Olá meninas, o livro encerra esse mês sem tardar.
Cap. 148 Em harmonia.Andrews me encarava de forma descaradamente interessada, o olhar percorrendo minha camisola com uma lentidão provocadora.Havia algo nos olhos dele como desejo e surpresa, como se não esperasse me ver assim. Aquele olhar me atravessou feito fogo e me senti vitoriosa por dentro, como se tivesse acabado de ganhar uma aposta silenciosa.Tive vontade de pular feito criança, mas me contive com um sorriso contido nos lábios.— Vem cá, não quer relaxar? — murmurei com a voz mais suave que encontrei, estendendo a mão para ele. — Deita de bruços pra mim?Ele arqueou uma sobrancelha e caminhou até mim, com aquele sorriso cético e meio divertido brincando no canto dos lábios.— Parece algum pedido indecente, mas não gostei desse “pra mim”. — provocou, me olhando de esguio com fingida desconfiança.— Você pode tirar a calça, se quiser ficar mais confortável — sugeri, mordendo um sorrisinho.— Minha calça? — Ele riu, balançando a cabeça. — Que intenções você tem, Aurora? Vou
Cap. 149 Arrependimentos de Janete.O mesmo café isolado, a mesma mesa de canto banhada por uma luz suave. E lá estava ela, uma visão de sofisticação fria e calculada. Impecável, como sempre. Um vestido de corte simples, mas de tecido caro, acentuando a cintura fina e insinuando curvas sem jamais vulgarizá-las. O decote discreto apenas atiçava a imaginação, uma armadura de elegância impenetrável.Seus olhos encontraram os meus enquanto me aproximava, cada passo meu sendo minuciosamente avaliado por aquele olhar gélido, disfarçado sob uma máscara de superioridade. Era como se eu fosse um espécime sob sua lente de aumento, cada detalhe sendo registrado e julgado.Entreguei o pacote sem qualquer preâmbulo, o papel de presente amassado em minhas mãos. Ela zombou, um som seco e breve, quando mencionei o cartão de crédito que Andrews me havia dado na noite anterior. Era como se a mera menção do nome dele fosse uma ofensa ao seu refinamento.E então, aquele sorriso. Lento, calculado, enquant
Cap. 150: Um homem mais perigoso do que imagina.Janete permaneceu em silêncio por alguns segundos após a partida de Aurora. O café ao redor parecia distante, como se sua mente estivesse mergulhada em uma névoa espessa. As palavras da outra mulher ainda ecoavam em sua cabeça, cada uma mais afiada que a anterior.— Você sabia que ele foi parar na cadeira de rodas porque o seu amante tentou matá-lo?Uma lágrima solitária escapou antes que ela pudesse impedi-la. Levantou-se abruptamente, os passos vacilantes, e seguiu em direção ao banheiro, querendo apenas se recompor, respirar, fingir que ainda tinha controle sobre alguma coisa.Mas não teve tempo.Antes que pudesse alcançar a porta do corredor lateral, foi puxada com violência. Um baque surdo soou quando suas costas bateram contra a parede. Ela arfou, o ar sumindo dos pulmões, e em seguida sentiu uma mão apertando seu pescoço. A visão embaçou. O mundo girou por um instante.Quando seus olhos finalmente se ajustaram, encontrou o olhar
Cap. 151 Meu jeito de resolver problemas.Andrews congelou. Seu corpo inteiro ficou rígido, e lentamente ele ergueu os olhos para o retrovisor. Aurora o encarava com um sorriso discreto, mas, ao mesmo tempo um pouco de apreensão.— Aurora... — murmurou ele, atordoado como se seus olhos perguntassem o que ela fazia ali.Ela encostou o queixo no encosto do banco e o observou como se estivesse olhando para uma versão dele que já conhecia.— Eu estava esperando que você aparecesse.— Por isso ficou?— Eu só queria saber... — disse ela, com a voz calma. — Se você realmente odiava a Janete como dizia. Agora eu tenho certeza.Ele se virou um pouco, com os olhos arregalados.— Você... você ouviu a nossa conversa?— Não — respondeu. — Assim que sai da cafeteria, senti que devia voltar e encontrei você entrando e seguindo Janete, quando vi a cena, pensei em interferir naquele momento em que você a encurralou, mas você estava bem controlado.— Não faço as coisas sem pensar, não sou tão impulsivo
