Ponto de Vista de SebastianScarlett ou, ok, Scar, não é como nenhuma rainha do baile de formatura que eu já vi antes.Ela não podia deixar mais claro que não estava nem aí. Não estava acenando para a multidão, nem mandando beijos, nem sorrindo para os fãs malucos por ela, ela simplesmente deitava em seu trono, encostada preguiçosamente na carreta, como um gato sonolento, enrolando os dedos de forma fofa quando queria, com os lábios levemente curvados. E quando isso fazia a multidão enlouquecer, ela soltava uma risada doce, apoiando o queixo no cotovelo e enfiando um pouco da língua para fora, fazendo todos ficarem ainda mais loucos.Isso também me deixava louco por ela.— Por que você me escolheu? — Pergunto para a multidão, tentando soar o mais casual possível.Tento me fazer de rei. Bem, falhando na tentativa.Sinto que não a conheço mais. Não sei se foram esses cinco anos que a transformaram nessa Rainha Harley, ou se foi o acidente de cinco anos atrás que fez isso com ela.
Ponto de Vista de Sebastian— Como você tem estado... — Começo, apenas para parar quando percebo o quão ridícula é a minha pergunta, considerando que ela está na prisão. — Quero dizer, eu estive te procurando durante todo esse tempo...— Procurando por mim? — Scar ri levemente, seus olhos roxos e gelados finalmente se voltando para minha direção desde que subi no vagão. — Por quê? Não sabia que a vingança também tinha esse tipo de encanto.Você merece toda a vingança que quiser. Eu só fico feliz por você estar aqui.Scar não aceitou minha visita depois da nossa primeira e última conversa na prisão. E então, ela foi transferida para outro lugar não mais de um mês depois de chegar à prisão estadual. Abnormalmente, mesmo com Damian ao nosso lado, nossas tentativas de obter seus registros ou até mesmo saber seu paradeiro foram negadas repetidamente.Eu queria contar a ela sobre o nosso bebê, mas perdi a chance.Scar perdeu cinco anos com ela, e isso é toda a minha culpa.— Eu tentei
Ponto de Vista de Sebastian— Se você está perguntando sobre aquele idiota, melhor não. — Scar diz friamente, com o brilho afiado e perigoso voltando aos seus olhos. — ELE a abandonou CINCO anos atrás.Ele fez isso? — Você... A Lilith disse isso? — Pisquei, surpreso.Aquele homem tem sido um desastre desde que sua pequena "mascote" o deixou. Não conseguia imaginar que ele fosse o responsável pelo fim do relacionamento, mas, por outro lado, eu não sabia o que havia acontecido com a Lilith naquela época. Ela simplesmente apareceu um dia, oferecendo-se para me ajudar a esconder a Alice de Johnny Vanderbilt, porque ela precisava desaparecer de Damian, e eu aceitei a oferta.Mas não importa. A Alice é tudo o que importa.— Quero dizer... O Damian está na cidade. Se a Lilith voltar com... com a criança, eles vão acabar se encontrando... Não só o Damian. Scar e Alice. Eles vão acabar se encontrando. E quando isso acontecer, eu vou perder as minhas razões. Ambas.Fechei os olhos.Eu s
POV da ScarlettMeus ciclos menstruais nunca foram regulares, mas, ainda assim, eu deveria ter percebido.Náusea, cansaço, mudança no paladar... Você acharia que seria óbvio, mas você só percebe, depois, quantos sinais ignorou.Assim como eu venho ignorando os sinais gritando para mim de que o homem com quem eu estava casada nunca me amaria de volta, por mais que eu tentasse.Eu vim para a consulta de saúde pensando: "Qual é a pior coisa que pode acontecer? Se fosse câncer, eu conseguiria lidar."Mas com isso eu não conseguiria lidar.Um bebê.A melhor coisa chegando no pior momento.Não sei quando sentirei aquele amor materno poderoso que sempre ouvi falar, mas tenho certeza da reação DELE. Ele vai odiar o bebê.É melhor que seja apenas um câncer. Pelo menos isso faria um de nós feliz.Sentada no lobby movimentado do andar da maternidade, sozinha, tento absorver a notícia. Meus esforços são em vão. De repente, meus olhos se enchem de lágrimas, enciumada pelos casais felizes e amorosos
