>ESTELA<
Allan chegou cerca de vinte minutos depois, com o olhar cansado e um cheiro forte de álcool misturado a perfume extravagante.Ele suspirou frustrado e irritado.— A vadia da Liz tem outro.Olhei surpresa para Allan, ele sabe?— E?— Como “E” mamãe? Ela tem outro. E está dormindo com esse cara. Ele teve a coragem de me trair com esse palhaço. Você sabe o que isso significa?Ele não sabe que esse cara é o seu próprio pai. Meu plano ainda está intacto.— Se você tivesse ouvido o meu conselho, querido, você não teria que aceitar outro homem fudendo com ela.— Eu não queria fazer à força. Assim não tem graça. Mas agora ela simplesmente se entregou para outro.— Deixa a mamãe resolver para você. Confia em mim?— O que você pretende…— Só confia na mamãe. Mas as coisas terão que ser do meu jeito. — Allan hesitou, era de se esperar. Ele é um frouxo assim com o pai. — Confia em mim, quando você menos esperar. Elizabeth estará na p>ALLANAinda estou puto da vida.Eu estava enfurecido. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Liz... com outro homem.Ainda tinha que aturar aquele velho patético pai dela.A raiva tomou conta de mim de uma forma que eu não sabia como controlar. Não era só o fato de ela estar com outro cara, mas era a maneira como ela parecia tão feliz.Eu olhava para ela e sentia que tinha perdido algo que nunca poderia recuperar. Algo que eu achei que fosse meu. Algo que sempre seria meu.Mas agora a vagabunda se entregou para outro.A sensação de traição me consumia por dentro.Como ela poderia fazer isso comigo? Eu estava ali, destruído, vendo a vida dela seguir em frente, e ela nem ao menos parecia se importar.Eu a amava. Eu ainda a amava. E ver ela nos braços de outro homem... isso não fazia sentido para mim. O que ele tinha que eu não tinha? O que ele oferecia que eu não poderia dar?Tudo o que Liz fez foi um drama desnecessário só po
>ALLANAcordei com o toque estridente do meu celular e uma tremenda dor de cabeça.Estela estava me ligando. Queria me ver com urgência.Estela às vezes me surpreende, ela não é a mulher que inventa você fazer algo sem se beneficiar com isso.A voz dela ainda ecoava na minha cabeça enquanto eu dirigia até a empresa de Patrício. Algo nela sempre me deixava inquieto.Eu sabia que ela estava tramando alguma coisa, só não sabia ainda o que era.Eu sabia que Estela nunca falava nada por acaso, cada conselho ou sugestão dela tinha um objetivo escondido. Mas, no fim, ela sempre conseguia me convencer.Por quê?Talvez porque, no fundo, eu ainda quisesse acreditar que ela se importava comigo.Suspirei, apertando o volante.Eu não gostava de pedir para Patrício, e muito menos de ir até ele na empresa. Mas a verdade era que eu precisava.Mais uma vez minhas contas estavam acumulando, aquele maldito, o chefe da facção, estava me pressionando de
>ELIZABETHCheguei à empresa sentindo um misto de ansiedade e expectativa. Não era como se eu nunca tivesse estado ali antes, mas ultimamente, cada encontro com Patrício carregava uma tensão diferente, uma mistura perigosa de desejo e incerteza.Nada entre a gente havia mudado, era como se tudo fosse como a primeira vez. Nosso tesão continuava intenso.Atravessei os corredores com passos decididos, tentando ignorar os olhares curiosos de alguns funcionários.Meu namoro com Patrício estava cada vez mais público.Desde que nosso relacionamento começou a se tornar mais evidente dentro da empresa — mesmo que ainda tentássemos manter as aparências — eu sabia que as pessoas comentavam.Não me importava. A gente simplesmente se apaixonou.— Bom dia, Jeh!— Bom dia, Liz!Olhei ao redor, alguns funcionários agitados, porém pude perceber um novato que me olhava atentamente de longe. Ele tem feito bastante isso.Mas decidi ignorar, pode ser só cois
>ELIZABETHFernando chegou mais perto, com as mãos nos bolsos e um sorriso de quem sabia que estava vivendo um momento especial com seu filho. Ele estava visivelmente encantado, quase sem palavras.– Ah, você sabe como é – disse Fernando, com um tom de quem estava adorando aquele momento. – Jerusa não conseguiu arranjar quem ficar com ele hoje, então... teve que trazer o pequeno para o trabalho. E ele adora passear pela empresa.Gael olhou para mim com aqueles olhinhos brilhantes e me perguntou:– Posso te chamar de tia Liz?— Claro que pode — E você vai brincar comigo?Eu ri baixinho, imaginando o que ele teria em mente. Havia algo tão simples e encantador em suas palavras.Para ele, o mundo era um grande parque de diversões. Eu olhei para Fernando, que, embora estivesse tentando se controlar, claramente se derretia vendo Gael com aquele entusiasmo todo.Jerusa não era diferente. Os três formavam uma família linda.– O que você acha, F
