Após terminar sua higiene, Jaqueline se deitou no sofá, se cobriu com o edredom e se preparou para descansar.— Jaqueline. — George subitamente abriu os olhos.— O que foi? — Jaqueline se levantou do sofá. — Eu te acordei?— Vem dormir na cama, vai ser mais confortável.— Não precisa, essa é a sua maca, não é apropriado eu deitar nela.Jaqueline não percebeu que suas palavras carregavam uma certa distância instintiva, entre ela e George havia uma clara definição de limites na relação deles.— Não tem nada de inapropriado, essa maca é grande o suficiente para os dois, e eu gostaria de te abraçar, assim me sentiria mais seguro.O cérebro de Jaqueline trabalhava a mil por hora, tentando encontrar uma desculpa razoável para recusá-lo.— George, você ainda está com os aparelhos conectados, eu me mexo muito quando durmo... Se eu acidentalmente puxar algum fio, vai ser um problema. Além disso, dormir os dois na maca vai ser apertado, eu ficaria mais confortável no sofá.Ela e George não eram
— Você pode contratar uma enfermeira para cuidar de mim, mas não quero que você faça essas coisas por mim. — Disse George, com dor no coração.— Não se preocupe, eu quero fazer isso por você, afinal, não é trabalho pesado. — Quando ela adoeceu, George cuidou dela durante toda a noite, e quando ela estava triste, ele sempre esteve ao seu lado. Jaqueline sentia que devia muito a ele, e cuidar dele era a única coisa que ela podia fazer por ele. — George, seja obediente e coopere. Só assim você vai poder sair da cama mais rápido e, quem sabe, sair do hospital logo.Jaqueline o acalmou como se estivesse lidando com uma criança, e George, convencido, assentiu: — Tudo bem.Jaqueline foi ao banheiro buscar água para George, colocou a pasta de dente e pegou uma bacia vazia.Depois de George escovar os dentes, Jaqueline retirou o copo e a bacia, os limpando, e com uma toalha quente enxugou o rosto e as mãos dele.O cuidado delicado emocionou George:— Jaqueline, da próxima vez, eu vou ter mais
— George, quero ver aquele amigo sobre quem falei ontem. Ele deve ter acordado, vou ajudar ele a entrar em contato com a família dele.Ao perceber a expressão preocupada de Jaqueline, George não pôde impedir que ela fosse.— Está bem, pode ir.Jaqueline agradeceu a compreensão de George:— Obrigada, volto logo.— Querida, não me prometa nada, tenho medo de me desapontar. Pode voltar mais devagar, não tem problema. — Ele não queria esperar ansiosamente por ela novamente, como na noite anterior, quando ficou esperando por várias horas.Após ajeitar o cobertor para ele, Jaqueline saiu do quarto.“Ding-dong”, o som do elevador abrindo. Jaqueline olhou para cima e viu o homem que estava dentro.Roberto estava com as mãos nos bolsos, encarando Jaqueline.— Vou esperar o próximo elevador. — Jaqueline deu um passo para trás, não queria ficar com ele em um espaço fechado.— Tá bom, espere com calma. — Roberto pressionou o botão para fechar as portas.Jaqueline viu as portas do elevador se fecha
Jaqueline falou com uma voz fria:— O que você não entende sobre o que eu disse? Parece que você leu o livro em vão. — A porta do elevador se abriu rapidamente novamente. Roberto a agarrou e a puxou para fora do elevador. Jaqueline se debateu com todas as suas forças. — Me solte! Roberto, o que você pretende fazer?Ignorando a resistência de Jaqueline, ele a levou para um quarto vazio, abriu a porta e trancou ela imediatamente, pressionando ela contra a parede. Seus olhos ardiam de raiva:— Jaqueline, vou te dar uma chance para retirar o que você disse agora mesmo!— O que eu disse? — Jaqueline sorriu friamente. — Você está falando sobre o coração da Ângela que mencionei antes? Está tão bravo assim porque toquei num ponto sensível?Roberto fechou os punhos e bateu com força na parede ao lado da orelha dela.O coração de Jaqueline tremeu de medo, mas, mais do que o medo, o que ela sentia era raiva. Ela pensava que, se isso realmente tivesse sido feito por Roberto, ele era um homem terri