POV da ScarlettSentada no táxi a caminho de outro hospital – o hospital onde ELA está, para vê-lo. Eu me sinto mal. Enjoo de carro, enjoo matinal, ou apenas... enjoo dessa viagem.Essa é a viagem que mais odeio, e é uma viagem que venho fazendo há dez anos: ela está sempre no hospital, e ele está sempre perto dela, mesmo antes do nosso casamento.Isso é o que acontece quando o homem de quem você gosta ama sua irmã que tem a doença de von Willebrand, combinada com o tipo sanguíneo RH-, nada menos.Sim, a doença em que a pessoa não pode se curar de sangramentos, com o tipo sanguíneo que apenas 0,3% das pessoas possuem.Até mesmo um pequeno corte no dedo pode ser letal para ela. Por isso, ela é o tesouro mimado de toda a família, a intocável, o milagre que consegue tudo o que quer só por existir.Eu? Até a minha existência é ignorada.Meus pais só têm Ava em seus olhos. Meu irmão me odeia como se eu tivesse roubado a minha saúde de Ava.Não, eu apenas roubei o homem dela.Mas eles já me
POV da Scarlett— O transplante de medula óssea foi há três meses, boba.A risada de Sebastian segue o pedido dela até o corredor vazio.Coloco minha mão na maçaneta da porta, mas não consigo encontrar forças para girá-la. Já vi o quanto eles são carinhosos um com o outro, tantas vezes, por tanto tempo.Como se fosse uma tortura, eu simplesmente fico ali parada, ouvindo.— Hoje é só um check-up de rotina, e o resultado tem sido bom todas as outras vezes, não é? — Sebastian conforta.Eu podia ver o sorriso carinhoso dele na minha cabeça enquanto ele acalma o amor de sua vida, sua mão poderosa acariciando a cabeça dela como se ela fosse a flor mais delicada do mundo.Esse calor e esse amor são algo que eu só experimentei uma vez dele e, naquela única vez, eu pensei que tinha tocado o sol. Por aquele único momento de luz que vi na minha vida sombria, eu me joguei em direção ao sol, apostando com tudo o que tinha.E, assim como o sol, ele me queimou.Não importa o quanto eu o amasse, não
POV da ScarlettApago o cigarro na lixeira quando a porta dela se abre.Sebastian franze a testa para mim, permanecendo na porta, a meio corredor de distância de mim. Ele me odeia fumando. Ele me encararia, me repreenderia ou, como agora, ficaria longe, com nojo estampado no rosto.É um hábito nojento, mas uma mulher precisa de ALGO para liberar a dor no peito ou ela vai explodir. Mas, pensando bem, se sua delicada Ava pudesse ter esse hábito, ele com certeza se juntaria a ela.— Então?Ele coloca uma mão no bolso, me encarando enquanto finalmente se aproxima. Ele faz isso quando está impaciente. Como, o tempo todo comigo.Olho para o rosto dele, bonito e dominante, igualzinho ao dia em que ele me encontrou naquela floresta. Mas, naquela época, aqueles olhos eram claros como cristal, com brilhos como a Via Láctea. Agora, são pura escuridão de ódio.Ele estala os dedos para chamar minha atenção.— Desculpe...Eu desvio os olhos para o chão, puxando os papéis do divórcio. Ele estica a mã
POV da ScarlettAurora ainda me levou ao aeroporto. Mas não me deu minha passagem.Colocou uma xícara de chocolate quente nas minhas mãos e me encara do outro lado da mesinha do McDonald's, como uma mãe feroz julgando sua filha que fugiu da escola.— Eu ACABEI de descobrir isso hoje... — Começo timidamente e, instantaneamente, ela retruca:— Sim, você já disse isso!Não é como se eu tivesse planejado tudo isso. Baixo os olhos para o meu chocolate quente, não consigo olhar para ela. Ela está brava, e eu sei o motivo.Ela vem de uma família rica. Bonita, popular, com pernas perfeitas, etc. Mas não nasceu rica. Viu sua mãe solteira se matar de trabalhar para criá-la, odiando seu pai irresponsável a vida inteira, apenas para descobrir que ele não as abandonou, como sua mãe sempre lhe contou. Foi sua mãe quem pediu o divórcio.Ela está me vendo fazer exatamente a mesma coisa.— Não vou ensinar o bebê a odiá-lo... — Murmuro, sem coragem de olhar para a raiva no rosto dela. Eu sei o quanto e