O curandeiro, vendo como eu estava perto da morte, sabia que tinha que me levar a uma instalação de verdade.
Ele enviou uma ligação mental frenética para Damien.
— Alfa Damien, é uma emergência! Por favor, venha à clínica particular! A Luna está em péssimo estado. Há risco do envenenamento por prata se espalhar!
A voz de Damien rugiu com irritação.
— Elena! Você é mais esperta do que eu pensava. Conseguiu sair e encontrar alguém para te ajudar!
— Estou te dizendo, não vou lá, não importa que truques você use! Conheço seu corpo melhor que você. Você não está em perigo real.
— Te disse, esse filhote também é meu! Sua vez é depois de Victoria. Por que tanta pressa?!
O curandeiro me olhou com profunda compaixão, então se virou para uma enfermeira.
— Leve-a à clínica particular. Temos que tentar.
Nunca imaginei que me levariam à mesma clínica que Victoria.
O curandeiro implorou à equipe, mas Damien havia dado suas ordens.
Nem uma única erva deveria ser desperdiçada comigo.
Através da parede, ouvi as palavras frias e duras de Damien.
— Não me importo para quem seja. Não vou arriscar a vida de Victoria. Preciso que isso seja à prova de falhas.
Desabei no chão em desespero.
Nesse momento, meus olhos encontraram os de um homem na porta.
Era o Beta de Damien.
Seus olhos se arregalaram de choque quando me viu, mas ele parecia inseguro.
Ele correu para o lado de Damien.
— Alfa, há uma loba lá fora, coberta de sangue. Ela... ela parece com a Luna.
Damien franziu a testa, esfregando os dedos.
— Impossível. — Disse com certeza. — Ela está grávida demais para ter chegado até aqui.
O Beta tentou novamente, sua voz baixa.
— Talvez você devesse apenas verificar, Alfa. Se for ela, tanto ela quanto o filhote estão em grave perigo.
Damien lhe lançou um olhar fulminante.
— Eu disse que é impossível! Se fosse ela, não estaria quieta. Já teria invadido aqui exigindo a herança. Além disso, uma interesseira como ela é vaidosa demais para se deixar ficar coberta de sangue!
O curandeiro ainda estava discutindo, tentando conseguir apenas um conjunto de equipamentos.
Damien o calou ameaçando sua posição.
O curandeiro voltou para mim, seu rosto uma máscara de desculpas.
Não havia mais nada que ele pudesse fazer.
Tentei dizer para eles não se preocuparem, mas minha visão estava embaçando.
O veneno da prata e a perda de sangue estavam me puxando para baixo.
Conseguia ouvir os médicos sussurrando, suas vozes ficando distantes.
— O envenenamento por prata... está severo demais...
— Os batimentos cardíacos do filhote estão diminuindo...
— Rápido, peguem o kit de emergência, agora!
Tentei perguntar, gritar, mas nenhum som saía da minha garganta.
Tudo que conseguia fazer era assistir impotente enquanto suas formas frenéticas e borradas se moviam ao meu redor.
Minha mão caiu mole na minha barriga lisa e vazia.
Lágrimas nublaram o pouco que conseguia ver.
Me desculpe, meu coração gritou. Meu bebê, me desculpe tanto. Mamãe não conseguiu te proteger.
Uma única lágrima escapou do canto do meu olho.
Então, a escuridão me engoliu por completo.
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**PDV de Damien**
Damien esperou ansiosamente do lado de fora da sala de cirurgia.
No momento que a porta se abriu, seu primeiro pensamento foi em Victoria.
Ele correu para o lado da cama dela e pegou o filhote recém-nascido.
Seus olhos estavam cheios de alegria.
— Ele se parece exatamente com você. — Disse suavemente. — Tão lindo.
Então fez uma pausa, um pensamento estranho passando pela sua mente.
Ele se perguntou com quem o bebê de Elena se pareceria.
Se fosse uma menina, provavelmente se pareceria mais com ela.
Seria ainda mais linda.
Depois de embalar o filhote para dormir, Damien se virou para sair.
Um dia inteiro havia passado.
Era hora de trazer Elena à clínica.
Nesse momento, seu Beta apareceu.
Damien jogou as chaves para ele.
— Volte à propriedade, pegue a Luna no porão e traga-a à clínica.
O Beta não olhou para cima.
Ficou parado, congelado, tremendo com um medo que Damien não entendia.
Conforme a paciência de Damien se esgotava, o Beta finalmente falou, sua voz tremendo.
— Luna... e o filhote... eles estão... mortos.