Clare Vallence não era o tipo de pessoa que entrava em um relacionamento fadado ao fracasso, mas quando se tratava de Marcelus Moreau, ela simplesmente não conseguia resistir; e por isso ela fugiu de Londres para a França, mas… não parava por aí. Ele era um playboy, galinha e nitidamente sem salvação, — mas era completamente sedutor e quando as mãos dele tocavam seu corpo, Clare perdia a razão e o bom senso, e se entregava de corpo e alma para ele. Então como diabos ela vai lidar com o fato de ter sido envolvida em uma trama onde se tornou a “noiva” de Marcelus e precisa estar com ele… 24 horas?
Ler maisPrólogo
Clare Vallence04 de Maio | França — Estou interrompendo algo, querida? — Foi a primeira coisa que eu escutei, quando eu senti uma mão pousar sobre o meu ombro, — quem é o seu amigo, não vai me apresentar? Marcelus. Marcelus Moreau Marini, tinha me achado mais uma vez, e puta que me pariu… como eu queria correr dali agora, e me enfiar no primeiro avião que eu conseguisse. Não importava se seria para um país de primeiro, segundo ou terceiro mundo, não… eu só queria achar qualquer lugar que fosse, que ele não suspeitaria, que ele não fosse conseguir achar o meu rastro, nem se ele quisesse muito. Mas… aparentemente — para a minha infelicidade — isso não parecia ser algo possível. — Clare, quem é ele? — Flyn obviamente não evitou de perguntar, com uma expressão de clara confusão. — Ele não é ninguém importante, querido. — Eu soltei, junto de um breve sorriso no rosto, — agora vamos, ou você quer parar o que estávamos fazendo, por conta dele? — Parar o que estavam fazendo? Ora, não há necessidade… — aquele filho da puta disse, com o tom mais cínico do mundo, enquanto se sentava ao meu lado, — apenas… continuem, finjam que eu não estou aqui. — Eu prefiro ir embora. — Eu falei, sentindo a raiva queimar na minha garganta, — vamos, Flyn? — Opa, opa… não tão rápido. — Ele disse enquanto me impedia de levantar, — por que essa pressa toda, chéri? — Desculpa a intromissão, mas… qual é o tipo de relacionamento que vocês tem? — Flyn parecia incomodado ao perguntar, mas… como não ficaria? Ainda mais… com Marcelus agindo como bem entendia, — porque até agora… está um tanto difícil entender. — Que bom que perguntou, — ele disse com um amplo sorriso no rosto, — digamos que temos uma relação íntima, que dura a uns… três anos, não é mesmo querida? — ele colocou uma de suas mãos sobre a minha, o que fez o meu sangue ferver. — Eu… achei que você fosse solteira… — Aqueles olhos dourados pareciam ter perdido o brilho, quando ele disse aquelas palavras, — pelo visto, eu estava enganado. — Não, você entendeu errado. — Eu tentei me explicar, — eu já disse, ele é alguém que não é importante. — Clare, assim você machuca os meus sentimentos… — Marcelus falou, colocando uma de suas mãos no peito, enquanto tinha aquele ar indignado (que era nitidamente teatral), em sua expressão, — a nossa primeira noite, não significou nada pra você? Ou… todas as outras subsequentes? — Primeira noite? Subsequentes? — Flyn tinha um sorriso no rosto, um que mostrava clara descrença, enquanto jogava os seus fios para trás, — vocês tinham um caso? — Depende do ponto de vista, — Marcelus soltou, enquanto inclinava o seu corpo na mesa, — tudo é relativo de acordo com o tempo e a sociedade, — ele começou, invocando um ar culto, que eu nem sabia de onde ele tinha tirado, — a palavra amante é um ótimo exemplo, já que em tempos passados, era usada para se referir a pessoa que você amava, e não… a mulher com quem você estava traindo a sua esposa, entende o que eu quero dizer? — Sim, claro… — Flyn disse, com aquele ar de quem já estava entendendo tudo, mas nesse caso… era tudo errado! Só que… o que eu poderia falar pra ele? Que Marcelus nunca significou nada pra mim? Que ele era só um stalker que estava me seguindo de um país para o outro, que… eu não sei! “Clare, respire… pense com calma.” Eu me forcei a respirar fundo naquele momento, apenas para colocar um arquear leve em meu rosto. — Não, nós não tivemos um caso. — Tirei a minha mão debaixo da de Marcelus, enquanto olhava bem no fundo daqueles olhos âmbar, — Marcelus só se excedeu na hora de explicar, e nada mais. — Mas vocês… dormiram juntos, aparentemente… — ele disse junto