Ponto de vista de Olivia
“Comece a falar, Olivia… antes que eu perca a paciência”, Levi exigiu, com a voz carregada de raiva. Fiquei paralisado, incapaz de formular palavras enquanto lutava para processar a acusação. De novo. Eu estava sendo acusado de roubo — de novo. "Olivia!", sua voz ecoou pela sala. "Não me faça perder a paciência! Onde está o maço de notas de dólar que eu guardava na minha gaveta? Fala, sua ladra!" Meus olhos se arregalaram em choque. Mas antes que eu pudesse responder, a porta do quarto de Levi se abriu de repente, e Louis entrou furioso. “Olivia, onde está o dinheiro que guardei na minha gaveta?” Louis perguntou. Dei um passo para trás, com a respiração ofegante enquanto Levi e Louis me encaravam com uma fúria fulminante. Meu coração batia forte no peito — não por culpa, mas por pura descrença. Aquilo não ia acontecer. Não de novo. “Eu não peguei nada”, consegui dizer, com a voz trêmula. Levi zombou, passando a mão frustrada pelos cabelos. "Sério? Então nos diga quem mais poderia ter pegado. Quem mais entra no nosso quarto se não você?" Louis cruzou os braços, franzindo a testa ainda mais. "Não se faça de inocente, Olivia. Só devolva o dinheiro e nos poupe de todo esse drama." Lágrimas se acumularam em meus olhos, mas me recusei a deixá-las cair. Pelo menos não agora. Engolindo o nó na garganta, forcei-me a falar. "Eu não peguei o dinheiro de vocês", repeti, mais alto dessa vez, com a voz trêmula de emoção reprimida. "Eu jamais roubaria de nenhum de vocês." "Mentiroso!" Estremeci ao ouvir a nova voz e me virei para ver Lennox parado na porta. Seus olhos, cheios de ódio frio, fixaram-se nos meus. “O colar que comprei para Anita também sumiu”, anunciou ele, virando-se para os irmãos. Todos os três — Levi, Louis e Lennox — olharam para mim como se eu fosse o pior tipo de lixo. Levi foi o primeiro a vir em minha direção e, em pânico, tentei fugir, mas foi inútil. Eu estava cercada pelos trigêmeos. Levi me prendeu contra a parede, levantando minhas mãos acima da cabeça enquanto seu olhar ardente estava fixo em meus olhos. “Esta é sua última chance de confessar e devolver o que roubou, ou você será tratado de acordo”, ele ameaçou. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha quando encontrei seu olhar raivoso. Eu sabia que, independentemente do que eu dissesse, eles jamais acreditariam que eu não os havia roubado. Eles jamais acreditariam que sua preciosa Anita era quem os estava roubando. “Um... dois...” Levi começou a contar, e tudo o que consegui fazer foi derramar mais lágrimas. Chorei silenciosamente, sabendo que a punição por roubar naquela casa era brutal. Alguns ladrões eram jogados nas masmorras, como meu pai. Outros tinham as mãos decepadas. Alguns enfrentavam destinos ainda piores. Enquanto Levi contava, minha mente disparava. Será que eu acabaria como meu pai, apodrecendo numa masmorra? Ou pior? "Dez." Ele soltou meus pulsos e deu um passo para trás. "Ela é igualzinha ao pai: uma ladra teimosa", zombou Lennox. Mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. "Guardas! Tragam algumas criadas!", ordenou Luís bruscamente. Enquanto esperávamos a chegada das empregadas, meu coração disparava. O que aqueles homens iriam fazer comigo? Por que estavam chamando empregadas? Meu olhar encontrou o de Lennox, e ele me encarou com tanto ódio que me fez pensar: será que ele realmente me odiava só porque meu pai foi acusado de roubo? Era só isso ou havia algo mais envolvido? Como um homem que antes me estimava agora podia me olhar com tanto desgosto? Três criadas entraram e curvaram suas cabeças para os trigêmeos. Levi foi quem aplicou a punição. "Levem-na para o terraço da mansão. Tirem suas roupas e apliquem pimenta em seu corpo nu. Certifiquem-se de que ela se ajoelhe sob o sol." Uma lágrima escorreu pela minha bochecha, mas não disse nada. Comparado ao que era feito com qualquer pessoa acusada de roubo, aquela era uma punição menor para mim. “Leve-a embora”, Lennox exigiu friamente. As criadas me pegaram pelos braços e me levaram para fora do quarto. Não resisti. Não havia sentido. Enquanto caminhávamos pela mansão, vi minha mãe. Ela soluçava, o corpo inteiro tremendo, mas não ousou se aproximar de mim. Se o fizesse, compartilharia meu castigo. Quando chegamos ao terraço, as empregadas me soltaram. “Por favor, tire a roupa”, um deles pediu suavemente. Hesitei, meu corpo inteiro tremendo, mas não havia escapatória. Engolindo em seco, comecei a tirar as roupas, com as lágrimas escorrendo livremente. Uma das criadas pegou uma tigela de pimenta-do-reino moída e se aproximou. Meu corpo ficou tenso. No momento em que o primeiro punhado de pimenta tocou minha pele, um grito de agonia escapou dos meus lábios. Meu corpo convulsionou enquanto a ardência ardente se espalhava pela minha pele. Eles a esfregaram por toda parte — cada centímetro da minha pele exposta, exceto o rosto. A sensação de queimação era insuportável. Meus joelhos cederam, mas me forcei a permanecer em pé. “Você tem que se ajoelhar”, disse uma das criadas. Hesitei, mas meu corpo já estava cedendo. Lentamente, caí de joelhos, com os soluços me consumindo por inteiro. O sol escaldante me castigava, intensificando o tormento. Meu corpo inteiro parecia estar em chamas. Como alguém pode ser tão cruel? Eu queria gritar, implorar para que a dor parasse, mas sabia que isso só pioraria as coisas. Era como se o sol estivesse contra mim, pois começou a esquentar ainda mais. Meu corpo inteiro ardia de dor, e parecia que eu desmaiaria em breve. A dor era insuportável. Nunca imaginei que passaria por tamanha tortura. Com os olhos marejados de lágrimas, olhei para as criadas que estavam em um canto, me encarando com pena. Lágrimas dolorosas escorriam pelo meu rosto enquanto meu corpo inteiro queimava. Enquanto a dor excruciante me envolvia, minha visão ficou turva e minha cabeça girou. Memórias dolorosas passaram pela minha cabeça. Os trigêmeos me adoravam. Eles brigavam para ver quem passaria mais tempo comigo. Eles discutiam de brincadeira sobre qual deles se casaria comigo quando crescêssemos. Como tudo mudou tão drasticamente? Como homens que antes me estimavam de repente me odiavam tanto? Gostaria que meu pai não tivesse sido incriminado. Gostaria que sua inocência tivesse sido provada. Então, talvez... talvez, os trigêmeos não me odiassem tanto. A ardência ardente da pimenta se intensificou, queimando cada centímetro da minha pele exposta. Eu lutava para permanecer em pé, meus joelhos fraquejando. A cada respiração agonizante, o mundo parecia se inclinar e balançar até que, finalmente, eu não consegui mais lutar contra a sensação avassaladora de náusea e tormento. Meu corpo cedeu e eu desabei no chão. Vozes distantes chamavam meu nome, mas eu já estava mergulhando na escuridão, no passado. Nos dias em que os trigêmeos juraram que me protegeriam. Na época em que brigavam para ver quem se casaria comigo, não quem me destruiria. Mas aqueles garotos se foram. E eu também.