Willian nunca foi um homem de lamentar ser abandonado na cama depois de uma noite agitada. Mas quando ele acordou pela terceira vez naquela últimas duas semanas e não a encontrou, sentiu como se tivesse sido usado e abandonado.
Sem bilhete, sem uma flor, sem uma objeto esquecido que pudesse significar que ela voltaria para buscar o pertence mais cedo ou mais tarde,
ele sorriu.
Se levantou e foi ao banheiro tomar um banho e fazer o resto de sua higiene pessoal sem pressa mesmo que atrasado. Riu do homem que estava se tornando. Completamente domesticado.
No escritório comentou com o amigo Roberto o acontecido e ele deu uma grande gargalhada.
- Como é estar do outro lado? Foi bom para você? Perguntou agora que os papéis estavam invertidos.
- Estou me sentindo um objeto sexual. Declarou olhando para ver se havia chegado alguma mensagem dela.
VALENTINA: [Minha avó chegou mais cedo do que o esperado e sua mãe quer falar comigo. Devo me preocupar?]
WILLIAN: [Minha mãe não costuma morder, mas seja cautelosa. Não se comprometa demais. Não fale muito de nossos planos.]
VALENTINA: [Esqueci a minha camisola no quarto. perto da cama.]
WILLIAN: [Só a camisola? Eu vi uma calcinha de renda ao lado da cama. Gostosa!]
VALENTINA: [Você está acabando com a minha reputação, seu safado.]
WILLIAN: [Reputação? Acho que a vi descer pelo ralo ontem a noite depois daquele banho.]
VALENTINA: [Tenho que ir agora, seu sem vergonha. Eu não vou trabalhar hoje. Vou ficar com a minha avó e depois vou almoçar com a sua mãe.]
WILLIAN: [OK. Nos encontramos à noite. Arranje uma boa desculpa. Quero dormir agarrado com você.]
VALENTINA: [DORMIR? Eu nem sei como é dormir mais. Eu cochilo agora.]
WILLIAN: [Deixe de reclamar, Bela Adormecida. Já dormiu por muito tempo. Cheguei no escritório, mas eu queria estar debaixo do chuveiro agora.]
VALENTINA: [Trabalhe bastante e venha para casa o mais rápido. Tenho uma surpresa para você.]
WILLIAN: [CARAMBA, VALENTINA. QUE TIPO DE SURPRESA?]
VALENTINA: [Do tipo SURPRESA, Will. Beijo]
Willian se sentou em sua cadeira sorrindo e fechou os olhos. Estava em êxtase e o seu melhor amigo viu que ele estava feliz e apaixonado pela primeira vez em sua vida de um jeito diferente.
Quando ele disse no passado que queria ficar com Valentina a ideia de casamento não era o que tinha em mente, mas perdê-la para outro acabou o destruindo e enxergando como havia sido tolo.
Ninguém gosta da ideia de eternidade. Só da juventude embora a maioria das mulheres se iludam com a ideia do amor eterno. Valentina tinha esse sonho. E por muito tempo a ideia de que se afastar dela era para o seu bem o deixou em paz.
O reencontro inicial entre eles tinha uma proposta de paciência que acabou com o primeiro beijo. Willian se considerava na idade certa para ter tudo o que ela havia sonhado e ela não conseguia mais fugir dele como antes.
Agora estava diante da mãe dele e não sabia mais como agir. Estava nervosa, com as mãos frias e suando, as pernas tremendo. A mulher deveria ter uns sessenta e cinco anos e parecia ter menos. Não era alta, não era loira natural, mas tinha uma elegância de dar inveja e caminhou lentamente até ela. Valentina sentiu medo.
- Valentina, há quanto tempo?
- Muito.
- Você está fabulosa.
- Obrigada. Voce está incrível também. Estão usando preservativo?
- Não...
- Acha que consegue engravidar do meu filho?
- Bem... Ele quer muito ter esse bebê.
- Quanto tempo andam acasalando por aí que nem coelhos?
- Ai, meu Deus! Um mês. Talvez dois.
- Valentina...
- Quatro! Eu não sei mentir.
- O que está achando de todos os orgasmos que ele anda lhe entregando?
- Maravilhoso!
- Não fique assim, Valentina. Sabe que eu lhe amo, não sabe?
