Ponto de vista de Olivia
Empurrando a porta, encontrei um Lennox furioso me esperando. Seu quarto estava uma bagunça. Roupas espalhadas pelo chão, sapatos jogados em todos os cantos. Fiquei confusa ao vê-lo naquele estado, porque Lennox é um homem de primeira linha quando se trata de limpeza; ele adora tudo arrumado. No momento em que percebeu minha presença, ele se virou para mim, e nossos olhares se encontraram. Eu podia ver raiva e ódio por mim em seus olhos, e isso me deixou perplexo porque, entre os trigêmeos, Lennox era o mais próximo de mim quando éramos pequenos. Naquela época, quando meu pai ainda era um guerreiro respeitável, ele me levava à casa da matilha para vê-lo treinar, e em várias ocasiões, meu caminho cruzou com os trigêmeos. Eu tinha apenas sete anos na época, e eles tinham doze, mas acabamos nos tornando grandes amigos. Na verdade, eu visitava a casa da matilha com mais frequência, e enquanto meu pai treinava outros guerreiros, eu brincava com os trigêmeos. Mas isso foi antes. Antes que tudo desmoronasse. Assim como Anita, eles cortaram todos os laços, agindo como se nunca tivéssemos sido amigos. "Quem limpou meu quarto ontem?" Lennox perguntou de repente, sua voz cheia de raiva que fez meu lobo gemer de medo dentro de mim. Engoli em seco de medo e me forcei a falar. "Sim." A expressão de Lennox escureceu, e ele deu outro passo em minha direção, mas, por medo, instintivamente dei um passo para trás. "Então me diga, Ômega", ele zombou, sua voz cheia de raiva, "onde está o colar de diamantes que eu guardei na minha gaveta de cima?" Fiquei paralisada, com o coração disparado enquanto as palavras de Lennox assimilavam. Um colar de diamantes? Eu não fazia ideia do que ele estava falando. Minha mente girava, tentando me lembrar se eu tinha visto algo parecido enquanto limpava o quarto dele. Mas tudo o que eu conseguia lembrar era de organizar seus pertences espalhados, dobrar suas roupas e tirar o pó das superfícies. Não havia nenhum colar na gaveta. “Eu... eu não vi nenhum colar”, gaguejei, minha voz tremendo ao encontrar seu olhar acusador. Os olhos de Lennox se estreitaram. "Não minta para mim, Ômega", rosnou ele, com o tom carregado de raiva. "O colar não criou pernas e saiu da gaveta." "Não estou mentindo!", protestei, com o pânico transbordando na voz. "Limpei o quarto, mas não peguei nada. Juro!" Ele fechou a distância entre nós instantaneamente, elevando-se sobre mim com seu corpo imponente. "Você espera que eu acredite nisso?", ele disparou. "Você e os seus são todos iguais. Ladrões e mentirosos." Suas palavras me feriram, e senti minha loba se agitar de raiva, mas rapidamente a reprimi. Defender-me de Lennox naquele estado só pioraria as coisas. "Eu não peguei", repeti, com a voz mais firme dessa vez. "Pode me revistar se não acredita. Procure no meu quarto. Procure onde quiser. Não tenho nada a esconder." Lennox me observou, com o maxilar cerrado. Por um instante, pensei que ele fosse me bater, mas, em vez disso, ele se virou e começou a vasculhar o quarto, abrindo gavetas, jogando roupas no chão e virando móveis em busca do colar. Fiquei ali, com os lábios apertados, lutando para conter as lágrimas. O Lennox que eu conhecera na infância, o garoto que me ensinara a subir em árvores, o garoto que me ensinava a nadar, que me protegia das travessuras dos irmãos, havia sumido. Em seu lugar, estava um homem frio e amargo que me via como nada mais do que um ladrão e um mentiroso. Minutos depois, Lennox parou de procurar, respirando pesadamente em meio ao caos que havia criado. O colar não estava em lugar nenhum. Ele se virou para mim, com os olhos ardendo de frustração. "Não consigo encontrar, Olivia. Perdeu. Era um presente que comprei para a Anita, um presente que eu queria dar a ela no seu aniversário de