— Isso é o ponto crucial! — Roberto apertou os ombros dela. — Como você consegue ter esse tipo de suspeita sobre mim? Nos conhecemos há tanto tempo, e você não confia em mim? Dez anos de convivência, será que você ainda não consegue entender quem eu sou?Ângela já havia tocado naquele assunto antes. Ela havia o pedido para comprar um coração no mercado negro, mas ele recusou veementemente. Se ele realmente não tivesse escrúpulos, poderia ter conseguido o coração facilmente, mas ele claramente não fez aquilo.Algo que ele próprio detestava estava sendo jogado em suas costas, e isso o machucava profundamente."Quanto a George, se Jaqueline me interpreta mal, tudo bem. Para os outros, de fato, eu sou suspeito, mas como podem simplesmente jogar a culpa de outras mortes em cima de mim?"Ao ver Roberto tão indignado, Jaqueline, por um lado, sentiu que talvez tivesse ido longe demais em suas suposições, mas, por outro lado, achava engraçado.— Roberto, você mesmo disse que nos conhecemos há d
Roberto sempre se preocupava com a relação dela com George, o que realmente a irritava, afinal, eles já estavam divorciados, e ela tinha a liberdade para fazer o que quisesse.Mas, especificamente sobre seu relacionamento com George, ela sempre tinha que suportar os olhares estranhos de Roberto, como se houvesse algo imoral entre eles."Nós dois somos solteiros, qual o problema de estarmos próximos? Mesmo que realmente façamos amor, quem teria o direito de dizer algo? Por que Roberto pode se envolver com Ângela durante o casamento e isso é ignorado, enquanto eu sou criticada por estar próxima de George depois do meu divórcio? Então, os homens podem ser perdoados por tudo, mas as mulheres são severamente julgadas?"Tudo bem perdoar um homem que machucava uma mulher, mas a mulher tinha que ser apontada e chamada de tola.Se uma mulher se aproximava de outro homem, ela era chamada de puta. De qualquer forma, ela seria criticada!Ninguém era realmente objetivo e justo, todos tinham seus pa
— O que aconteceu? — Perguntou Jaqueline, confusa. — Você tem problemas com sua família?Ao ver o silêncio de Heitor, Jaqueline pareceu entender algo:— Desculpe, eu não sabia. Se você não tem um bom relacionamento com sua família, então eu não vou entrar em contato com eles.Cada pessoa tinha uma situação familiar diferente, nem todos mereciam o contato da família. Ela não queria ser crítica para Heitor, pois muitas vezes, quando a relação com a família não ia bem, não era culpa do filho.Heitor sorriu com um semblante de resignação:— Irmã, eu... Eu não tenho família.— O que você está dizendo? — Perguntou Jaqueline, surpresa. — Você não tem família?Heitor assentiu:— Sim, meus pais faleceram quando eu era muito pequeno. Eu só vivia com meu tio e minha tia, mas eles achavam que eu era um fardo para eles. — Ele forçou um sorriso amargo. — Enfim, agora que sou adulto, moro sozinho.— Entendi. — Jaqueline sentiu um aperto no coração. Com uma situação assim, ela achava que Heitor devia
Ao ouvir as palavras de Heitor, Jaqueline ficou perplexa por um momento, e logo seu semblante se tornou sério:— Heitor, como você pode ter esse tipo de pensamento?Heitor ficou surpreso:— Irmã, você ficou brava? Será que eu disse algo errado?— Eu estou um pouco brava. — Disse Jaqueline. — Você realmente acha que eu sou do tipo que mede a inteligência das pessoas com base apenas nas minhas próprias experiências?— Irmã, eu não quis dizer isso! Por favor, não me entenda mal. Você é a pessoa mais inteligente que eu já vi.Ele não achava Jaqueline estúpida, ele achava Roberto estúpido, George estúpido, Ângela também estúpida, todo mundo no mundo era estúpido. Ele achava Jaqueline perfeita. Jaqueline era tão bondosa, bonita, e confiava tanto nele. Embora ele estivesse mentindo para Jaqueline, ele não via isso como uma questão de Jaqueline ser estúpida, mas sim porque Jaqueline era tão boa que acreditava nele, um vilão. Ele adorava passar tempo com Jaqueline, era tão confortável. Ele real