de um suspiro, — ou vai me dizer que… eu entendi isso errado? — Não, você não entendeu, mas… — eu tentei explicar, enquanto eu me sentia como um marido que estava tentando explicar para a própria esposa, que não tinha uma amante, — está no passado! Eu e Marcelus… não temos nada, e sinceramente… nunca tivemos! — Nunca tivemos? — Marcelus disse, enquanto emulava uma certa mágoa em seu rosto, — como você pode dizer isso, quando eu vim atrás de você… de novo? — Certo, isso tudo… parece ter deixado as coisas bem claras pra mim. — Flyn disse enquanto guardava a própria câmera, e eu apenas o fiz parar no meio, o segurando pelo braço. — Não, por favor… você entendeu as coisas errado! Ele é só um… um lunático! — Você tem certeza disso? — Flyn acabou dizendo, enquanto puxava o próprio braço para si, e fechava a sua bolsa, — porque até agora… nem você parecia saber direito… o que você tinha com esse homem, e eu… não quero ficar no meio disso. — Você não está no meio de nada! É ele quem está! — eu tentei me explicar mais uma vez, apenas para ele negar com a cabeça, enquanto se levantava. — Não, Clare… é meio nítido que sou eu a pessoa de fora. — Ele começou a se afastar, — então, com licença… Foram as últimas palavras que eu ouvi saírem pelos seus lábios, e por mais que eu estivesse me sentindo uma merda… isso não durou muito, porque a raiva que eu comecei a sentir de Marcelus? Era bem maior. — Qual é a porra do seu problema? — Eu o encarei ao perguntar, — ou melhor, você tem ao menos noção do que acabou de fazer? — Sim, eu te livrei de um loiro sem graça, que cá entre nós… tinha uma carinha de soca fofo… — ele teve a ousadia de dizer, e puta que pariu… eu não sabia como Marcelus podia ser tão sem noção! — Não, seu imbecil! Eu estava realmente gostando de me envolver com ele! Talvez eu até mesmo começasse a ter um relacionamento com ele! — Um relacionamento? — Ele soltou um riso bufado, — pelo amor de Deus, Clare… se você realmente gostasse daquele cara, você já teria corrido atrás dele, e estaria em prantos agora. Suspirei. Porque eu nem mesmo podia dizer que ele estava errado, mas mesmo assim… em dado momento, eu poderia começar a gostar de Flyn, eu podia… ter algo com ele. Afinal, ele era educado, gentil e… um verdadeiro cavalheiro — que no caso sempre foram as coisas que eu lembro de querer quando pensava em um homem perfeito. Mas agora? Eu estava com Marcelus mais uma vez, que tinha aquele maldito sorriso convencido nos lábios. Por que ele só… não podia desistir de mim de uma vez?Capítulo 200Clare Vallence | 26 de novembroEu acordei antes dele, como sempre. A manhã ainda estava fria, e a luz suave do sol começava a tocar a superfície do lago congelado lá fora. Eu estava deitada ao lado de Marcelus, ouvindo o som suave da sua respiração, e por um momento, tudo parecia perfeito, tranquilo. O silêncio do lugar, quebrado apenas pelo som do vento batendo nas árvores, me fez pensar no quanto tudo tinha mudado.Ainda não conseguia acreditar que estávamos casados. Que aquela vida ao lado dele, que eu imaginava em momentos de solidão, agora era real. E não apenas isso, mas o futuro… o futuro estava ali, diante de mim, mais perto do que eu jamais imaginei.Minha mente começou a se perder nos pensamentos enquanto olhava para a paisagem. O lago congelado refletia o céu cinza, e o vento fazia as árvores se balançarem suavemente. Era difícil de explicar, mas aquele cenário, com toda a sua calma, parecia ser a pintura perfeita para a nossa vida. Eu e Marcelus, envelhecendo
Capítulo 199 Clare Vallence | 30 de outubroOs dias na Noruega passaram como um borrão de prazer e tranquilidade. Marcelus e eu nos perdemos em nossa própria bolha, onde o tempo parecia não existir. A lua de mel estava sendo tudo o que eu esperava e mais um pouco. Era como se a paisagem fria e imponente ao nosso redor aquecesse os nossos corações de uma forma que eu não sabia que era possível.Eu não me cansava de Marcelus. E ele, claramente, também não se cansava de mim.A cada manhã, acordávamos tarde, a luz suave do sol invadindo o quarto por entre as cortinas grossas, a cama ainda quente e acolhedora. Marcelus costumava me acordar com um beijo demorado, seus lábios tão quentes contra os meus, e logo seus braços me envolviam com a mesma intensidade de sempre. Cada toque dele era como uma promessa, como se, a cada dia, eu tivesse que redescobrir o quanto ele me desejava.E não demorava para que a sede um do outro se tornasse insuportável. Era como se os nossos corpos estivessem em
