Capítulo 3
O curandeiro, vendo como eu estava perto da morte, sabia que tinha que me levar a uma instalação de verdade.

Ele enviou uma ligação mental frenética para Damien.

— Alfa Damien, é uma emergência! Por favor, venha à clínica particular! A Luna está em péssimo estado. Há risco do envenenamento por prata se espalhar!

A voz de Damien rugiu com irritação.

— Elena! Você é mais esperta do que eu pensava. Conseguiu sair e encontrar alguém para te ajudar!

— Estou te dizendo, não vou lá, não importa que truques você use! Conheço seu corpo melhor que você. Você não está em perigo real.

— Te disse, esse filhote também é meu! Sua vez é depois de Victoria. Por que tanta pressa?!

O curandeiro me olhou com profunda compaixão, então se virou para uma enfermeira.

— Leve-a à clínica particular. Temos que tentar.

Nunca imaginei que me levariam à mesma clínica que Victoria.

O curandeiro implorou à equipe, mas Damien havia dado suas ordens.

Nem uma única erva deveria ser desperdiçada comigo.

Através da parede, ouvi as palavras frias e duras de Damien.

— Não me importo para quem seja. Não vou arriscar a vida de Victoria. Preciso que isso seja à prova de falhas.

Desabei no chão em desespero.

Nesse momento, meus olhos encontraram os de um homem na porta.

Era o Beta de Damien.

Seus olhos se arregalaram de choque quando me viu, mas ele parecia inseguro.

Ele correu para o lado de Damien.

— Alfa, há uma loba lá fora, coberta de sangue. Ela... ela parece com a Luna.

Damien franziu a testa, esfregando os dedos.

— Impossível. — Disse com certeza. — Ela está grávida demais para ter chegado até aqui.

O Beta tentou novamente, sua voz baixa.

— Talvez você devesse apenas verificar, Alfa. Se for ela, tanto ela quanto o filhote estão em grave perigo.

Damien lhe lançou um olhar fulminante.

— Eu disse que é impossível! Se fosse ela, não estaria quieta. Já teria invadido aqui exigindo a herança. Além disso, uma interesseira como ela é vaidosa demais para se deixar ficar coberta de sangue!

O curandeiro ainda estava discutindo, tentando conseguir apenas um conjunto de equipamentos.

Damien o calou ameaçando sua posição.

O curandeiro voltou para mim, seu rosto uma máscara de desculpas.

Não havia mais nada que ele pudesse fazer.

Tentei dizer para eles não se preocuparem, mas minha visão estava embaçando.

O veneno da prata e a perda de sangue estavam me puxando para baixo.

Conseguia ouvir os médicos sussurrando, suas vozes ficando distantes.

— O envenenamento por prata... está severo demais...

— Os batimentos cardíacos do filhote estão diminuindo...

— Rápido, peguem o kit de emergência, agora!

Tentei perguntar, gritar, mas nenhum som saía da minha garganta.

Tudo que conseguia fazer era assistir impotente enquanto suas formas frenéticas e borradas se moviam ao meu redor.

Minha mão caiu mole na minha barriga lisa e vazia.

Lágrimas nublaram o pouco que conseguia ver.

Me desculpe, meu coração gritou. Meu bebê, me desculpe tanto. Mamãe não conseguiu te proteger.

Uma única lágrima escapou do canto do meu olho.

Então, a escuridão me engoliu por completo.

---

**PDV de Damien**

Damien esperou ansiosamente do lado de fora da sala de cirurgia.

No momento que a porta se abriu, seu primeiro pensamento foi em Victoria.

Ele correu para o lado da cama dela e pegou o filhote recém-nascido.

Seus olhos estavam cheios de alegria.

— Ele se parece exatamente com você. — Disse suavemente. — Tão lindo.

Então fez uma pausa, um pensamento estranho passando pela sua mente.

Ele se perguntou com quem o bebê de Elena se pareceria.

Se fosse uma menina, provavelmente se pareceria mais com ela.

Seria ainda mais linda.

Depois de embalar o filhote para dormir, Damien se virou para sair.

Um dia inteiro havia passado.

Era hora de trazer Elena à clínica.

Nesse momento, seu Beta apareceu.

Damien jogou as chaves para ele.

— Volte à propriedade, pegue a Luna no porão e traga-a à clínica.

O Beta não olhou para cima.

Ficou parado, congelado, tremendo com um medo que Damien não entendia.

Conforme a paciência de Damien se esgotava, o Beta finalmente falou, sua voz tremendo.

— Luna... e o filhote... eles estão... mortos.
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