Capítulo 6

(Renata Pellegrini)

Merda! Eu esqueci o carrinho de faxina lá na sala do senhor Filippo, espero que isso não vire um problema mais tarde. Apresso meus passos e sigo para o vestiário, quando cheguei notei que as recepcionistas também tem uniformes, mas irei procurar pela Amanda vestida com a roupa que eu vim e devolver esse uniforme e a chave para o armário de origem.

Agora de roupa trocada, dou uma ajeitada no cabelo e me olho pela última vez no meu espelhinho de bolsa. Guado tudo e saio do vestiário, a passos lentos volto para o balcão de recepção.

Sinto que me olham de cima a baixo, engulo seco, por que nesse mundo é tão difícil ser simpático com quem não esbanja dinheiro?

Respiro fundo mais uma vez e me aproximo de um dos recepcionistas.

— Bom dia! O senhor pode me dizer como eu encontro a Amanda, por favor?

— Ela está no vestiário — reponde.

— Eu acabei de sair do vestiário e não tinha mais ninguém lá — explico.

— O vestiário do setor de recepção é daquele lado, gata — ele fala e aponta para a direção oposta de onde sai — Última porta do corredor à esquerda.

— Ah, sim, obrigada! — agradeço sorrindo e ele devolve o sorriso.

Caminho a passos largos até o corredor e sigo até a última porta, diferente do vestiário do setor de faxina, a porta desse vestiário é de vidro, giro a maçaneta e a sala é muito bem iluminada e bem mais espaçosa, mil vezes mais chique.

Que vontade de xingar o senhor Filippo, já que ele é tão controlador com quem é ou não é contratado, e é o cara mais rico do mundo, deveria ao menos tratar os funcionários de maneira igual. Não é porque são faxineiros que merecem menos.

Entro no vestiário e vejo uma garota de cabelos cacheados ruivos rindo de alguma coisa no celular.

— Amanda? — a chamo.

A garota se assusta e quase deixa o celular cair no chão, noto que seu smartphone é da linha Rubi 5 pro, lançada no final do ano passado pela Computing Diamond.

— Senhora Verônica, eu só estava falando com o meu pai, ele está doente e… — ela vira em minha direção e respira aliviada ao notar que não sou a cobra da Verônica — Ufa! Pensei que fosse outra pessoa.

— Entendo — sorriu, imagino que muitas pessoas não devam gostar de Verônica, e eu estou no meio desse bolo — Sabe onde posso encontrar a Amanda?

— Já está falando com ela, no que posso ajudar?

— Ah, bem, eu me chamo Renata, fui contratada a alguns minutos para vaga de recepcionista, o senhor Filippo mandou procurá-la — explico.

— Senhor Filippo? — ela franze a testa — Se refere ao senhor Valentine, o dono daqui?

— Ah, s-sim — falo um pouco envergonhada, às vezes eu esqueço que aqui as pessoas ricas que não temos intimidade devem ser chamadas pelo sobrenome.

— Bem, a parte burocrática sobre sua contratação teremos que resolver em outro departamento, por agora vamos ajeitar o seu uniforme.

Ela vai até um armário grande e retira de dentro dele uma blusa vermelha e uma saia lápis preta, um lenço que prende abaixo do colarinho da blusa, ele é de cor branca. Os uniformes são bonitos. Ela também me entrega um par de saltos cinco centimetros na cor preta.

— Vá experimentar — ela aponta para uma porta — Ali ficam os trocadores e toaletes, vai lá.

Entro onde Amanda orientou e é tudo maravilhoso, o cheiro de eucalipto me embriaga, gosto de sentir o cheiro de limpeza.

Tiro minha roupa e visto o uniforme. O de faxina tinha cheiro de roupa velha guardada a muito tempo, mas esse uniforme tem o cheiro de goma, comum em roupa nova. Um sorriso bobo escapa de meus lábios. Me olho no espelho, mesmo com o cabelo ressecado, me sinto bonita.

Esse uniforme de recepcionista é bem mais elegante que as minhas roupas sociais. Dá até vergonha.

Nota mental: Comprar roupas chiques com o primeiro salário.

Saio do banheiro e Amanda abre um sorriso ao me ver.

— Caiu como uma luva! — ela vem ao meu encontro e passa seu braço ao redor do meu ombro — Venha, vou mostrar onde você vai trabalhar.

Nós saímos do vestiário, ela anda na minha frente.

— Sempre venha bem apresentável, cabelos bem penteados e soltos, bem, a regra do cabelo solto foi a Verônica que criou, ela diz que não podemos ficar sensuais, ouvir dizer que o senhor Valentini gosta de mulheres com cabelos compridos e presos em um rabo de cavalo, apenas a senhora Verônica pode vir com os cabelos presos — ela suspira — Vadia! — murmura o xingamento — Ah, também venha maquiada amanhã, está bem?

— Certo.

— Temos duas horas de almoço, e sempre troque de roupa antes de ir para casa, normas da casa. Como se alguém fosse querer roubar essas roupas feias — ela fala com desdém.

Imagino que ela tenha muitas roupas bonitas e de qualidade, não sou ladrona e isso nunca passou pela minha cabeça, mas o pano desses uniformes são os melhores que já vesti até hoje.

Conhecer os cômodos da empresa foi muito divertido, Amanda é uma pessoa muito extrovertida. O trabalho começou depois do almoço, hoje fiquei em pé indo pra lá e pra cá a tarde inteirinha levando as pessoas e as anunciando. Me senti até como uma secretária.

Olho para o relógio na parede e ele marca vinte e duas horas da noite. Está muito tarde!

Saio da empresa e me vejo sem rumo, o segurança já trancou a porta e se afastou. Amanda saiu uma hora antes de mim porque teve uma emergência, e só ficou eu para organizar o balcão.

Onde será que tem um ponto de ônibus aqui? Meus Deus, como eu vou chegar em casa?

Já é tarde e eu estou sozinha, não tem nem uma alma vivente passando para eu pedir informação.

Um carro totalmente preto se aproxima de mim, me assusto e dou um pulinho para trás. Meu coração martela forte dentro do meu peito, pode não parecer, mas eu sou muito medrosa, poderia ser um sequestrador ou um psicopata qualquer, mas o automóvel é muito chique para ser de qualquer um. O motorista abaixa o vidro e vejo ser o senhor Filippo.

— Quer que eu a leve para casa? — pergunta.

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