Capítulo 4 - O Segredo de Carlos

  *Autora*

Após o beijo que deixa Carlos louco, ele se afasta lentamente e observa os lábios rosados de Carter, acompanhados de seu rosto corado e os lindos olhos muito bem abertos, parecendo surpresa. Na verdade, ela está bem extasiada com o beijo e o toque do garoto, pois foi a primeira vez que foi beijada, mas óbvio que não dirá isso ou o mesmo provavelmente vai lhe achar uma pirralha inexperiente, e por mais que ela seja isso mesmo, não quer passar essa impressão.

— Ainda quer conhecer a oficina? — ele pergunta com os olhos de cãozinho abandonado, e ela pensa um pouco antes de responder.

— Tudo bem… — sorri meiga e ele abre um largo sorriso.

— Ótimo então vamos indo — diz empolgado e logo segura a mão delicada da garota, seu toque é bom e firme e ela gosta.

Ela sorri ficando vermelha, e os dois seguem caminhando em direção a oficina que fica a vinte e cinco minutos da casa da Bennett. É a primeira vez que anda com um garoto assim de mãos dadas, e isso de certa forma é muito empolgante, principalmente quando outras garotas passam e olham incrédulas. Ela imagina que talvez seja mesmo surpreendente, um homão feito ele andar por aí com uma adolescente boba, e não evita dar uma risadinha baixa achando graça do quanto isso é inusitado.

Carter pega seu celular e manda uma mensagem para seu pai, para que ele não ficasse preocupado caso chegue um pouco tarde.

Carter: Papai, to indo para casa da menina que faz dupla comigo no trabalho de química, para terminar o trabalho. Não precisa se preocupar com horário, os pais dela vão me levar em casa. Beijos te amo. 

Após alguns minutos a resposta de Jhon chega, e ela respira aliviada, mas, ao mesmo tempo, se culpando por mentir para ele.

Jhon: Tudo bem, querida. Se precisar me ligue que irei buscá-la. Bom trabalho para vocês, minha boneca.

Carter: Obrigada papai, não precisa se preocupar.

Durante o trajeto todo, Carlos e Carter conversam e dão risadas. 


Tem algo diferente nele que a faz se sentir segura, além disso o moreno transpira confiança em cada palavra que sai de sua boca, e mesmo sem perceber acaba se tornando um cara intimidador na maioria das vezes. Mas isso nem de longe é algo que preocupa a garota, muito pelo contrário, ao seu ver ele é ainda mais lindo assim.

Está tão entretida e tão encantada, que o tempo passa rápido e sem ao menos perceber logo chegam a oficina.

Carlos abre o grande portão preto, com muros altos e brancos com uma grande placa na frente escrita Revizzi Auto Car.


Ela fica admirada com o ambiente que é enorme. Ao entrar analisa boquiaberta, o ambiente que imaginou ser sujo, com óleo e peças espalhadas, na verdade, é super ajeitado com tudo em seu devido lugar. Um carro vermelho Fiat inclinado, que o garoto começou a mexer a pouco tempo. Nas paredes todas as categorias de chaves, macacos entre outras ferramentas.

— Esse é meu local de trabalho, comecei a pouco tempo, mas os negócios já estão indo super bem — diz o moreno ao ver o rosto curioso da menina.

— É incrível, muito diferente do que eu imaginei, pensei que seria meio…

— Sujo? — ele cruza os braços e arqueia uma sobrancelha a olhando intimidadoramente, e ela gargalha concordando com a cabeça. — Pois saiba que minha oficina é mais limpa dessa cidade, senhorita fiscal.

— Não me restam dúvidas… — diz enquanto corre os olhos por um balcão com mais ferramentas, muito bem organizado.

— Olha quero que você veja uma coisa, vem comigo. — dizendo isso. Puxa a garota pela mão e sobe as escadas, em direção a uma sala lá em cima, com portas e janelas de vidro filmado.

Ela o segue curiosa. Assim que chegam, ele abre a porta e eles entram. Está tudo escuro, mas Miller acende a luz e ao ver que se se trata, ela põe a mão na boca, pois não imaginava tudo isso.

— C-Carlos isso é lindo — diz surpresa ao ver um grande buquê de girassóis, com uma caixa de chocolates finos a sua espera, na mesa de centro que tem na sala.

