Uma amizade entre oito pessoas se dá inicio em um elevador comercial. Entre eles Kieth, um rapaz tímido e introspectivo. Conversas todos os dias, papos, idéias e a amizade se solidifica. Mas tudo isso muda quando eles começam a contar histórias e lendas. Kieth ao relatar uma história verídica, transforma tudo em uma triste tragédia... Ele jamais deveria ter contado aquela história e aberto as portas para um terror de proporções inimagináveis...
Ler maisJamais pensei que isso pudesse acontecer… nem em meu maior pesadelo, eu poderia imaginar que aquilo aconteceria com Kayla...
Lembro-me de como tudo começou, e não tem um dia sequer que eu não queira voltar ao passado e mudar tudo!
Era somente eu não subir naquele elevador, pegar as escadas, ainda que eu trabalhasse no décimo segundo andar. Poderia ainda ter escolhido outro trabalho em outra cidade, outro estado… mas as coisas nunca são como desejamos.
Não culpo ninguém, pois fui eu quem apresentei á Kayla essa tragédia. Fui eu quem despertei nela a curiosidade, já latente que ela tinha, mas eu ainda não a conhecia.
Talvez, penso hoje, se eu tivesse, como os outros participantes naquele dia, naquele elevador, contado alguma lenda urbana, alguma história antiga de meus antepassados, nada disso teria acontecido. Justo eu que sempre fui meio anti social, nem nunca gostei de contar histórias, abri minha boca e contei… depois, foi só desgraças.
Eu a conheci em um elevador, sim, clichê eu sei, mas foi como nos conhecemos.
Não só a ela, mas conheci ali mais seis pessoas: Angel, que era secretária no oitavo andar, Keyla, que era dentista no décimo segundo, e descíamos juntos no nosso andar, Tryndade que era advogado no décimo, Kamis que era estagiária no sétimo [ Mas sempre esperava que todos descessem para que ela retornasse a seu andar], Peter, que era entregador e sempre subia de manhã para pegar os produtos de suas entregas, Wev o office boy, que sempre estava com seu fone de ouvidos e mascando chicletes, que trabalhava para diversos empresários naquele edifício comercial, e Kayla, minha doce Kayla, que trabalhava no último andar, o décimo quinto, como representante de vendas de produtos hospitalares.
Me chamo Kieth, tenho vinte oito anos, e trabalhei naquele edifício desde minha formatura em artes.
Éramos oito a dividir aquele elevador todos os dias da semana, às sete horas da manhã. Passamos semanas, senão meses dividindo o mesmo espaço, apenas nos cumprimentando com bom dia automático, por simples educação.
Cada qual em seu canto; era um silêncio meio constrangedor no início, um pigarrear, uma tosse, Tryndade sempre em suas roupas sociais impecáveis, estava sempre respondendo mensagens em seu celular ou ligando para algum cliente. Tinha uma tela no canto superior do elevador, onde passavam notícias matinais ou resultados da bolsa de valores. Alguns fitavam a tela indiferente, outros ouviam seus recados no celular, e me lembro que Kayla, apesar de ser a última de nós a descer, ficava próximo à porta, sempre bem vestida e maquiada, em seu salto alto, segurava com ambas as mãos uma bolsa e a batia devagar nos joelhos. Ela tinha sempre um meio sorriso nos lábios, o que me deixava curioso para saber em quê ela pensava.
E em um dia comum como todos os outros, estávamos em mais um dia de manhã, todos já dentro do casulo do elevador, silêncio comum e lá pelo segundo ou terceiro andar, ela quebra o silêncio:
- Pois é, não é?
Sim, simples assim!
Um olhou para o outro, olhamos para ela que continuava com sua bolsa a bater nos joelhos e olhar para o painel que indicava os andares. Pensei que ela estava falando ao celular, mas constatei que não, ela estava falando com a gente.
E assim, sem motivo aparente, começamos a rir, em seguida a gargalhar. Wev retirou o fone dos ouvidos e pela primeira vez, vi que ele tinha dentes lindos, brancos e simétricos. Sua voz era grossa e sua gargalhada contagiante. Ali ficamos, como oito adultos imbecis a dar gargalhadas sem motivo algum.
Aquele dia, foi um dia diferente, acredito que para todos os integrantes daquele elevador, cheguei à minha sala, ainda limpando os olhos, das lágrimas derramadas das risadas, e creio que todos passaram um dia diferente assim como eu, ao pensarem no episódio do elevador.
Segundo dia: Ah, já éramos agora amigos, entramos no elevador já nos apresentando, dizendo onde trabalhávamos, e de ali em diante, criamos o nosso círculo de amizade confinada ali dentro por alguns minutos do dia.
Houveram dias em que Kamis, que chegava alguns segundos antes de nós, proibir a entrada de outras pessoas que também trabalhavam no edifício, e segurava o elevador para nós. Keyla começou a trazer pães, biscoitos e muitas guloseimas para nosso café da manhã, e Kayla passou a trazer uma garrafa de café. Até Tryndade, que não gostava de café, passou a nos acompanhar, pois Keyla dizia que a maioria vencia, e não traria outra garrafa com chá apenas para ele.