Cap. 152 Onde Mais, Andrews?Ele virou o rosto devagar para ela, e um sorriso torto surgiu nos lábios dele. Levantou a mão e pousou suavemente no topo da cabeça dela, como se ela fosse uma coisa preciosa que ele ainda não sabia como lidar.— Só quando se trata de você — murmurou. — Não queira saber como eu resolvo com as outras pessoas.Ela arqueou uma sobrancelha, mas não respondeu. Apenas soltou um suspiro e se moveu, apoiando as pernas sobre o colo dele enquanto se inclinava para frente, ajudando-o a abotoar a camisa ainda meio desalinhada. Andrews observava cada movimento com um sorriso divertido, tentando arrumar os fios rebeldes do cabelo dela.Logo, no entanto, as mãos dele deslizaram de volta para as coxas dela, acariciando a pele com delicadeza. A textura macia aveludada parecia ter ficado impressa na memória de seus dedos.— Pode me deixar na universidade? — ela perguntou, com a voz um pouco mais baixa.Minutos depois, o carro estacionava discretamente em frente à entrada pr
Cap. 153: Importante para alguém.Andrews levou aurora para almoçar em um restaurante e Alice tinha voltado com rodrigo até o apartamento dele.O cheiro de alho dourando na manteiga se espalhava pelo pequeno apartamento de Alice. Ela mexia distraidamente a colher de pau na frigideira, concentrada, enquanto o arroz cozinhava no fogo baixo.Rodrigo, que até então estava largado no sofá com o braço engessado apoiado numa almofada, se aproximou em silêncio. O cabelo um pouco bagunçado, o rosto ainda marcado por olheiras e o andar meio torto denunciavam o incômodo — mas mesmo assim, havia algo nele que continuava desafiadoramente bonito.Ele encostou no balcão da cozinha e ficou olhando para ela por alguns segundos, até arriscar com a voz baixa, quase tímida:— Alice...Ela não respondeu, apenas ergueu as sobrancelhas como quem dizia "fala logo".Rodrigo pigarreou, desviando o olhar por um instante e depois encarando-a diretamente.— Você... sairia comigo? Um jantar. Algo decente. Com a c
Cap. 154: carinho silente.Aurora subiu com Andrew em silêncio, sentindo o coração ainda acelerado, não apenas pela cena anterior no hospital com Alice e Rodrigo, mas pela sensação incômoda de que algo estava prestes a mudar. Assim que entraram no quarto, ela se deparou com a caixa rosa sobre a cama. Era grande, cuidadosamente embrulhada com uma fita de cetim também rosa.— O que é isso? — murmurou, dando um passo hesitante.Andrews apenas observou de longe, sem dizer nada. Aurora se aproximou com cautela, ajoelhando-se diante da caixa. Quando puxou a fita, a caixa se desfez sozinha, revelando um pequeno urso de pelúcia branco com olhos brilhantes de vidro. No pescoço do urso, havia um pequeno envelope dobrado.Seus dedos tremiam quando ela o pegou. Por um momento, hesitou em abrir. Então puxou com cuidado a aba e deslizou o papel para fora."Meu amor,Hoje faz exatamente 8.393 dias que você nasceu.Oito mil trezentos e noventa e três dias desde que o mundo ganhou mais cor, mais luz e
Cap. 155 afastamento de um pai.Andrews avisou que pediria uma sala particular e assim seria melhor para conversarem e seguiu com o garçom para ver os disponíveis e escolher, assim que fez chamou aurora e o pai dela para seguir.Aurora e o pai caminharam em silêncio pelo corredor estreito até a sala indicada por Andrews. Ele havia resolvido tudo com o barman com a naturalidade de quem conhecia aquele lugar mais do que deveria. A sala era pequena, mas elegantemente decorada — luz amarelada, uma mesa redonda com apenas quatro lugares e taças dispostas com delicadeza. Era um contraste gritante com o clima pesado que os acompanhava.Assim que entraram, Aurora se aproximou da mesa e, quase sem pensar, colocou o pequeno urso de pelúcia sobre ela, com o bilhete ainda preso ao pescoço.O pai dela observou a cena e sorriu com os olhos marejados, como se aquilo quebrasse décadas de distância. Sentou-se devagar, os ombros pesados por um peso que não era físico.— Você... gostava dos presentes?