DAVINA
O motor do carro de Aaron roncava baixinho na escuridão da rua deserta. A luz fraca do poste piscava, projetando sombras irregulares no asfalto. Daí de dentro, podíamos ver a casa da minha mãe, suas janelas fechadas e a silhueta de uma cortina se movendo levemente com o vento.
Eu estava no colo de Timmy, sentindo o calor do seu corpo contra o meu. Ele tamborilava os dedos na minha coxa, inquieto, enquanto olhava pela janela. Gutemberg estava no banco ao meu lado, calado como sempre, mas com o maxilar travado. Aaron e Meia-noite dividiam o banco da frente, conversando em sussurros sobre alguma coisa que eu não fazia questão de ouvir. Meia-noite acendeu um cigarro, e o cheiro amargo de nicotina preencheu o carro.
— Então, você está dizendo que Pryia sabia mais do que contou? — Aaron finalmente quebrou o silêncio, se virando levemente para me encarar.
— Eu não acho. Eu tenho certeza. — Minha voz saiu firme, mas meu estômago se contorcia com as lembranças. — Lucia não gostava de mi