Damon ThornSaí do escritório sem olhar para trás.Não por frieza. Mas, porque, se olhasse, não teria forças para sair.A dor e a incerteza nos olhos da humana eram piores do que qualquer ferida. Pior do que qualquer cicatriz que eu carregava nas costas.Mas eu precisava sair de sua presença. Eu não consigo me expressar sobre pressão.Meu corpo ainda sangrava. A transformação noturna deixara suas marcas. Mas o que doía de verdade era outra coisa.Era a vontade de contar tudo. De segurá-la. De dizer que ela não era só uma cozinheira. Que ela era tudo o que o meu lobo queria.E que isso me aterrorizava…Caminhei até a beira da floresta sem dizer uma palavra.A noite caía e o céu estava escuro, e o ar estava mais denso do que o normal.O lobo que tentou atacar Caroline já estava morto, mas eu sabia muito bem de onde era seu bando. Eles atacavam qualquer humano que ultrapassasse a floresta desacompanhado, mas eu ainda suspeitava que esse ataque foi pessoal.Ali, sob a sombra das árvores,
Caroline Hart“Você quer mesmo saber quem eu sou?”Aquela pergunta ficou suspensa no ar, flutuando entre nós como um suspense — ou talvez como um convite.Eu podia ouvir o som do vento atravessando as árvores ao fundo da casa, e por um segundo, tudo dentro de mim gritou para dar meia-volta. Para não ouvir. Para não saber.Eu queria ir embora. Queria deixar essa cidade para sempre, e fugir de tudo, assim como fiz em Nova York.Mas eu também sabia que fugir não era a cura. Só adiava a dor. Fugir deixava buracos, não cicatrizes. E Damon… ele era uma ferida que não parava de sangrar.No fundo, ele ainda tinha razão. Eu era somente uma cozinheira frustrada que foi traída um mês antes do seu casamento, e eu não queria viver fugindo para sempre. Mas eu estava cansada de meias verdades. Cansada de silêncios. Cansada de sentir que estava vivendo à margem de algo que me envolvia por completo.Ele ficou me olhando por alguns segundos, como se esperasse que eu fugisse. Como se parte del
Caroline HartEu não conseguia me mover.Minhas mãos estavam no chão frio da floresta, e meus joelhos ainda afundavam na terra molhada, mas minha mente... minha mente parecia flutuar fora do meu corpo.Damon Thorn tinha se transformado em um lobo.Literalmente. Diante dos meus olhos.Não em metáfora. Não em metáforas ou devaneios de dor.Ele. Mudou. De. Forma.E, mesmo assim, eu ainda o reconhecia.Aquela criatura enorme, escura, de olhos dourados, me encarava com algo que não era fome. Nem selvageria.Era cuidado. Não era igual ao lobo que me atacou, era completamente diferente.Era ele.Meus dedos se fecharam sobre a terra. Eu tremia. Não por medo, exatamente. Mas por algo muito mais assustador: a incerteza.Como alguém lidava com isso? Como alguém processava a ideia de que o homem por quem se sentia atraída, o homem que a beijou como se ela fosse seu ar, seu fogo, sua ruína... era uma criatura saída de uma maldita lenda?O lobo não se mexeu.Ele só me observava.Um passo. Depois
Damon ThornEla disse que estava apaixonada por mim.Ou algo próximo disso.Eu devia ter recuado. Devia ter dito que ela estava em choque. Que era adrenalina, confusão, excesso de emoção ou medo.jMas eu não consegui dizer porra nenhuma. Apenas fiquei parado ali, com as palavras dela ressoando dentro de mim como um uivo preso. Como uma verdade que o meu lobo já sabia... mas que o homem em mim não estava pronto pra ouvir.Ela era tudo que eu devia evitar: pequena, frágil, humana.Mas era tão forte quanto qualquer fêmea que eu já conheci.E mais perigosa do que qualquer inimigo que eu já enfrentei.Ela não fugiu.Ela não me viu em forma de lobo e correu — como eu esperava, como eu até desejei, numa parte covarde do meu instinto. Eu desejei que ela fugisse, porque, no fundo, não sei se sou capaz de dar o que ela merece.Mas ela ficou.E agora... me olhava como se ainda fosse possível existir “nós”.Eu fechei os olhos, respirei fundo."Por que você me mostrou?"ela me encarou." A pergun
