Capítulo 2

Quando ele entrou no carro para ir embora, girou a chave e ele não ligou, deixando Bernardo ainda mais entristecido. E encostando a testa no volante, pensou: – Será que neste dia tudo vai dar errado? Não é possível! Acabei de ter sido vítima de uma armadilha e de uma posterior humilhação no meu próprio trabalho, e agora o carro não quer ligar, e provavelmente vai me fazer gastar mais dinheiro. Um dinheiro que eu não esperava de reduzir do meu orçamento.

Mas como Bernardo se considerava uma pessoa resiliente, ele tentou pensar positivo, que o problema do carro seria algo simples e que rapidamente seria resolvido, e o principal, gastando pouco. Então ele pegou o aparelho celular no seu bolso e ligou para a seguradora que cuidava de seu carro e pediu que eles enviassem um reboque para o endereço mencionado e que eles também enviassem um táxi a fim de levar Bernardo para casa, pois o que ele mais precisava naquele momento era de um pequeno lazer e de descansar a sua mente.

Depois de ele ter aguardado por esse reboque por cerca de vinte minutos, o veículo chegou acompanhado de um táxi, como ele havia solicitado, o qual seria o responsável por levar Bernardo para a sua casa, enquanto o carro seguiria para a oficina autorizada pela seguradora contratada.

Como nas regras da seguradora, o reboque não poderia seguir com o carro e o proprietário do veículo seguir para outro caminho com o taxista, Bernardo teve, primeiramente, que ir até a oficina e assinar de modo que ele estava ciente de que o seu carro estaria lá aguardando a sua vez de verificação do conserto. E em seguida, depois que o carro tinha sido estacionado e guardado dentro da oficina, ele voltou a entrar no táxi para finalmente ir para a sua casa, cujo momento ele aguardava ansiosamente.

Mas antes que o táxi desse partida, o motorista esteve conversando rapidamente com o mecânico, o qual, pelo que Bernardo pôde ouvir, era algo relacionado a noite de lua cheia, pois o mecânico disse ao taxista:

– Hoje é noite de lua cheia! Temos que voltar para casa cedo!

– Verdade! Estava me esquecendo desse detalhe! Muitas coisas podem acontecer essa noite aqui na cidade de Sheron Hill. – Complementou o taxista, fazendo com que o mecânico concordasse e com que Bernardo achasse tudo muito estranho, pois ele não costumava acreditar nessas histórias que as pessoas contavam.

Então depois que Bernardo chegou em casa, ele preparou o seu almoço, fazendo arroz, aquecendo o feijão em sua panela pequena e em seguida, fritou algumas almôndegas, as quais eram bastante simples, mas que eram deliciosas. Seu único problema é que não era de acordo com a dieta feita por Bernardo, mas uma exceção não o faria mal.

Depois que o seu almoço já estava pronto, ele pensou em fazer um suco de maracujá, o qual poderia acalmá-lo naquela manhã difícil, mas em seguida ele mudou de ideia, pois espremer a fruta dedicaria mais tempo e ele não queria mais gastar o seu tempo naquele dia, então ele quebrou a sua dieta, quando decidiu pegar uma lata de refrigerante que estava dentro de sua geladeira.

– Não vou morrer se eu beber um pouco de refrigerante hoje depois de tanto tempo só bebendo sucos de laranja. – Disse ele consigo mesmo.

Quando ele ouviu o som da lata de refrigerante sendo aberta, ele sentiu um alívio que ele não soube explicar, pois até aquele momento o seu dia tinha lhe oferecido inúmeros desafios, então ele merecia uma refeição sossegada em um momento de paz, nem que fosse o único que ele tivesse ao longo de todo o dia.

Depois que Bernardo fez a sua refeição, ele lavou todas as louças na pia da cozinha e foi até o banheiro a fim de escovar os seus dentes. Em seguida, ele foi caminhando até o seu quarto a fim de descansar um pouco, pois ele estava se sentindo com a mente cansada e um tanto perturbada com os acontecimentos que ele tinha vivido até aquele momento.

