Dinorá
Chego em casa, tiro o meu sapato, fecho a porta e coloco a bolsa no aparador. Como um ritual, pego o controle remoto, ligo a tv no canal de notícias, e começo a retirar a minha roupa para tomar um banho. Ter comprado esse apartamento foi uma oportunidade única, graças a ajuda da minha amiga Laís, hoje tenho meu canto próprio e nada me aborrece aqui. Quando passo pela porta é como se um reduto de paz me envolvesse, todo estresse fica para trás. Nesse momento o canal faz uma chamada de notícia urgente e como uma boa viciada em jornal, me aproximo para poder assistir. Paro na frente da tela e a apresentadora faz a chamada para o repórter que se encontra no local de um grave acidente. O repórter local , está a uma distância mínima do acidente onde um guincho levanta o que restou de um carro, meus olhos se arregalaram, diante da cena de terror a minha frente,o veículo envolvido no acidente é do Gael! Meu corpo treme, sinto as minhas pernas querendo falhar, me sento encarando a tv. Fixo minha atenção nas palavras do repórter. “O automóvel do empresário Gael Hernández, que aparentemente estava indo em direção ao aeroporto ficou desgovernado, capotando várias vezes e caindo no fundo do despenhadeiro. As ambulâncias levaram todos os feridos para o hospital geral. Infelizmente todas as vítimas estão em estado gravíssimo” Qualquer novidade sobre o caso voltaremos com mais informações. O meu coração erra uma batida, os meus olhos estão nublados de lágrimas, sei que minha amiga e minha afilhada e sobrinha do coração estavam no carro. Neste momento o meu telefone toca. Não sei como eu atendi, nem vi quem era, fiz de forma automática. – Alô, – Alô Dinorá é o Marcelo, sei que está muito abalada mas preciso de você agora neste momento, consegue me entender Dinorá? – Sim Marcelo, eu, eu estou petrificada! – Deixa pra virar pedra depois, estou indo te buscar para te levar ao hospital geral, sei que você tem meios de se aproximar da Laís e da Luna. – Eu te aguardo, Marcelo! – Pode descer que já estou chegando. E não esqueça que você tem que está atenta Gael confiava em nós! –Tudo bem, estou pronta e te aguardo na portaria. Coloco rapidamente um jeans e uma blusa social, pego um cardigã, vou ao cofre do meu apartamento e pego alguns documentos. E dinheiro em espécie também, uma boa quantidade. Faço tudo como Gael sempre me orientou, pego a minha bolsa, e vou em direção a portaria, quando cheguei o carro de Marcelo já estava estacionando. Assim que ele parou o carro eu entrei no lado do carona – Me diz que isso é uma mentira o que está acontecendo Marcelo, fala pra mim? – Infelizmente não é Dinorá, e precisamos de saber como eles estão e também protegê-los. Eu não consegui chegar a tempo de impedir a imprensa de saber antes de tudo ser resolvido, Gael antes de morrer me enviou sua localização pedindo ajuda, creio que alguém viu o acidente e acionou o socorro. – Mas como vamos fazer isso? – Primeiro preciso saber como eles estão, isso é a primeira coisa e eu preciso de você da sua desenvoltura como secretária e assessora dele para me ajudar, sei que você tem documentos que te dão acesso a vários lugares e resolver várias situações, e é a hora de usá-los. – O hospital vai querer pessoas próximas para passar informações Dinorá. – Isso pode deixar comigo! Vejo que Marcelo me olha esquisito neste momento entramos no estacionamento do hospital. Saímos do carro e vamos para a recepção. –Boa noite gostaria de saber informações sobre os feridos do acidente na rota do aeroporto? Boa noite, a senhora e algum familiar, só podemos passar informações aos familiares. – Sim, eu sou irmã da vítma, Laís Molina e tia da Luna Molina. A mulher começa a digitar no notebook, Marcelo se aproxima me abraçando, depois de minutos que pareceu séculos ela diz: – Havia dois adultos e uma criança no veículo, o homem chamava-se Gael Hernández e infelizmente não resistiu aos ferimentos e já chegou no hospital em óbito, a mulher está muito mal com fraturas múltiplas, não sabemos se vai resistir. – E a criança? Pergunto ansiosa! – A menininha estava bem presa na cadeirinha e sofreu algumas escoriações e quebrou o braço, mas está bem, porém muito assustada e chamando pela mãe, infelizmente. – Posso vê-las? – Somente com ordem do médico, vou encaminhá-la ao consultório, se ele autorizar, você poderá vê-las. Viro-me para Marcelo que está pálido, seu rosto branco como papel, ele olha nos meus olhos e fala: – Agora é com nós dois, não temos mais o nosso amigo, e precisamos fazer o melhor pela sua família. – E vamos fazer! Preciso ver a Laís! Após uma espera que para nós foi quase eterna, o médico se aproximou de nós e pediu que nós o acompanhássemos até o consultório. Ele se sentou atrás de uma pequena mesa de atendimento e nos indicou as duas cadeiras restante no pequeno espaço Rapidamente tomamos nosso assento, quanto mais rápido o obedecesse, mais rápido poderei ver Laís. – Boa noite eu sou o Dr Miguel Sánchez, vocês são membros da família correto? – Sim Doutor, eu sou irmã da Laís. – As notícias que tenho para vocês não são boas, vou começar pela boa notícia: – A criança chamada Luna Molina está bem, sofreu algumas escoriações e uma fratura simples. – Porém o senhor Gael Hernández, já chegou na nossa unidade de saúde sem vida, por mais que a equipe de resgate tentasse não houve jeito, ele não resistiu. – Já a senhora Laís Molina, tem múltiplas fraturas e perfuração em órgãos vitais, seu estado é gravíssimo. – Dr. Me permita ver a minha irmã, por favor, e após fazer companhia a minha sobrinha. – Como a situação é muito grave vou permitir que veja a paciente, mas não pode demorar. – Tudo bem Doutor Miguel, eu entendo. – Marcelo me abraça e buscamos força um no outro, sabemos que o momento é difícil, só resta nós dois pela Luna, se a Laís não se recuperar. O médico me guia até a área de assepsia, e após todo o processo me leva até o leito da Laís. Minha amiga está destruída, com hematomas por todo o seu corpo, cortes superficiais e profundos, vários aparelhos ligados em seu corpo, toco a sua mão de leve tenho medo de machucá-la, sinto os seus dedos moverem e um gemido fraco sai de seus lábios – Fique calma Laís a Luna está bem, você precisa se recuperar, eu vou ficar com ela até você ficar boa.