dezoito anos. Você sabe quanto me custou?", perguntou ele, furioso. Engoli em seco de medo, mas me mantive firme. "Eu não peguei..." "Mentiras!" ele me interrompeu com raiva. Lennox expirou bruscamente, esfregando a têmpora. "Isso não faz sentido", murmurou. "Você limpou meu quarto. Você foi a última a chegar." Seu olhar endureceu. "Não minta para mim, Olivia. Onde está?" Quando fiquei em silêncio, seus olhos brilharam. "Você é um ladrão, igual ao seu pai! Um ladrão!", ele xingou, e eu apertei os lábios, me segurando para não responder. As palavras de Lennox me atingiram como um soco no peito. Uma ladra. Assim como meu pai. Não importava o quanto eu trabalhasse, o quanto eu tentasse manter a cabeça baixa e ficar longe de problemas, esta matilha sempre me veria como a filha de um guerreiro desgraçado. "Só duas pessoas entraram nesta sala ontem", continuou Lennox, com a voz baixa e áspera, como o rosnado de seu lobo pronto para atacar. "Você e Anita. Então, me diga, Olivia, quem mais poderia ter pegado?" Fiquei tensa com as palavras dele, as peças se encaixando na minha mente. Anita. Claro. Ela tinha estado no quarto dele ontem. Lembrei-me de vê-la parada ao lado da cômoda, fingindo admirar uma fotografia emoldurada. Eu conhecia Anita melhor do que ninguém. Ela era astuta, sempre procurando maneiras de conseguir o que queria. Lembrei-me da vez em que ela roubou o bracelete de prata de um guerreiro da matilha, só para chorar e se safar da enrascada. Ou da vez em que ela incriminou um servo por quebrar o vaso favorito do Alfa, o que lhe rendeu uma semana nas masmorras. E agora, ela tinha feito de novo. Mas, desta vez, eu era o bode expiatório dela. Quem ousaria entrar no quarto de Lennox e roubar algo tão valioso? Ninguém. Ninguém, exceto Anita. Mas as palavras pesavam na minha língua. Eu não conseguia dizer. Não para Lennox. Se eu acusasse Anita, só pioraria as coisas para mim. Ninguém acreditaria em mim. Lennox a defenderia, assim como todos os outros fizeram. “Eu não peguei”, repeti. Lennox soltou uma risada amarga, balançando a cabeça. "Você acha que eu sou burro, não é?" Engoli uma resposta, meu lobo rosnando de frustração. Eu queria gritar a verdade para ele, dizer que Anita estava longe de ser a garota inocente e perfeita que ele pensava que ela era. Mas eu não podia. Não sem provas. E mesmo que eu tivesse provas, não importaria. Anita tinha os trigêmeos na palma da mão. "Sabe de uma coisa, Olivia?", Lennox zombou, dando mais um passo em minha direção. "Cansei de perder meu tempo com você. Se aquele colar não aparecer até o fim do dia, vou garantir que você e sua mãe sejam punidas. Severamente." Suas palavras me arrepiaram, mas me mantive firme, encarando-o. "Eu não aceitei", repeti uma última vez, com a voz firme, apesar do medo que me percorria. Lennox me encarou por mais um instante antes de se virar, com os ombros tensos de raiva. "Eu te dou até o fim do dia para devolver esse colar. Sai daqui", rosnou ele. Não precisei que me mandassem duas vezes. Virei-me e saí do quarto, com o coração disparado enquanto caminhava pelo corredor. Assim que me afastei o suficiente, encostei-me na parede, com as pernas tremendo. Anita. Tinha que ser ela quem pegou o colar. Eu sabia disso no fundo. Mas como eu poderia provar sem me colocar em perigo ainda maior? As trigêmeas não acreditariam em mim, e Anita simplesmente negaria, distorcendo a situação para me fazer parecer a vilã. "Aqui está, Olivia", disse um guarda enquanto se aproximava de mim. "Levi está te procurando e não parece nada feliz." O anúncio do guarda fez meu coração afundar de medo. "Por quê? O que aconteceu?", perguntei, apavorada. Joshua, o guarda, balançou a cabeça. "Não sei, Olivia, mas ele está realmente furioso e exigente com você." Merda! O que será que pode ser dessa vez?