Falcão
Fiquei encarando o papel jogado na mesa, sentindo um gosto amargo na boca.
A porra do exame confirmava o que eu já desconfiava, mas que preferia negar. Aquela criança era minha.
Passei a língua nos dentes, irritado.
A vadia entrou aqui achando que ia ditar regra? Que ia me dizer que eu não teria nada a ver com meu próprio filho?
Soltei uma risada seca.
— Essa daí tem coragem, hein — comentou L7, largado no sofá, tragando um cigarro.
Sombra riu de canto.
— E tem mais: ela entrou aqui como se fosse dona do lugar. Nem hesitou.
Me encostei na cadeira, respirando fundo pra não deixar a raiva me dominar.
— Cês tão achando bonito, é?
L7 deu de ombros.
— Não é isso. Mas cê viu, né? Ela não abaixou a cabeça pra você. Diferente das outras.
Fechei a cara.
— E que porra isso muda?
Ninguém respondeu. Ficaram só se olhando, como se soubessem de algo que eu não queria admitir.
Levantei de supetão e empurrei a cadeira pra trás.
— Essa mina tá achando que pode escolher como as coisas vão ser. T