Edgar não conseguia se conformar. Já faziam dias que Gloria estava refugiada na matilha de Santos, e apesar das várias tentativas, ela se recusava a falar com ele. Cada encontro era um desastre, um teatro de absurdos que terminava sempre com Gloria expulsando-o aos gritos.
Na primeira tentativa, Edgar decidiu que uma abordagem direta poderia ser a melhor opção. Chegou ao acampamento com uma bandeja de comida que ele mesmo havia preparado, esperando que o gesto de cozinhar algo para ela pudesse amolecer seu coração. Com passos hesitantes, aproximou-se da cabana onde Gloria estava hospedada. Ao vê-lo, porém, a expressão de Gloria transformou-se rapidamente de surpresa para raiva. Ela olhou para a bandeja de comida como se fosse um insulto.
"Você acha que pode me cozinhar uma refeição e tudo será perdoado?" ela gritou, jogando a bandeja no chão, espalhando comida por toda a entrada da cabana. Edgar, segurando o ímpeto de recolher os pedaços, apenas murmurou um pedido de desculpas e recuo