Algumas horas depois ele acordou, e ao abrir os olhos, olhou para a janela e viu que já tinha anoitecido. Nesse momento, ele disse consigo mesmo: – Não acredito que eu dormi a tarde inteira! Eu nem fui à academia! Mas acredito que ainda dê tempo. E depois que ele olhou a hora no relógio, viu que ainda daria tempo de ele malhar um pouco, pois faltavam poucos minutos para as vinte e uma horas e a academia só fecharia por volta das vinte e duas horas,

Então ele tomou um banho rapidamente, vestiu uma camiseta cinza, e uma bermuda preta. Calçou um tênis também na cor preta e saiu pela porta com destino à sua academia, a qual ficava em uma área mais deserta da cidade.

Depois de ele passar correndo por uma rodovia bastante deserta, pois não só ele, mas todos os moradores daquela cidade tinham receio de passar sozinhos naquela área durante a noite, principalmente quando o céu estivesse iluminado pela lua cheia, pois os moradores de Sheron Hill acreditavam que existia uma criatura que assombrava a todos que passassem por aquele caminho e que por isso essas pessoas poderiam ser perseguidas e até mesmo mortas.

Mas Bernardo naquele momento tentou não pensar nessas histórias assustadoras que a maioria das cidades pequenas tem.

Então por ter passado correndo, ele rapidamente chegou até a academia, e ao passar pela porta, ele logo avistou uma roleta, a qual era liberada pela recepcionista, uma mulher loira de cabelos lisos e compridos, de pele clara, e que tinha os olhos castanhos escuros. Ela nunca prestou muita atenção no Bernardo, pois sempre que ele passava por aquela roleta, ele já estava sempre com o seu cartão de matrícula em mãos, o que já permitia que ele encostasse-se à catraca e a roleta já fosse liberada para que ele passasse e entrasse na academia. Mas Bernardo sempre prestou muita atenção naquela mulher, a qual se chamava Lara, pois ele costumava dizer que ela era a musa daquela academia, que ele só continuava malhando naquele lugar porque ela ainda trabalhava ali. Quando ele se encontrava com os seus amigos, ele costumava dizer que ela, mesmo sem saber, proporcionava todo o ânimo que ele necessitava para voltar àquele lugar todos os dias.

Então depois que ele malhou e se esforçou bastante a ponto de queimar todas as calorias que tinham sido ingeridas por aquela lata de refrigerante, ele foi até o banheiro da academia, se despiu e tomou um banho quente, que o deixou muito confortável e deu mais ânimo para voltar para a sua casa.

Mas quando ele abriu a porta para sair do banheiro masculino, um amigo alto, magro, de cabelo curto e castanho escuro da mesma cor de seus olhos, e de bela aparência, se aproximou de Bernardo e disse:

– Você vai voltar para casa agora ou vai dormir essa noite na casa de alguém?

– Vou voltar para a minha casa no momento em que eu sair daqui. Por quê?

– Hoje é noite de lua cheia. Acho melhor você ficar por aqui, pois a sua casa e muito longe. – Sugeriu o amigo.

– Mas eu sempre faço esse trajeto da academia para a minha casa e nunca aconteceu nada. E por que justo hoje iria acontecer algo comigo? – Perguntou Bernardo.

– Por que você nunca voltou para a sua casa a essa hora da noite. Você sempre frequentou a academia no período da tarde, logo depois que você chegava em casa do seu trabalho e almoçava.

– Isso é verdade. Mas você acredita nessas histórias de que se tiver em uma lua cheia, vai acontecer alguma coisa?

– Não é que eu acredito, mas quando muitas falam sobre a mesma coisa, é bom ficarmos atentos.

– Não sei. Eu tento não focar muito nisso, por mais que a história seja muito viva entre os moradores dessa cidade.

– Enfim. Cuidado. Se você quiser ficar por aqui, poderá ficar na minha casa. Não vai ter problema algum. Você vai ser muito bem recebido lá por toda a minha família. – Disse o amigo, parece que pressentindo que algo de ruim iria acontecer com Bernardo naquela noite depois que ele saísse da academia.

– Eu não tenho dúvidas de que você e a sua família me receberiam muito bem. Sempre considerei muito todos vocês.

– Nós também gostamos muito de você. Enfim, vou para casa.

– Eu também já vou indo.

E ambos foram caminhando até a entrada da academia, e quando eles passaram pela roleta, cada um seguiu o seu rumo.

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