— Você gostou minha flor? — ele coloca a mão atrás da cabeça dando um sorriso sem graça.

— Sim, eu amei, nunca ganhei flores… — ela caminha até lá e pega o buquê com um grande sorriso, cheira os girassóis enquanto fecha os olhos apreciando o aroma de flores, o que faz o garoto ficar meio bobo com a sua reação meiga. Ela não entende a grande emoção que sente, mas sabe que não quer parar de sentir nunca. Tanto que volta a colocar as flores na mesinha, e se estica ficando na pontinha dos pés lhe depositando um beijo tímido, mas isso já basta para arrancar um largo sorriso do moreno.

— Baixei alguns filmes para assistirmos, tem pipoca de micro-ondas, sanduíches e refrigerante também. O que quer? — ela aperta os olhos pensando por meio segundo antes de se decidir.

— Pipoca, me parece uma boa ideia.

— Beleza, neném. Vai procurando um filme na freetflix, que farei então… — diz indo diretamente para a pequena cozinha americana planejada, que completa o ambiente.

Bennett para e olha a sala aconchegante, que mais parece um quarto de hotel, pois tem até espelho. Pega o controle, e liga uma TV de sessenta polegadas, e depois senta no sofá grande e vermelho, que é muito macio e aveludado. Ela começa a ver procurar o filme que a interessa, e se estivesse sozinha claramente escolheria um romance clichê, mas pelas últimas visualizações do garoto, que são de filmes de ação e terror, sabe que isso apenas o faria dormir. Passa por vários títulos, como Ananelle, O Grito de horror, Depois da Terra plana, A Maldição da Residência Hiller, Invocação dos Males, até que finalmente escolhe O Grito de horror. Deixa pausado, levanta e vai até Carlos na cozinha. Ele está de costas, e parece concentrado enquanto pega a pipoca no microondas.

— Já escolhi o filme, vem logo fabricará a pipoca? — diz rindo enquanto catuca suas costas largas.

— Sou um horror fazendo qualquer coisa na cozinha, é um milagre que ainda não tenha explodido esse lugar… — ele se vira e lhe entrega o saco pronto. — Calma só falta o refrigerante… pega duas latas de coca cola na geladeira e sorri — vamos indo.

Ambos caminham em direção a sala, e se aconchegam no sofá.

— Ah! Sabia que iria escolher essa categoria de filme romântico e… — ele arregala os olhos parando para ler o título, e parece chocado. — Não, espera aí — diz Carlos, surpreso com a escolha, e Carter começa a rir muito alto.

— Pensou que eu ia escolher esses filmes melosos? Não foi dessa vez, senhor C.

— Estou pasmo. Só não ficará gritando de medo, nem ter pesadelos a noite, ou ir ao banheiro de madrugada cantando "escolho Deus", daquele cantor lá. — Gargalha alto e exageradamente.

— Aff! Cala a boca, Carlos. Para de graça, e deixa eu ver o filme eu em… — responde sorrindo enquanto finge estar irritada com a zoação.

Não demora muito até a garota começar com aquelas frases apreensivas e nervosas. 

— Não entra aí, garota, quer morrer? Olha lá sempre essas idiotas que vão para lugares óbvios, ficam anunciando para o diabo que acabaram de chegar e morrem. — O moreno morre de rir com a apreensão da garota, pois para ele o filme não é nada interessante quando se tem alguém como ela por perto.

— Calma, meu amor você tá muito nervosa… — sussurra próximo ao seu ouvido, se aproveitando do fato de que está em uma posição favorável com o braço sobre seu ombro.

Nesse momento, o jovem coloca o saco com um pouquinho de pipoca que sobrou na mesa de centro, e volta já subindo em cima de Carter a trazendo mais junto a ele. Ela parece surpresa com isso de forma tão repentina, mas permite os avanços do garoto.


Os beijos ficam cada vez mais intensos, e sem intervalos. O moreno segura com uma das mãos fortes, a coxa de Bennett e com a outra mão segura sua nuca, enquanto sobe lentamente e toca sua intimidade por cima da calcinha. Apesar de seu coração estar indo na garganta, a mulher não consegue conter um gemido fraco. Ele para e a olha no fundo dos olhos com grande desejo, e já com o membro super ereto, Carlos abre os botões da blusa branca de gola polo de Carter, e começa a puxar sua saia. Entretanto, em um súbito de consciência, ela se assusta com a rapidez de tudo isso, e na mesma hora o empurra, com força o suficiente para afastá-lo de si.

