregamentos parassem três dias atrás. Ele calculou o tempo. Ele sabia que sem as Pétalas Lunares, a mente dela se despedaçaria em três dias...
Três dias atrás.
O dia depois que perdi meu filho.
Ele havia planejado tudo.
A morte do meu filho foi apenas o começo.
A dor da minha mãe era sua arma.
A prisão do meu irmão era sua alavanca.
E eu era apenas um peão no jogo dele.
Os homens do meu pai chegaram rapidamente e moveram minha mãe para um lugar seguro.
Deixei o santuário, arrastando meu corpo machucado de volta ao lugar que uma vez chamei de lar.
Na sala de estar, sentei à mesa e escrevi um documento com uma mão trêmula.
Um Acordo de Rompimento de Vínculo de Companheiros.
Duas cópias, com termos claros e uma maldição vinculante.
Assim que terminei a última palavra, ouvi passos atrás de mim.
— Sandra?
A voz de Byron.
— O que você está escrevendo?