O hospital tava lotado, como sempre. O barulho de crianças chorando, gente falando alto no celular e aquela música ambiente de espera eram quase sufocantes. Matheus estava ao meu lado, com o pé batendo no chão numa agonia só.
— Se essa médica demorar mais cinco minutos, eu juro que vou dar um tiro na cara de alguém, Halu.
Revirei os olhos, segurando a vontade de rir. Ele era exagerado até a última gota, mas essa mania de resolver tudo na base da ameaça me tirava do sério.
— Matheus, pelo amor de Deus! Que exemplo é esse que você quer dar pras nossas crianças?
Ele bufou, cruzando os braços como uma criança contrariada.
— Exemplo, Halu? O exemplo é que ninguém brinca com a minha família, porra!
Respirei fundo, segurando a paciência. Coloquei minha mão sobre a dele, tentando acalmá-lo.
— Ó, respira e para de palhaçada. Tá tudo bem. A médica vai chamar a gente logo. Não precisa arrumar confusão.
Ele me olhou, meio contrariado, mas assentiu. Matheus era assim: uma mistura d