Isabella
O silêncio pesa como pedra.
O Véu do Sonho recobre toda a alcatéia. Sinto as auras de cada lobo — apaziguadas, adormecidas — pulsando em uníssono, embaladas pelo feitiço que lancei para protegê-los.
Só duas presenças permanecem acordadas: a minha… e a dela.
Lamia surge diante dos portões do pátio interno, vestida em chamas etéreas. O cabelo negro serpenteia ao redor do rosto pálido; os olhos, cor de vinho, cintilam com promessa de morte.
— Você não podia simplesmente esperar — digo, a voz ecoando pelo mármore do pátio. — Sempre quis resolver isso longe de quem amo.
— Carinho inútil — Lamia cospe o destino como veneno. — Quando terminar, não restará nada para amar.
Ergo a mão esquerda. A luz da lua cai sobre mim como véu prateado, mas não convoco Ártemis. Hoje, minha força vem da mulher, não da loba. Faço o sinal lunar sobre o peito; runas fluorescentes escorrem pelos meus braços.
Lamia ergue o bastão de ébano. Fios carmesins partem dele, chicoteando o ar. Cada estalo abre fen