>ELIZABETHSorrimos e continuamos brincando por alguns minutos, até eu infelizmente ter que voltar ao trabalho.— Liz! — Jerusa me chamou. — Patrício quer te ver.Me levantei e despedi do pequeno Gael com um até mais tarde e fui ver Patrício.Respirei fundo antes de bater na porta da sala dele e entrar. Patrício estava atrás da mesa, olhando para alguns papéis, mas assim que me viu, largou tudo e sorriu de lado.— A senhorita está pontual.Revirei os olhos e cruzei os braços.— Como se eu não fosse sempre.Ele riu, se recostando na cadeira.— O que temos para hoje?Sentei na cadeira em frente à mesa e tirei os documentos da bolsa.— Precisamos revisar os contratos do novo projeto. Algumas cláusulas precisam ser ajustadas antes da assinatura final.Patrício pegou os papéis e começou a analisá-los. Enquanto ele lia, eu aproveitei para observá-lo.O jeito que sua expressão se tornava séria ao se concentrar, a forma como seus ded
>ELIZABETHO choque percorreu meu corpo como um raio, me deixando completamente paralisada. O silêncio que se instalou na sala era ensurdecedor, mas foi quebrado em segundos por minha própria voz, tremula, mas carregada de incredulidade.— O que… o que você está fazendo aqui?— Eu que pergunto, o que você está fazendo, sua vagabunda. — Allan gritou, descontrolado.— Cuidado com o que você fala Allan. — Patrício advertiu.Patrício o conhecia? O que estava acontecendo?— Você o conhece? — Perguntei para PatrícioAntes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Allan interviu — Não se faça de inocente. VAGABUNDA.Em um momento rápido Allan avançou, vindo em minha direção. Suas mãos agarraram o meu pescoço, cortando todo o meu suprimento de ar.Patrício interveio rapidamente jogando Allan para longe, antes que pudesse causar grandes danos.— Qual é o seu problema, porra? — Patrício gritou avançando em cima do meu ex. Tentei impedi-lo mas não
>ELIZABETH— Agora tudo faz sentido — ele murmurou, sua expressão se contorcendo em puro desprezo. — Você não conseguiu me prender, então decidiu mirar mais alto.Meus olhos se arregalaram.— O quê?!— Não se faça de sonsa! — ele explodiu, a voz carregada de rancor. — Você tentou me seduzir, me envolver, mas eu não caí no seu joguinho, não foi? Então resolveu ir atrás do meu pai!Um gosto amargo subiu para minha garganta. Eu nunca, jamais, tinha esperado ouvir algo assim de Allan.— Você perdeu completamente o juízo!Ele deu um passo mais perto, os olhos injetados de raiva.— É isso que você faz, Elizabeth? Sobe na cama de homens poderosos para conseguir o que quer?O tapa que dei nele foi tão rápido e instintivo que nem percebi quando minha mão se moveu.A sala ficou em silêncio.Allan me encarou, chocado. Sua bochecha estava vermelha, mas o que mais me assustou foi o brilho de fúria que tomou seus olhos logo em seguida.Mais um
>PATRÍCIOLiz ainda estava parada no meio da minha sala, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada. Eu podia ver a tensão nos seus ombros, os olhos brilhando de frustração e raiva.Suspirei, esfregando o rosto com as mãos. Isso tinha sido um completo desastre.— Você está bem? — perguntei, mantendo minha voz firme, mas menos áspera do que de costume.Ela soltou uma risada seca, cruzando os braços.— Você acha que estou? Meu ex namorado é filho do meu atual? Como eu poderia? Ele ainda por cima me chamou de interesseira Eu endureci ao ouvir aquilo.— Eu não fazia ideia.— Eu também não! — ela explodiu, balançando a cabeça. — Como isso é possível, Patrício? Como eu passei dois anos com Allan e nunca soube que ele era seu filho? E como fiquei tanto tempo aqui com você e nunca soube que você era pai dele?Passei a mão pelos cabelos, tentando organizar meus pensamentos. Nada disso fazia sentido. Como ela e Allan tinham um passado sem