Caroline Hart O lobo corria atrás de mim.As árvores pareciam fechar o caminho, e eu mal conseguia respirar. Cada passo era mais pesado que o anterior, como se o chão me puxasse para baixo. Meus pulmões queimavam. Meu corpo implorava por descanso, mas o pânico era mais forte.Eu gritava por ajuda, mas o som se perdia entre os uivos ao longe.O lobo era enorme. Escuro. Seus olhos eram poços de sombra. Não havia dúvida no que ele queria. Ele não estava caçando. Estava... julgando. Como se eu tivesse invadido um lugar que não me pertencia.Minhas pernas falharam. Escorreguei em uma ribanceira, e a única coisa que me impediu de cair foi a blusa, presa por um galho retorcido.Eu fiquei ali, pendurada, o coração batendo feito tambor.E ele veio.Devagar. Feroz.Os olhos fixos nos meus.Ele iria me matar.Até que...Acordei num sobressalto.O quarto estava escuro, mas o suor escorria pelas minhas costas como se eu ainda estivesse naquela floresta. O som do meu coração era alto demais. Meus
Damon ThornO beijo começou como um pedido mudo e terminou como uma rendição.Os lábios da humana nos meus, a respiração curta, o seu coração acelerado. Eu podia ouvir. Sentir. Quase saborear o medo misturado ao desejo.Ela ainda não confiava em mim totalmente — mas naquele instante, escolheu me tocar. E isso valia mais do que qualquer juramento.Minhas mãos pousaram em sua cintura com cuidado. Ainda assim, meu lobo rugia, roçando sob minha pele, querendo mais. Querendo marcá-la. Reivindicá-la.Mas eu respirei fundo.Controle.Ela não era totalmente minha. Ainda não.Ela era humana. E se eu deixasse meu lobo assumir, ele iria devorá-la na cama.“Você não devia confiar em mim,” murmurei contra sua boca, mesmo enquanto puxava sua nuca com os dedos. “Eu não sou feito para isso.”“Então por que me beija como se fosse?” ela rebateu, a voz rouca, firme, com os olhos presos nos meus.Meu peito apertou.Eu queria te domar como minha fêmea Caroline Hart.Mas eu não disse isso.Não disse nada.
Caroline Hart“Shhh… galera, calma. Não vou fazer barulho, mas estamos indo fazer uma surpresa para o meu noivo.” Comecei uma live no celular, sorrindo.Hoje conquistei o prêmio Michelin, que é um dos prêmios mais disputados na carreira de um chefe de cozinha. Senti que o mundo finalmente reconhecia tudo o que sacrifiquei para chegar até aqui.Assim que desci do palco, com o troféu ainda nas mãos, meu celular não parava de vibrar. Recebi vários convites: capas de revistas gastronômicas, participações em programas de TV, e até uma proposta de parceria com uma das maiores empresas de alimentos do mundo.A equipe de marketing da empresa de cooperação sugeriu que eu fizesse uma live para marcar o momento. Os dados mostravam que meu número de seguidores estava subindo em uma velocidade impressionante. Naquela manhã, faltavam cem mil para bater um milhão. Horas depois, a meta foi ultrapassada. E com ela veio o aviso: se eu atingisse um milhão de seguidores naquele dia, o contrato de colabor
Ninguém nos prepara para fugir quando o cárcere vem com uma aliança de noivado e o homem que amamos.O carro parou numa estradinha de terra. Árvores altas cercavam os dois lados, como se o mundo tivesse reduzido a silêncio e sombra. Narrowsburg. Um vilarejo esquecido no interior de Nova York, onde até o tempo parece desacelerar.A porta do carro se abriu sem cerimônia. O motorista deixou minha mala no chão de terra batida e partiu sem dizer uma palavra. Só o som dos pneus sobre a estrada molhada ecoou, até sumir por completo.Ali estava eu. Sozinha. Com o mundo desmoronado nas costas e um contrato maldito me prendendo a um homem que eu mal reconhecia.A casa surgiu entre as árvores como algo saído de um livro antigo. De pedra escura, varandas amplas e uma solidão que quase gritava. Um lugar isolado, esquecido. Perfeito para alguém que queria desaparecer — ou se esconder.Bati à porta, e uma mulher de olhar rígido me analisou por trás da corrente de segurança."Caroline Hart não é?", p