--Capítulo 4--

- Tem razão - disse o lobo cinzento sobressaltando-se. Despediu-se de Smith e Melody e seguiu o seu caminho.

Numa caverna mais afastada, estava um lobo branco com patas pretas sentado, a olhar à sua volta. Cada vez que algum membro da sua alcateia passava por ele, baixavam a cabeça e seguiam por outro lado. Ele achava aquilo confuso, nunca tinha pedido que fizessem qualquer tipo de referência e nem tinha intenções de pedir. Apesar do seu estado alterado, não iria obrigar os outros a fazer tal coisa. Depois de muito pensar sobre isso, chegou a uma conclusão.... Estariam os seus companheiros com medo dele? Talvez... Kioushiro refletiu sobre isso e percebeu que as suas altitudes nos últimos tempos não eram das melhores para com eles.

- Nem acredito que vamos caçar!! - exclamou uma voz feminina, ele olhou e viu Cinza com Jerome e Micaya.

- Tem calma, sua pulga! - reclamou Alex quando Judy lhe deu um encontrão enquanto saltitava.

- Estão prontos? - perguntou Kioushiro, movendo-se em direção a eles.

- Eu estou! - exclamou Judy ainda a saltitar.

- Nós também! - responderam os outros.

Kioushiro acenou com a cabeça e tomou a dianteira com os outros atrás de si. Com ele iam os cinco lobos jovens, Judy, Alex, Toby, Amora e Aron. Amora era a cria de Ryan e Micaya, daí os seus pêlos avermelhados iguais aos do pai. Aron era a cria de Cinza e Melody, que devido à pelagem dos seus progenitores, tinha o pêlo claro, quase creme com leves tons de cinzento espalhados pelo corpo. De adultos iam com ele, o Cinza, Micaya e Jerome.

- Já chegamos? - perguntou a loba cinzenta entusiasmada.

- Está quase - respondeu Jerome, dando uma leve lambidela na orelha da sua cria.

Enquanto caminhavam, Kioushiro lembrou-se da primeira vez que Judy e os seus irmãos tinham ido assistir à sua primeira caçada... E Raika estava com eles, ela que o convenceu para levasse as crias a essa caçada e para quê? Para agora, depois de tanto tempo se lembrasse disso e se sentir-se triste? Só para isso? O lobo branco fechou os olhos com força para tentar afastar esses pensamentos, mas nada conseguia fazer com que ele se habituasse à ideia de que tinha que continuar sem a sua irmã, nada... Até que um cheiro lhe invadiu as narinas. Parou no lugar onde estava e voltou a cheirar o ar... O odor era de uma raposa e de um lobo ao mesmo tempo... «Provavelmente houve um lobo que perseguiu aqui uma raposa» pensou ele, enquanto cheirava o chão. Estranhamente aquele odor de raposa não o incomodava como das outras vezes.

- Kioushiro, os veados então deste lado - disse Jerome chamando a atenção do lobo branco. Este abandonou o local onde estava e dirigiu-se para perto dos seus companheiros.

- Já escolheram a vossa presa? - perguntou Kioushiro escondendo-se como os restantes.

- Sim... Aquele que está ali - disse Aron, apontando com o focinho para um veado jovem, que estava a começar a ter armações.

- Boa escolha, para uma primeira vez... Se conseguirem apanhar aquele é ótimo - disse Kioushiro olhando para os jovens.

- Como devemos fazer? - perguntou Amora.

- Primeiro tem que fazer um esquema de caça para ser mais fácil apanhar a presa - explicou Kioushiro - Judy, ficas com o Toby e a Amora e vão tentar afastar o veado da sua manada para ser mais fácil matá-lo. Alex e Aron, o vosso foco vai ser derrubar o animal, mordendo-lhe as patas.

- Certo! - disseram eles preparando-se.

- Ainda não acabei! - disse o lobo branco autoritário - Nós só vamos ajudar se virmos que estão em dificuldades, por isso tentem dar o vosso melhor. Agora podem começar.

Kioushiro e afastou-se com os lobos mais velhos, dando espaço aos iniciantes para organizarem a caçada.

- E como vamos fazer para os assustar? - perguntou Toby.

- Podemos aparecer se surpresa e assustá-los! - exclamou Judy preparando-se para executar o seu plano.

- Isto não é uma brincadeira, Judy! - Jerome repreendeu-a sem se aproximar - Trata-se da sobrevivência da tua alcateia, não de um jogo para correr atrás dos veados.

- Desculpa pai... - disse a loba cinzenta baixando levemente as orelhas e voltou à sua posição inicial, colando o seu ventre ao chão.

Os cinco lobos continuaram com o enigma de como iriam assustar os veados para que eles corressem, sem se revelarem.

- Não têm nenhuma ideia para os assustar? - perguntou Cinza.

Os lobos mais jovens não responderam e continuaram a olhar para as suas presas, Kioushiro observou-os e viu que eles não iriam chegar lá sozinhos. Então, levantou a cabeça para o alto e uivou, fazendo com que os veados, fugissem.

- Do que estão à espera?! - rosnou a lobo branco com patas pretas, ao ver que nenhum deles se tinha mexido, depois do seu uivo - Vão atrás deles!

Eles acabaram por despertar e sair a correr atrás da sua presa. Toby, Amora e Judy aproximaram-se do veado e a lobo com pêlos avermelhados deu-lhe uma mordida na barriga, deixando uma marca.

- Isso mesmo, Amora!! - exclamou Micaya abanando a cauda, orgulhosa da sua cria.

Alex apareceu de um dos lados do veado e saltou-lhe para as costas, fazendo peso para que ele abrandasse a velocidade e fosse mais fácil para os seus companheiros matá-lo. Judy fez o mesmo que o irmão e salto para o pescoço do animal, mordendo-o, ficando lá pendurada. Toby, Amora e Aron focaram-se em morder as patas do veado para que ele se desequilibrasse e foi isso que fizeram, acabando por o deixar cair. Toby aproveitou e deu a mordida no pescoço da presa, acabando por matá-la.

- Parabéns! - disseram os lobos mais velhos menos Kioushiro, aproximando-se. Os jovens abanaram as caudas contentes e olharam para o lobo branco com patas pretas.

- O ataque foi muito desorganizado, têm que trabalhar mais isso - disse Kioushiro - Mas, tirando isso, fizeram um bom trabalho.

- Estás bem, Judy? - perguntou Toby ao ver que a irmã estava a coxear.

- Acho que torci a pata... - disse a loba cinzenta.

- É melhor não fazer muitos esforços durante os próximos dias - disse Micaya depois a examinar a para da mais nova.

- Vamos voltar para casa, por hoje já chega - disse Kioushiro - Levem a vossa presa.

Os lobos voltaram para casa, guiados pelo lobo branco com patas pretas, quando estavam quase a chegar, ele parou ao farejar novamente o odor a raposa.

- Não vens? - perguntou Micaya.

- Podem ir andado, já vou - disse Kioushiro e a loba afastou-se.

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