14 ANOS ATRÁS....
Tiro o baldinho de areia no chão, batendo palminhas pelo meu castelo ter dado certo.
—Lorenzo, não vai muito pra lá, hein? fica onde a mamãe possa te ver - Tia safira diz para Lorenzo, ela está sentada na cadeira de praia ao lado da minha mamãe.
Coloco uma bandeirinha vermelha em cima do castelo de areia.
— Mamãe! Mamãe! Olha meu castelo. - olho para ela, dando risada e ela tira os óculos de sol.
— Que lindo, filha. Quando seu pai voltar mostra para ele. - eu balanço a cabeça dizendo sim. Meu papai vai amar o castelo e vai brincar comigo.
Olho para frente e Lorenzo me olha com uma cara feia e depois ri. Eu não gosto dele, levo um susto quando a bola bate em meu castelo, derrubando tudo.
Grito quando a areia acerta meu rosto e braço.
— Mamãe! - falo tirando a areia do corpo e levantando. — Ele fez de propósito!!
— Não fiz nada, tia.
— De novo...- mamãe olha para tia safira.
—Você que é uma chorona, chora por tudo. - Aponta o dedo para mim.
— Eu não sou chorona! - falo começando a chorar, esfrego meus olhos e fico brava pela areia grudada na minha mão.
—Ta vendo, já ta chorando de novo.
—Lorenzo, pede desculpa a Stella. - Tia Safira, manda. Bem feito.
—Mas, mamãe...
—Nada de mamãe, chamar ela de chorona não foi legal. Agora peça desculpas e diga que vai tomar mais cuidado com a bola.
—Desculpa, Stella. - Bufa pra mim. Eu mostro a língua pra ele, ele fez de propósito e não vou desculpar esse feio.
—Chorona e feia.
Levanto do chão, indo até ele enquanto quase tropeço na areia, eu o empurro e Começo a dar tapas em seu braço e costas sem parar.
— eu não sou feia!
— Stella! - A mamãe grita mas eu não ligo e continuo batendo nele.
—Já chega, já chega... - Tia safira fica tentando separar a gente e eu agarro nos cabelos dele, e mamãe me segura.
— Não pode bater, Stella!
— É por isso que ninguém gosta de você. - me mostra a língua.
— Gosta sim!
— Chega. Os dois. Voltem a brincar - minha mãe dá a bola para Lorenzo e o balde de areia pra mim. Eu não quero outro castelo, ele vai estragar.
— Eu vou brincar com o Klaus, ele é muito mais legal que você.
— Ele é meu irmão, não seu! - cruzo os braços.
— Acho que melhora com o tempo...- vejo mamãe dizer para tia Safira. Eu não vou gostar dele nunca! Nunca!
—Ou vai piorar...
—Tia Thiffany, cadê o klaus?
— Ele estava brincando perto da beira do mar. — Ela aponta para frente, meu irmão brinca com a água na beira.
— EU VOU LA FICAR COM ELE, PORQUE ELE É MUITO MAIS LEGAL. - Grita enquanto corre até meu irmão e eu vou atrás.
—Não vai não! - corro atrás dele, tentando alcançar.

6 ANOS ATRÁS....
Desço as escadas correndo, tirando da bolsa meu gloss e um espelho pequeno de bolso. Meu reflexo me faz dar um leve sorriso, eu estou bonita, bonita o suficiente para cumprir meu propósito de hoje. Não é sempre que estou em Florença e essa é a minha oportunidade de finalmente ficar com o gato do Camilo.
— Klaus, Vamos la. - Lorenzo chega na sala, chamando meu irmão.
— Aonde, cara? - Klaus não olha para a cara feia dele e continua prestando atenção na partida de vídeo game que há horas o mantém vidrado na tela, com o corpo grudado no sofá.
—Encontrar com as meninas.
— Vai você. - Ele ganha a partida, jogando as costas no sofá, em animação. Que idiota.
— vou sair. - aviso ao fingir que cheguei agora, já que não tinham notado minha presença. — Se o papai ligar eu estava com você. - Eu não evito de olhar para Lorenzo ao meu lado. Eu não falo nada por um momento, ele está bonitinho. — Tá horroroso. - Comento. ele não precisa saber o que eu acho de verdade, e mesmo que esteja bonito.
— Você que tá horrorosa. Klaus, não vai mesmo? - meu irmão nega com a cabeça. — Beleza, vou ficar com as duas.
— Coitadas. - Reviro os olhos.
—Deixa de ser invejosa.
— Invejosa do que? - faço uma careta. eu deveria é ter pena de quem vai ter um encontro com esse chato. E é por isso eu que eu vou salvar as meninas desse karma, minha mãe me ensinou algo chamado sororidade e vou começar a praticar isso. — Seu amigo vai me levar pra sair hoje.
— Você não vai sair com ninguém, Stella. - Minha cabeça vira rápido para Klaus.
— Ficou doido?
—Deixa, o cara está fazendo caridade.
— Ele faz com o coração...- balanço a cabeça, fingindo lembrar de algo. Eu ainda não tive a sorte de juntar memórias mas hoje eu vou.
— Você é nojenta. - Meu irmão faz uma careta.
— Vocês são nojentos. - corrijo.
— Bom, eu já vou. - Ele diz olhando para o celular. —minhas meninas me esperam.
— Elas estão aí? - sorrio, maldosa. E passo a sua frente, correndo de volta para o hall de entrada. As duas meninas loiras estão vestida quase iguais, são até bonitas.
—Garotas... - A voz dele se ouve atrás de mim, eu sei que ele está sorrindo mas é só por enquanto.
