Destino
Destino
Por: Angel de Oliveira
01.

Ricardo, o pai de Vivi, viajava entre Phoenix e Dallas toda semana a trabalho, e só estava em casa nos finais de semana. Só via sua esposa e filha nesses dias, e isso o deixava bastante triste, pois as amava demais para só vê-las dois ou três dias na semana. Então, decidiu se mudar definitivamente para Dallas, levando-as consigo.

Vivi tinha dez anos quando sua mãe a avisou que iriam se mudar de Phoenix, no Arizona, para Dallas, no Texas. Ela não tinha idade suficiente para entender o que aquilo realmente significava, só sabia que não veria mais seus amigos com tanta frequência como ultimamente, e possivelmente não os veria mais.

- Mas por que vamos nos mudar? – ela perguntou com um tom de tristeza na voz.

- Filha, seu pai foi transferido e precisamos nos mudar, mas será só dessa vez, eu prometo! – Verônica respondeu com carinho para a filha.

- Mãe, e meus amigos? Nunca mais os verei? – questionou com os olhos marejados.

- Vivi... – Verônica disse, abraçando a filha que começou a chorar. – Você vai poder falar com eles todos os dias pelo telefone, e com certeza fará novas amizades em Dallas.

- Pelo telefone não é a mesma coisa – resmungou. – E como você pode saber que farei novas amizades lá? – interrogou, levantando a cabeça e olhando para a mãe.

- Seu pai me disse que os nossos novos vizinhos têm três filhos, e um deles é uma menina quase da sua idade – Verônica contou, olhando para Vivi.

- Verdade? – perguntou empolgada e Verônica fez que sim com a cabeça. – Mesmo assim mãe, não será a mesma coisa...

- Eu sei, filha. Nem sempre uma mudança é boa, mas essa será, tenho certeza disso.

- 'Tá, mãe. Eu acredito em você. Quando a gente vai?

- Semana que vem. Quer me ajudar a empacotar tudo? – Verônica perguntou, andando em direção à cozinha.

- Claro! – Vivi disse, correndo toda saltitante junto à mãe.

A semana passou rápido. Verônica e Vivi arrumavam e empacotavam tudo, praticamente os dias inteiros. Mesmo sendo apenas em três pessoas na casa e um labrador, eles tinham muita coisa para ser encaixotada.

Ricardo chegou na sexta-feira à noite para ajudar a esposa e a filha com os últimos preparativos para a mudança. As duas estavam no andar de cima da casa, quando ouviram um carro estacionando e a porta da frente se abrindo.

- É o papai! – Vivi disse, se levantando e correndo em direção às escadas.

- Sim... – Verônica nem teve tempo de responder para ela, que já tinha sumido de suas vistas.

- Papai! – gritou do topo da escada e desceu correndo.

- Ricardo olhou-a vindo em sua direção, e sorriu para ela, colocando as malas no chão.

Vivi pulou em seu colo e encheu a bochecha dele de beijos. Ricardo adorava quando a filha fazia isso, ela era tão carinhosa e amorosa, que o deixava orgulhoso pela educação que ele e a esposa lhe deram.

Verônica descia as escadas lentamente em direção aos dois.

- Que saudades que eu estava do meu bebê – ele disse beijando o rosto da filha.

- Pai, eu não sou mais um bebê, tenho dez anos, sou quase uma adolescente – falou, sorrindo orgulhosa para o pai. Ela não via a hora de se tornar adolescente. Mal sabia que essa seria uma das fases mais tristes de sua vida...

- Para mim, você sempre será meu bebê – disse, colocando-a no chão e fazendo cafuné em sua cabeça, bagunçando seus cabelos que estavam presos como “maria chiquinha”. Ele abriu os braços para Verônica, que observava os dois.

- Meu amor, senti tanto a sua falta – ele falou, abraçando a esposa e dando um selinho demorado.

Vivi ficou no meio dos dois, e se afastou para não atrapalhar o beijo dos pais. Fez bico para chamar a atenção de ambos, se fazendo de coitadinha, cruzando os braços e falando.

- De mim ninguém sente falta, né? – abaixou a cabeça para completar o drama.

Os dois interromperam o beijo e a olharam.

- Oh gente, que bebê mais carente esse... – Verônica falou rindo.

- Mas é claro que senti sua falta, Viviam – Ricardo disse, provocando-a, sabendo que ela não gostava quando ele a chamava assim. Verônica caiu na gargalhada.

- Você está proibido de me chamar assim, e sabe disso – Vivi resmungou brava, apontando o dedo para os pais, batendo o pé no chão, fazendo agora Ricardo cair na gargalhada, acompanhando a esposa.

- Desisto – olhou para os dois, abaixando os braços.