- Ainda me considera a sua preferida?
- Claro que sim! Se eu soubesse que aquele babaca estava lhe passando para trás, teria atropelado ele quando tive oportunidade. O meu Willian está tão apaixonado por você. Eu acredito que você o fisgou por inteiro.
- Acha mesmo?
- Ele ficou mal quando se casou e pior quando você o mandou se afastar. Eu pensei que ele nunca se recuperasse, mas ele conseguiu. E vê-los juntos na casa de Sarah foi realmente incrível. Me dê a sua mão.
- Por favor, não faça isso!
A mãe de Willian puxou a mão trêmula de Valentina e colocou o anel que havia sido de sua mãe. Ela pôs as mãos de Valentina entre as suas e a beijou. Foi uma cena linda de se ver. Beatrice chorou e ela raramente chorava. Valentina tinha a aprovação dela, mas Willian realmente a amava?
- Ele te ama, Valentina querida. Eu sei.
- Eu tenho medo, Beatrice. Eu tenho muito medo.
- Não há nada para ter medo.
O garçom sorriu para as duas e Beatrice lhe apresentou como a sua futura nora. Ele lhe deu os parabéns e depois o próprio chef apareceu para cumprimentá-las. Depois do almoço Valentina deu uma desculpa e sumiu. Rodou pela cidade durante um tempo sem querer encontrar com ninguém e acabou indo para o escritório de Willian que estava terminando uma reunião.
- Valentina está na sua sala.
- Algum problema?
- Ela não disse. Ela não consegue parar de chorar.
- Droga! A mamãe almoçou com ela. Pai, termina a reunião.
Willian não teve tempo para pensar no que teria acontecido. Ela não conseguia falar, mas mostrou a mão. Ele sorriu. Pediu para secretária um café, água e algumas guloseimas da sala de reunião. Pegou-a no colo e a abraçou. Tirou os seus sapatos e ela foi ficando tranquila. Ela sorriu um pouco envergonhada. Era estranho tudo aquilo.
- Ela lhe deu o anel da vovó?
- Sim.
- Então você nao contou das nossas atividades extras?
- Não precisei falar muito. Acho que ela sabe de tudo.
- Mas não deu detalhes, não é mesmo?
- Acho que ela não precisa desse tipo de informação.
- Ótimo!
- A reunião acabou?
- Está acabando.
- Desculpe! Você deveria estar lá.
- Eu tenho certeza de que estou no lugar certo.
Willian a beijou sentindo o seu corpo ainda trêmulo se aproximar dele. Ela ainda estava sentada em seu colo e ele a apertou um pouco mais. Agatha havia aberto a porta para lhe entregar as pastas quando se deparou com a cena. Valentina o segurava pelo pescoço e aquilo foi o suficiente para que Agatha visse o anel, lembrando exatamente de vê-lo na mão de Beatrice em muitas ocasiões. Teve vontade de gritar, mas só conseguiu esbarrar na secretária de Willian e derrubar toda a bandeja no chão e fazendo um grande barulho.
- Vou ver o que houve. Fique aqui, minha senhora.
- Estarei esperando.
Willian viu tudo derramado e pediu que a secretaria chamasse alguém para limpar ele iria para casa mais cedo com Valentina. Agatha lhe entregou as pastas e caminhou com ele até o escritório onde viu Valentina mais recomposta com os sapatos, ajeitando os cabelos para irem embora.
- Não vai jantar conosco?
- Não! Hoje eu quero ir para casa aproveitar a companhia da minha mulher.
- Mulher?
- O casamento será apenas uma formalidade. Já estamos praticamente morando juntos.
- Ora, ora. Por essa eu não esperava. Parece que foi ontem que Valentina estava se divorciando.
- Exatamente. Já que está tudo pronto não témos motivo para nos mantermos distante. A mamãe ja entregou o anel da vovó para Valentina.
- Não vão noivar?
- Não. Vamos apenas planejar o casamento e efetivá-lo. Chega de espera. Eu a quero para ontem.
- Uau! Meus parabéns, Valentina. Pescou mais um marido.
- Obrigada.
Antes de saírem do escritório, Valentina teve que correr para o banheiro imediatamente. Parece que o anel não seria a única do dia. Mas antes de qualquer anúncio, eles passariam na farmácia para comprar testes de gravidez.