— Oi, meninas. - sorrio para elas. — Podem ficar do lado dele para eu tirar uma foto? - faço sinal com as mãos para que elas se juntem, e pego o celular em minha bolsa.
—Claro.
— Ótimo. - eu aponto a câmera para eles e tiro a foto dos três juntos. Ele me olha estranhando. — Saíram lindas. Agora vou m****r para o meu tio. Sabe como é, a gente tem que fazer ele parecer hetero a qualquer custo, meu tio tem uns preconceitos com sexualidade e o Lorenzo não está pronto para se assumir ainda, então qualquer oportunidade de fazer parecer, estamos ajudando.
— Eu posso ajudar com isso. - A primeira menina deixa um selinho na bochecha dele, credo.
—Boa tentativa, mal amada. - Ele beija a garota. - Eu quase fico irritada com isso, mas Klaus aparece no hall. Se encostando no batente da porta que dá acesso a sala. Nós trocamos o nosso olhar, ele sempre sabe o que fazer quando recebe, assim como eu. Coisa de gêmeos.
— Lorenzo, o Lucas estava te ligando, quer saber quando vai ser o próximo encontro de vocês.
— Que carente, eles se viram ontem. Eu mal dormi com o barulho da cama do Lorenzo batendo na parede.
— Não sei de nada, só responde ele. Tá puto que você não atende. - Ele segura o riso assim como eu. Klaus é um cínico.
— O que? Tô fora. - uma das meninas o olha com indignação.
—Cara, que roubada! - Ela dá a mão a amiga, e juntas andam até a porta.
—O que?! Não, meninas... voltem.
— Tchau, gente! - aceno sorrindo e caio na gargalhada com Klaus.
—Beleza... - Me olha, vingativo. Espero que ele não apronte nada, se não eu corto as partes dele e faço um vibrador.
— Vai ligar para os bombeiros e dizer que você está pegando fogo de raiva? - Pergunto quando ele disca alguns números no celular.
—Oi. Camilo. então, eu liguei porque a Stella pediu pra avisar que não vai poder sair... É ela ta com coceira... Eu acho que é catapora. Você nunca teve? É melhor ficar longe então, só para garantir.
Abro a boca em O, avançando nele para tentar pegar o celular, com direito a trilha sonora da risada do meu irmão.
— Você ta dando uma festinha? Beleza, Ja pode ir ficando com Jade... Stella não se importa, ela falou que ta tudo bem. Ja chego ai... Tchau. - Desliga a chamada do aparelho.
— Eu odeio você! - Dou um tapa forte em seu ombro que não o move, mas para compensa me causa uma dor na palma da mão.
—Da próxima vez, Não se meta comigo.
— Eu vou na festa também.
—Não dá, você está com catapora.
— Eu tiro tudo pra ele me examinar e ver que não tem nenhuma bolinha vermelha.
— Tchau. - Klaus faz uma careta e volto para sala. Eu peço desculpas mais tarde por ele ter que ouvir isso.
— Vai ter que esperar sua vez, pelo que eu vi, ele ja comecou os trabalhos com a Jade. Mas você pode ficar na porta do quarto e esperar ela sair.
— Ou posso participar com eles... - sorrio, sugestiva. Eu sempre quis fazer um ménage e está aí minha
oportunidade.
—Ou sobrar...
— Vamos ver.- pego as chave do carro de seu bolso e corro para o lado de fora da mansão.
— Olha só como estão lindos. - Paro em um solavanco junto a ele quando vemos tia Safira.
— Oi tia... - Sorrio amarelo. Aí que droga, espero que isso não atrapalhe meu ménage.
— Vão sair?
— Vamos no cinema. - balanço a cabeça em positivo. —ver um filme que ele quer...que filme é? - Franzo o cenho.
—É uma sessão especial, relembrando os sucessos de antigamente. Vamos ver, a freira... Stella se identifica muito com a personagem.
— Ah, sim. Depois vamos assistir debi e Loide, ele se sente como se ele mesmo tivesse escrito o roteiro.
—Os dois juntos no cinema? Vocês sabem que eu comando uma máfia, não é? Não sou tão boba assim.
— Estamos de trégua. - explico.
—São as festa de fim de ano, espírito natalino.
— Que bom, vamos curtir o espírito natalino em casa. - nos puxa de volta para dentro. O ar quente do lado de dentro sopra em meu corpo, e a sensação de aprisionamento e ménage perdido me atinge.
— Eee - levanto as mãos em uma falsa animação.
— Não façam essas caras, acontece que Daniel está recebendo uma carga muito importante e muito arriscada, por isso ele fechou a cidade por hoje.
— São drogas?! - olho, animada.
— Algo um pouco mais perigoso.
— Armas? - tento novamente.
—Mais perigoso.
— Um álbum de fotos do Lorenzo para jogar de um avião em um ataque terrorista?...
— Quando você e o papai vão me levar para a entrega dos carregamentos?
—Quando você estiver pronto.
—Mas eu estou.
— Não está, nenhum dos dois está.
— E quando vamos estar? - Eu pergunto.
— Quando não traçarem planos para ir a festas. - Ela sorri, e nosso sorriso morre no rosto.
— Como você sabe? ...- Franzo o cenho.
— É por isso que sou capo e vocês dois são os aborrecentes... Ja sabem? Se fugirem, ficam de castigo o resto das ferias. - Ela sai, nos deixando sozinhos no hall.
— Odeio você. - digo para Lourenzo.
—Se você não fosse invejosa e tivesse me deixado ir, a gente não estaria aqui... Ta vendo, lunática?
— Já estou satisfeita de você não ter conseguido seu encontro.
—Então somos dois.