Capítulo 198Clare Vallence | 29 de outubroO sol estava se pondo lentamente, tingindo o céu da Noruega com tons de laranja e lilás. O ar frio da noite começava a envolver o pequeno chalé, que era simples, mas acolhedor, com uma vista deslumbrante das montanhas ao longe. Eu e Marcelus viajamos para aquele lugar isolado para escapar da agitação, e o refúgio parecia perfeito para o que precisávamos: um momento íntimo longe de qualquer pressão, onde só nós dois importávamos.Ao entrar no chalé, senti a paz que aquele lugar transmitia. As paredes de madeira eram rústicas e quentes, com uma lareira acesa, espalhando uma luz suave e confortável por todo o ambiente. O cheiro de pinho e madeira preenchia o ar, enquanto as janelas proporcionavam uma visão de tirar o fôlego dos fiordes que se estendiam à distância. Era o lugar perfeito para se perder no tempo, longe de todas as distrações do mundo.Marcelus, sempre atencioso, me conduziu até o centro da sala e, com um sorriso, me entregou um co
Capítulo 197Clare Vallence | 29 de outubroA Noruega me recebeu com uma brisa fresca e um céu limpo, tingido pelas cores suaves do amanhecer. O voo tinha sido tranquilo, e, ao descer do jatinho, senti uma sensação de paz invadir meu corpo. Meus pés tocando o solo gelado daquele novo lugar me davam uma sensação de pertencimento, como se ali eu fosse realmente respirar fundo e deixar tudo o mais para trás por um tempo.Eu estava animada não só pelo destino exótico e tranquilo, mas também pela oportunidade de viver esse momento ao lado de Marcelus. Agora, compartilhando uma nova fase da minha vida, tudo parecia diferente. As montanhas imponentes ao longe, suas pontas cobertas de neve, os lagos e fiordes refletindo o céu limpo... era tudo surreal, como se o mundo ao nosso redor fosse uma pintura, perfeita e intocada. A calma natural do lugar parecia ser o destino ideal para nós, longe de qualquer agitação, longe das festas de casamento e compromissos intermináveis.Respirei fundo, sentin
Capítulo 196Clare Vallence | 28 de outubroO casamento fora perfeito. O dia, repleto de sorrisos, trocas de votos e celebração do amor que eu e Marcelus compartilhávamos, agora havia chegado ao fim. Mas, ao contrário de todos os preparativos frenéticos que tinham envolvido o evento, o que eu mais ansiava agora era a paz, o tempo para descansar e finalmente desfrutar de nossa lua de mel.Estávamos a caminho do aeroporto, e uma sensação de alívio se apoderou de mim. Depois de toda a agitação do casamento e da festa, eu sabia que esse seria o meu momento. O jatinho particular que nos aguardava na pista de decolagem parecia representar a liberdade que eu tanto desejava, um refúgio onde eu poderia, por alguns dias, escapar da realidade.Quando entrei no avião, olhei para o lado e vi Marcelus com aquele sorriso satisfeito no rosto. Ele estava claramente desfrutando da ideia de finalmente estar sozinho comigo. Seus olhos brilhavam com um misto de prazer e malícia, e eu sabia, no fundo, que
Capítulo 195Nathaniel BeaufortItália | 28 de OutubroA música diminuía gradualmente quando me levantei, sentindo o peso dos olhos de todos voltados para mim. O microfone estava firme na minha mão, mas nada naquela noite me deixaria nervoso — eu estava ali para celebrar meu amigo, mesmo que ainda fosse surreal pensar que ele, de todas as pessoas, estava casado.Ajeitei a gravata, olhando diretamente para Marcelus, que me encarava com um olhar que misturava curiosidade e ameaça silenciosa. Clare, ao lado dele, sorria divertida.— Eu realmente nunca pensei que estaria aqui hoje — comecei, arrancando algumas risadas dos convidados. — Não porque Marcelus não fosse digno de se casar, mas porque, honestamente, nunca imaginei que ele encontraria alguém capaz de suportá-lo pelo resto da vida.As risadas aumentaram, e eu vi Marcelus estreitar os olhos em minha direção.— Mas aí apareceu Clare — continuei, sorrindo para ela. — E, bom, se tem alguém que pode domá-lo, essa pessoa é ela.Clare ri
Último capítulo