Nada ali havia sido tocado recentemente. Ao fechar suavemente a porta atrás de mim, percebi que o único som que podia distinguir era o tique-taque constante de um relógio vindo de algum canto da sala.
Não havia sinal de Samuel, mas enquanto passava os dedos pelas encadernações ásperas de couro, limpando a poeira dos dedos, eu sabia que ele estava ali.
Podia o senti em tudo; reconhecer aquele aroma familiar que me deixava louca (embora desta vez trouxesse um tom metálico de sangue). Por isso, mal me surpreendi quando saí da fileira de estantes e o encontrei sentado em um dos dois sofás desgastados, em um espaço fechado com uma lareira apagada.
Teria sido uma cena acolhedora se o ambiente não parecesse tão abandonado, com teias de aranha pendendo do teto e partículas de poeira dançando por toda parte.
Mas seria difícil não admitir que a visão do meu parceiro tornava tudo um pouco melhor.
Samuel estava reclinado em sua poltrona com o queixo erguido para o teto e os olhos fechados.
Ele não