Flor de Lis, uma nordestina de vinte e seis anos, mãe solteira - assim como a sua própria mãe, muda-se para São Paulo a fim de ter ajuda da sua tia com sua mãe - vítima de glaucoma - e sua filha de seis anos, aproveitando também essa situação para mudar de vida e se afastar de Fábio - pai da sua filha. Batalhadora, começa a trabalhar em uma unidade de uma rede de cafeterias no centro da cidade, onde encontra alguém que mudará sua vida para sempre. Desse encontro logo surge uma paixão avassaladora. O que não sabia era que o alvo da sua paixão ocultava um grande segredo. E aquilo que parecia uma nova chance para o amor, viria a se tornar uma jornada cheia de mistérios e provações que fazem com que Lis questione tudo que pensava saber sobre o amor, sobre os seres humanos e, até, sobre si mesma.
Leer másRoupas espalhadas.
Imagens numa TV sem som.
Um odor rançoso rouba o ar.
Luzes intrometidas invadem o ambiente pelas frestas da persiana.
No chão, garrafas vazias de whisky.
Sobre a caixa de pizza aberta, uma mosca.
Atônito, ergueu-se do sofá.
Olhou para si mesmo.
Olhou ao redor.
Calmaria após tornado.
De novo.
De novo.
E de novo.
Era sempre assim quando ela cruzava o seu caminho.
Sutil.
Dominante.
Avassaladora.
Quando de longe ele a via se aproximando, sabia que não conseguiria pará-la.
Possessiva, abraçava.
Seguia-o além das portas de seu apartamento.
Ali.
Distante de tudo e de todos.
Ela o controlava por dias.
Às vezes semanas.
Exausto era sugado pela súcubus que drenava toda a sua energia sexual.
Rotina.
Trabalho.
Sono.
Diante dela, tudo se prostrava.
Tentava afastá-la, retomar o autocontrole.
Tentava levantar da cama, mas sedutora ela sussurrava: “Só por hoje.”
Ele era forte mas ela persuasiva.
Sem resistir, entregava a ela todo o seu tempo.
E toda a sua vida.
Às vezes parecia paixão.
Outras vezes, obsessão.
Muitas vezes a odiava.
Outras vezes se agarrava a ela como seu último recurso.
Alguns momentos a aceitava.
Em outros tinha vontade de abraçá-la e se jogar do mais alto penhasco.
Em sua cabeça, ninguém deveria tê-la.
E ele, que a tinha, não podia mais se ver sem ela.
Não a dividiria com ninguém.
Ninguém.
Alguns momentos ele chorava, em outros gritava.
Algumas vezes quebrava tudo, em outras a envolvia com seus braços fortes e a aninhava junto ao peito.
Até que, do mesmo modo como chegava, ela partia.
E ele se sentia culpado.
Devastado.
Precisaria recomeçar tudo.
Mas ele ficava à espreita, porque ela sempre voltava.
Apoiando-se sobre os cotovelos ele olhou em volta:Roupas dobradas com cheiro de amaciante.Uma TV desligada.Um aroma de café tomava conta do ambiente.Luzes abundantes entravam pelas janelas abertas e convidativas.Frutas lustrosas coloriam a mesa.Com muita determinação, ele levantou do sofá.Olhou para si mesmo.Olhou ao redor.Fazia tempo que ela não vinha.
Meses depois…— Que invenção é essa, Fábio?— Deixa de besteira, Lis. Vê como a menina tá feliz!— Um cachorrinho!!! Brigada painho!!!— É uma cachorrinha. — disse Fábio.— Uma cachorra, Fábio? Fêmea? Que vai dar cria e tu ainda inventa de trazer aqui pra cafeteria? — gritei.— Deixe do seu preconceito, mulher! Logo tu que disse que aqui era um lugar de acolhimento e sem preconceito.— Tu vai ter que conve
A formatura do curso de barista foi num clube parecido com o da festa da SB Koffee. O estilo também foi bem parecido. Parecia uma festa de debutante. Eu estava um pouco triste por Pierre não estar lá mas feliz por todas as outras pessoas que amo estarem presentes.— Valeu mesmo por ter me chamado, fia. Tu tá um filezinho, viu? — disse Fábio.Sim, até mesmo o traste do Fábio estava presente.— Fábio… Quando é que tu vai parar de me chamar de fia? Além de ser um apelido ridículo, ainda mais agora que eu tô com outra pessoa!— Menina!... Ainda tô besta! Nunca pensei que uma formação de c
— Menino! Como é que tu rejeita uma proposta de voltar a ser gerente ainda mais ganhando aumento?— É que tá quase tudo certo pra eu ser gerente de uma outra cafeteria. — respondeu Ulisses.— E tu me escondendo esse tempo todo? Tu e Pierre escondendo as coisas de mim, né?— Eu só tava esperando o melhor momento pra falar com você.— E por que tu acha que só agora foi o melhor momento?— Em segundo lugar porque eu ouvi da sua própria boca você dizendo que ainda quer ter a sua própria cafeteria, mesmo trabalhando com o gigante lá.<
Alguns dias depois Pierre quis me encontrar no restaurante onde tivemos nosso primeiro encontro. Isso me deixou muito preocupada. — E aí como se sente em estarmos no restaurante do nosso primeiro encontro?… No caso o nosso primeiro encontro depois de adultos. — perguntou Pierre sorrindo. — Pierre… Confesso pra tu que eu tô preocupada. Sobre o que a gente conversou da última vez… — Desculpa, mas eu me vejo obrigado a interromper. Sobre o que você falou naquele dia eu só tenho a agradecer. Se ajudar, serei bem direto como você gosta: Eu estou aqui para avisar a você oficialmente que estou seguindo com a minha vida. — Meu filho, olhe… Seja específico e claro porque depois daquela sua mensagem eu fiq
“Venham no trabalho amanhã. Cheguem cedo. Entrem após o sinal. Vocês vão saber qual é o sinal. Confiem em mim.”.Essa foi a mensagem que Ulisses e eu recebemos de Suzy na noite anterior. Agora estávamos do outro lado da rua em frente à unidade em que Ulisses e eu costumávamos trabalhar.— Vocês tem certeza que não vão querer nada? — perguntou a atendente da farmácia onde estávamos aguardando o tal sinal.— Por enquanto não, obrigado. A gente tá só dando um tempinho. — respondeu Ulisses.— Desculpa é que o gerente disse que cês não podem fica
Último capítulo