Passamos momentos maravilhosos ali, cada um tinha sua vida, seus problemas, mas ali, ali éramos felizes por alguns minutos por dia. Cada um falava sobre seu trabalho, o que acontecera no dia anterior, o que talvez aconteceria no dia que se apresentava. Virou rotina ansiarmos para nosso encontro matinal, apesar de não termos muito tempo, apenas alguns minutos, eram importantes demais para desperdiçá-los.
Eu trabalhava há quarenta minutos de minha casa, em uma cidadezinha pequena e bem próxima. Eu sou desenhista desde que me conheço por gente, por esse motivo escolhi artes como profissão. Na infância e adolescência, não fui um aluno nota dez, nunca chamei a atenção para professores como o melhor aluno da classe. Ao contrário, meus pais recebiam direto bilhetes reclamando que eu fazia as lições mais rápido para poder desenhar… eu não conseguia evitar. Desenhava em qualquer lugar, a qualquer hora, mesmo minha mãe comprando vários cadernos de desenhos para me estimular e não atrapalhar nas aulas, de nada adiantava. Eu vivia em um mundo em que minha paixão eram os desenhos. Hoje vivo disso, trabalho em uma revista/jornal local com alguns cartunistas, na verdade, sou mais um auxiliar deles, mas amo o que faço.
Os meses se passaram e nossa amizade no elevador cresceu ao ponto de fazermos no fim do ano um amigo secreto ali dentro mesmo, e foi o máximo. Lembro-me que meu amigo secreto era Tryndade, e fiz para ele um desenho dele mesmo, vestido como advogado que era, apertando o botão do painel do elevador. Foi lisonjeiro ver um homem daquele tamanho tentar controlar a emoção.
Não me pergunte o porquê, mas o presente de Kamis, foi o que fez todos se emocionarem, e tivemos que parar o elevador para que todos nos recompuséssemos.
Kamis era casada há seis anos, e o sonho dela e do marido, era terem um filho. Ela tinha problemas de fertilidade, e fazia tratamento há anos. E como milagre de Natal, ela nos disse que seu amigo secreto era Wev, mas ela daria o presente para todos, e nos mostrou o teste positivo de gravidez.
Ela, Keyla e Kayla pularam e choraram se abraçando. O segurança do edifício nos chamou pelo interfone para saber o que estava acontecendo, e o motivo de termos bloqueado o elevador, mas entendeu após explicarmos. Todos pareciam entender nossa rotina incomum.
Foi um presente estranho, se eu não estiver usando a palavra errada, mas apenas nós entendíamos o que aquilo significava para cada um.
Quando minha doce Kayla estava fora de perigo, apenas com o olhar e alguns sorrisos, encantou a todos os médicos e enfermeiros, como não podia deixar de ser em se tratando dela.Minha dor era quase física quando passado seis semanas que ela estava internada, ela pediu que não me deixasse mais a visitar. Eu me neguei, briguei com médicos, enfermeiros e até sua família que me proibiram de vê-la, diziam que era o pedido dela, e tinham que respeitar, que depois ela decidiria quando saísse dali. Me envergonho em dizer que gritei, dei murros na parede em frente ao seu quarto de hospital, fui retirado por seguranças que me levaram até a rua e tiveram ordens expressas de que não eram para me deixar entrar.Não me é difícil imaginar como ela conseguiu escrever c
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“ Ele estava colado em mim, olhando tudo o que me acontecia em minha frente, apenas um piscar de olhos e ele não estava mais à minha frente. Senti o toque de uma mão gelada em meu ombro direito, um apertar leve. Como ele fez aquilo? Me perguntei com o coração aos pulos. Virei-me rapidamente para olhar em seus olhos, mas ele se materializou em minha frente novamente, sempre com aquele sorriso enviesado nos lábios ressequidos. O desespero era grande, me sentia mal, gosto de vômito na boca, minhas pernas a tremerem feito loucas, sentia que o suor encharcava minhas costas e ainda sentia o gelo de sua mão em meu ombro, que se destacava com o gelo que subia do banco e gelava minhas pernas, meus pés e minha cintura, por ter sido o seu toque ainda mais gelado. Nada estava bem comigo e ele apenas sorria. Só queria ir para minha casa, esquecer aquilo tudo.”
“ Mas o meu ceticismo sempre me atrapalhou. A falta de crença no sobrenatural, as perguntas que sempre me fiz, por não acreditar em nada que não pudesse ser provado, me deixaram sem entender e sem poder questionar qualquer coisa. Por falta de saber como proceder, fechei meus olhos com força, procurei respirar pausadamente e dizer a mim mesmo que eu era um cara adulto, que nunca havia acreditado em coisas sobrenaturais, em fantasias, em assombrações. Meu subconsciente estava me pregando peças, só podia ser isso. Ouvindo minha respiração que se tornava mais clara e pausada, pude também perceber duas coisas:”“ A primeira era que eu tinha novamente o controle de minhas pernas, já a segunda coisa, era que não era só minha respiração que eu ouvia agora. Mas volto a repetir, parei de
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