Eduardo:
Domingo:
Acordei no dia seguinte e já tinha uma mensagem de Sofia no meu celular.
"Oi, o que acha de um almoço e depois uma ida ao cinema?"
"Tem certeza?" Pergunto
Confesso que achei muito estranho. Ela tem um noivo e não faz sentido querer almoçar e ir no cinema comigo.
"Claro, esteja em frente ao burger king às 13:00"
"OK, vou me arrumar"
Já era 12:00, sim, eu acordei tarde.
Fui para meu quarto, separei a roupa que iria usar e segui para o banheiro.
Tomei um banho quente e me vesti.
Dei uma penteada no cabelo e pronto.
Olhei no relógio 12:36
Peguei a chave do carro, meu celular, minha carteira e fui pro shopping.
Cheguei lá 12:50.
Agora era só esperar.
Quando deu 13:10 eu vi Heloísa.
Assim que me viu ela sorriu.
-Oi- ela diz e me cumprimenta com um beijo no rosto
-Oi, o que está fazendo aqui? Veio dar uma volta?
-Sofi me chamou, disse que precisava conversar comigo.
Inacreditável.
-Ela também me chamou.- digo
Ela me olha e franze o cenho.
-É o que estou pensando?
- Acho que ela tá querendo unir a gente.- ela diz e começa a rir
Aquele sorriso era tão lindo que eu sorri junto.
E então ela para de sorrir e me encara.
-Desculpa por isso- diz após respirar fundo.
-Ah, tudo bem.
Ela encara o chão e depois volta a me olhar.
-Então, acho que já vou indo.
Ela se vira para ir mas eu seguro seu braço e a puxo para mim.
-Já que estamos aqui acho que devíamos aproveitar.
Por um instante ela fica em silêncio, parecia pensativa, podia sentir um pouco de medo através do seu olhar.
-É, acho que tudo bem.
-Tá com fome?- pergunto
-Muita.
-Senhorita Heloísa, me daria a honra de almoçar comigo?- digo estendendo a mão como se fosse levá-la para dançar.
Ela sorri e segura minha mão.
-Com prazer, Senhor Eduardo.
Fizemos nossos pedidos e depois sentamos para comer.
-E então, está melhor?- pergunto me referindo a como ela estava triste ontem.
-Aaahh... estou- diz baixando o olhar
É claro que não estava.
-Se quiser conversar eu estou aqui.
Toco em seu ombro tentando lhe passar um pouco de confiança, mas acho que é inútil.
Volto a comer e percebo que ela só mexe na comida.
-Não vai comer?- pergunto
-Perdi a fome.
- Então também não vou- me levanto e paro em sua frente- vem
Seguro sua mão e a tiro dali, fomos caminhando em direção ao cinema.
Já que Sofi tinha falado sobre ir no cinema eu achei uma ótima idéia.
-Qual filme quer ver?
-Qualquer um de terror.- ela diz
Achei que ela ia escolher um de romance ou comédia, mas estava enganado.
Essa mulher é incrível.
Estava passando "A Primeira Noite de Crime" e decidimos ver esse.
Comprei os ingressos e faltavam 20 minutos para o filme começar então sentamos em um banco para esperar a hora passar.
-Você é legal- ela diz do nada.
-Obrigado, você também é.
-Pessoas legais não deviam sofrer.
-Concordo, sinto muito pelo o que aconteceu com você.
-Não vamos mais falar disso, ele não merece que eu fique lembrando dele ou sofrendo por ele.- ela diz com o olhar distante.
-Tá bom.
-Mas e aí? Já decidiu se vai mudar de casa ou se vai ficar com aquela gigante mesmo?
-Não tive tempo de pensar sobre isso desde ontem.
- Se quiser procuro uma casa com você.- diz gentil
-Vou cobrar em.
-Pode cobrar- diz sorrindo
O sorriso dela é lindo e ela precisa saber disso.
-Seu sorriso é lindo.- digo
Ela me olha e por um momento nos encaramos.
Estávamos um pouco pertos, me aproximei mais, coloquei minha mão em sua nuca e a puxei para um beijo.
O beijo era calmo, acolhedor.
E então ela parou o beijo.
-Por favor não faz mais isso.- ela diz ainda perto, mas parecia um pouco assustada.
-Não vou fazer nada que você não queira.
Ela fecha os olhos e respira fundo.
Faço carinho em seu rosto enquanto ela me olha quietinha.
-Acho melhor a gente ir.- ela diz ficando rapidamente de pé, como se algo dentro dela estivesse dizendo que aquilo era errado.
Concordo com a cabeça.
Olho o relógio e já estava na hora de entrar.
Como a hora passou rápido.
Entramos e sentamos na penúltima fileira e então o filme começou.
Tinha um casal na nossa frente que se beijou durante todo o filme. Foi meio constrangedor, admito.
Às vezes nossos olhares se trocavam mas ela logo olhava de volta pra telona.
Era bem óbvio que a última relação dela a deixou com um certo trauma em se envolver novamente.
Assim que o filme terminou fomos para o estacionamento.
-Foi muito bom ter sua companhia- digo
-A sua também, obrigada por tudo.
-Será que eu posso te dar pelo menos um abraço já que não posso te beijar?-brinco
-Claro- ela diz sorrindo
Nos abraçamos e ela diz em meu ouvido
-Obrigada mesmo, precisava me distrair.
-Sempre que precisar é só me ligar.- digo assim que nos separamos
-Eu não tenho seu número.
-Me dá seu celular.
Ela me entrega o celular e eu anoto meu número nele.
-Agora tem.- digo