— PARA! — exclama assustada, e ele obedece mais assustado ainda.

— Fiz algo de errado? — questiona confuso e preocupado.

Ela senta no sofá abraçando o próprio corpo, e se encolhe envergonhada. Calada sem dizer nada apenas fica pensativa.

O rapaz chega perto de Carter, coloca uma mecha de cabelo dela para trás da orelha, e a pergunta novamente confuso.

— O que houve, Carter? Fiz algo de errado? — dessa vez ela o encara no fundo dos olhos, e diz bem baixinho.

— S-sou virgem… — suas bochechas ardem, mas ele respira aliviado por ser apenas isso.

— Poxa me desculpa, se eu soubesse teria ido com calma, sou um idiota mesmo, eu devia ter imaginado… — ele levanta e anda de um lado a outro devagar, colocando às duas mãos atrás da cabeça, e respirando fundo para conter a excitação de segundos atrás.

— Tudo bem. Não precisa ficar assim… — Carter levanta para na frente do moreno e diz. — Talvez se for com mais calma, eu… — ela cora — é que, vontade sinto… entende? — ele a encara curioso… — porém… bem… penso que… — Logo é interrompida, porque Carlos a beija com ternura.

— Me desculpa, não precisa fazer isso por mim. Respeitarei seu tempo… — dizendo isso a pega no colo, e ela envolve seus braços em torno de seu pescoço. — Podemos deitar aqui, e tirar um cochilo agarradinhos, o que acha? — A garota sorri enquanto ele a deita na cama, e se aconchega ao seu lado fazendo conchinha.

— Acho ótimo. — Ele a agarra mais.

— Adoro o cheiro que vem do seu cabelo, sabia? É algum shampoo de morango? — diz com a voz rouca.

— É de cereja… — sussurra, mas se desvencilha novamente. — Espera apagarei a luz. — Diz levantando da cama e indo em direção ao interruptor, mas se aproximando vê algo que a deixa completamente paralisada, dentro da gaveta entreaberta de uma pequena cômoda. — O que é isso, Carlos? Uma arma?

O garoto da um pulo da cama, e olha surpreso pelo fato de que saiu e esqueceu a arma ali. Ele morde a boca por dentro, se praguejando até o último fio de cabelo por ser tão descuidado.

— Carter, calma posso explicar… — diz gaguejando enquanto tenta se aproximar dela, mas ela se afasta apavorada.

Nesse momento seu celular toca, ele olha e como é Brendon, atende sussurrando um "desculpa é importante" para ela, que o encara curiosa e ouve atentamente a conversa.

— Qual é Carlos? Está pensando em aparecer no galpão que horas mano? 

— Cara perdi completamente a noção do tempo, mas logo chego vou só me arrumar. Está tudo no esquema? — pergunta o moreno querendo saber sobre a carga que roubaram.

— Tudo certo! Só falta você chegar, Luiza e Megan já chegaram do Lions, e lá tudo funciona perfeitamente. — Diz o garoto com uma voz maliciosa, parecendo ter tomando algo com álcool.

— Beleza em quarenta e cinco minutos chego, deixa eu só resolver umas coisas por aqui. — responde com pressa, e logo desliga a chamada.

— Anda diz quem é você? Porque tem uma arma? — Carter não perde tempo e repete a pergunta.

Ele se encontra sem saída pelo que acaba de ouvir, e resolve abrir o jogo. Respirando fundo senta na cama e começa a falar.


— Meu pai sempre foi traficante de drogas, mas não está em condições de comandar por sofrer um acidente, ele está em coma e por causa disso como filho saí de casa e tomei a frente dos negócios. — Ela balança a cabeça incrédula, com as mãos trêmulas. — Montei a oficina de faixada, para que não levantasse suspeitas… — ele rola os olhos — Não queria falar sobre isso com você agora, e entendo se não quiser mais olhar na minha cara. Afinal, não fui sincero com você.

Ele fica em silêncio e Carter diz olhando para baixo e balançando a perna.

