Camila imediatamente levou a mão ao nariz dolorido pela colisão e se desculpou:
— Desculpa!
— Não tem problema, seu nariz está bem?
A voz do homem era um pouco fria, mas marcante, com aquele sotaque de quem fala português como uma segunda língua, meio ríspido.
Camila ergueu o rosto e viu um rosto bonito e profundo, com o cabelo cortado bem curto. Antes que pudesse distinguir melhor seus traços, ela foi capturada pelos olhos dele. Eram lindos, profundos como o mar, sombrios e frios, com dobras marcantes nas pálpebras e cílios negros e densos.
Ao olhar para aqueles olhos, o coração de Camila deu um salto. Eram tão parecidos com os olhos de Pedro, mais ainda do que os de Lucas. Ao lembrar-se de Pedro, que havia morrido salvando-a, uma dor voltou a apertar seu peito. Primeiro, uma dor surda, que logo se transformou numa sensação de ser perfurada por facas.
Camila segurou o peito, encostando-se na parede, o rosto pálido de dor.
— Você está bem?
O homem tentou segurá-la para ajud