Os anos seguintes foram como um vazio sem fim.
Quando finalmente voltei à realidade, percebi que minhas costas estavam encharcadas de suor.
Um carro parou na minha frente.
A porta se abriu e, ao olhar para dentro, vi o rosto de Fernando Nascimento.
Ele não se deu ao trabalho de fechá-la. Simplesmente desceu do carro e veio até mim. E imediatamente perguntou se eu estava machucada.
Sua voz carregava uma urgência que me pegou de surpresa.
— Soube que houve um incêndio por aqui. Venha, vou te levar ao hospital.
Ele esqueceu de manter distância.
Segurou meu pulso sem hesitar.
Eu o afastei bruscamente.
— Senhor Nascimento, estou bem. Não precisa se preocupar comigo.
Dessa vez, sua reação foi intensa.
— Camila, o que você pensa que eu sou?
Seus olhos estavam carregados de raiva contida.
— Eu investiguei seus registros médicos no exterior. Em dezembro do ano passado, você foi ao hospital pelo menos três vezes. Todas as consultas foram na psiquiatria. Você tem depressão, não tem? Por que nunca