— Como pôde esconder algo assim? — sua voz está embargada, e ela precisa puxar o ar algumas vezes para manter a calma. — É o mínimo que se precisa dizer, quando é um bandido e se envolve com alguém! — ela grita e na mesma hora Carlos a encara com um expressão irreconhecível. Pois, não acredita no que acaba de ouvir. Mas responde firme.

— Me acha um bandido? — ri pelo nariz — então vai embora, não estou te obrigando a ficar. Mas quero que saiba, Carter que eu não sou uma pessoa ruim… — sua voz agora soa baixa. — Jamais magoaria você, porque, caralho você é de longe a garota mais doce e incrível que eu já conheci. — Ele encara as próprias mãos meio decepcionado, e isso mexe com o coração da morena de alguma forma.

— Tudo bem, me desculpe. Estou te pré julgando, mas veja o meu lado também né… — ela se aproxima dele e ergue seu rosto para encará-la. — Meu pai é líder de operações policiais, Carlos. Se ele descobre, você está frito. — O garoto franze o cenho, se perguntando no que foi se meter, mas confia  na mulher em sua frente.

— Isso é o de menos, não podemos nos separar, e desistir do que começamos.

— Não sei… — ela morde o lábio nervosa. — É arriscado demais.

— Ninguém precisa saber disso, o que acha? — Carter o encara respirando fundo e se auto intitulando uma idiota por seguir adiante com isso, mas por fim aceita.

— Tudo bem. — Ele sorri e a agarra pela cintura, a fazendo sentar em seu colo.

— Quero te levar a um lugar hoje, fica e diz que dormirá na casa de uma amiga. — A garota se empolga com a ideia.

— Aonde iremos? — diz curiosa com um sorriso de canto. 

— Vamos ao galpão, lá é dia de festa hoje. — Diz o rapaz indo em direção sua cômoda para pegar uma roupa legal para comemoração.

Carlos pega uma blusa social quadriculada cinza meia manga, uma calça jeans cinza-escuro e um casaco preto. Pega sua toalha na cadeira e vai em direção ao banheiro.

Enquanto isso Carter manda mensagem para seu pai.

Carter: Papai está tarde posso dormir na casa da Meggie?

Jhon logo responde Carter carinhosamente como sempre.

Jhon: Sim, minha querida pode dormir aí. Irei pernoitar aqui no escritório, tenho muita coisa a fazer. Avisarei sua mãe para que ela chegue do plantão e não se preocupe.

Carter: Obrigada papai, beijos. 

Ela senta na cama de casal de Carlos, que é extremamente macia e logo deita de bruços sentindo o cheiro masculino do perfume do rapaz nos lençóis. Ele sai do banho, se seca e coloca sua roupa. Vai até o quarto pega seu relógio prata na caixa que tem em cima da cômoda, e coloca no pulso esquerdo. Coloca seu perfume e pega seu tênis preto sentando na cama onde Bennett está e colocando primeiro as meias cano curto brancas e logo após o seu tênis. Ele olha para a jovem e diz com empolgação.

— Vamos minha flor? — Carter o encara incrédula, porém deslumbrada quando o vê extremamente gato.

— Você vai todo bonitão e eu com roupa de faculdade? — Ele gargalha diante da fisionomia do rosto da garota.

- Calma isso não será problema, providenciarei, apenas vamos. — Diz, mandando mensagem para Luiza sua amiga de infância.

Carlos: Luiza providencie um vestido, um salto, maquiagens e uns acessórios como se fossem para você. Estou levando uma convidada especial. Deixe tudo preparado no meu escritório.

Luiza: Quando chegar, estará tudo pronto.

Carter sorri e confia no moreno que a puxa para perto e a beija gentilmente, pega em sua mão e caminha para os fundos da oficina. Onde esta seu carro estacionado, com uma segunda garagem aberta para a rua de trás em uma rota estratégica. Ela olha o carro maravilhoso, um Nissan Vmotion prata com vidros escuros, banco de couro preto. Mas se repreende mentalmente por ficar tão deslumbrada, com algo que é fruto de tráfico. Mas desvia esses pensamentos.

Ele abre a porta do carona para ela que entre e ao entrar sente o cheiro de carro novo. Com o controle ele abre a garagem, entra e dá, a partida.

Ele liga o som que logo inicia na música Far Away de Nickelback, Bennett viaja ao som da melodia sentindo a adrenalina lhe tomar. Imaginando o que essa noite a reserva. 

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