- Como resistir a essa fofura de pessoa, assim toda brava? – Ricardo, que adorava perturbar Vivi, perguntou para Verônica.

Ele puxou a filha e começou a cutucá-la, fazendo-a rir - e muito -, e Verônica fez a mesma coisa. Vivi, mesmo sendo uma só, tentava fazer cosquinhas nos dois, mas sem sucesso. Subiu nas costas do pai e foram os três em direção ao quarto onde as duas estavam antes dele chegar.

Chegou o dia da mudança, apesar de estar triste por ficar longe de seus amigos, Vivi estava empolgada por se mudar de casa e para conhecer sua nova vizinha. Seu pai tinha falado bastante da família que morava ao lado da nova casa, os Ackles. Contou dos filhos do casal, no qual Vivi não deu muita importância para os mais velhos, já que eram homens e provavelmente nem falariam com ela, segundo a mesma. E falou também do casal, dizendo que eram pessoas muito prestativas e amigáveis. Verônica não conseguia também esconder sua ansiedade para conhecê-los.

Eram oito da manhã e já estavam todos de pés, devidamente vestidos e prontos para irem para Dallas. Decidiram ir de carro, apesar das quase dezesseis horas de viagem. Vivi dormiu boa parte do trajeto, no banco de trás. A família Lavigne chegou na terça-feira de manhã, porque pararam no meio do caminho em uma pousada, para Ricardo poder descansar e dirigir tranquilamente.

A casa era linda. Dois andares, com porão, vários quartos, branca com detalhes verdes e tinha uma grande varanda na parte da frente, com um jardim na entrada.

Verônica acordou a filha assim que chegaram em frente à residência. Os três saíram do carro.

- Vá, Vivi, explore sua nova casa – Ricardo disse assim que abriu a porta da frente.

Ela obedeceu ao pai, e saiu correndo meio perdida pelos cômodos, pois não sabia por onde andar direito. Subiu as escadas e escolheu o quarto no fim do corredor como seu lugar preferido, e consequentemente seu quarto.

Ela voltou correndo e desceu as escadas, dizendo.

- É linda, linda, muito linda – os pais riram da felicidade da filha.

- Realmente, essa casa é perfeita – Verônica olhou para o marido, dando um selinho nele.

- Só tem um problema – ele falou meio sem jeito.

- Qual? – as duas perguntaram juntas.

- Os móveis só chegam amanhã, então eu combinei com os Ackles de passarmos essa noite na casa deles.

- Ai, meu querido, mal chegamos e já vamos perturbar os vizinhos? – Verônica falou um pouco preocupada.

- Meu bem, eu conversei com eles e me garantiram que não tinham problema algum.

- Não sei – Verônica disse.

- Mãe, acho que vai ser legal – agora foi Vivi quem falou.

- É, vai ser sim – Ricardo sorriu.

- 'Tá bom, então. Já que vocês dizem que está tudo bem... - Verônica aceitou a idéia e sorriu para eles.

Os três saíram da casa, desceram os degraus da varanda e foram andando em direção à residência dos vizinhos.

Ricardo bateu na porta. Verônica estava ao seu lado direito, e Vivi de mão dadas com ela.

Joshua, um rapaz simpático de vinte anos, abriu a porta, e reconheceu Ricardo das outras vezes que ele esteve lá.

- Hey, Ricardo – falou sorrindo e estendendo a mão.

- Oi, Joshua, tudo bem? – o cumprimentou.

- Sim, tudo bem. E quem seriam essas duas moças? – perguntou olhando para Verônica e Vivi.

- Obrigada pelo moça - Verônica disse, o cumprimentando antes mesmo do outro apresentá-la. – Eu sou esposa do Ricardo, Verônica. E essa é minha filha, Vivi.

- Oi – ela disse timidamente.

- Olá – Joshua cumprimentou Verônica e se abaixou um pouco para dar a mão para Vivi. – Como foi de viagem? - perguntou olhando para ela.

- Bom, a parte que eu fiquei acordada foi boa, mas o resto eu não sei, tem que perguntar para os meus pais – falou sorrindo, feliz por ele ter feito essa pergunta a ela.

Joshua riu com a esperteza e simpatia da garota. Abriu a porta para eles entrarem na sua casa e chamou seus pais.

- Sim, Josh - Donna gritou.

- Mãe, o Ricardo está aqui com sua esposa e filha – foi em direção à cozinha, onde sua mãe estava.

- Ah sim, eu quase me esqueci que eles chegariam hoje – Donna falou enquanto chegava à sala.

- Olá, Donna, tudo bem com você? – Ricardo perguntou, a cumprimentando.

- Sim, está tudo perfeito. E com vocês? – respondeu olhando para os três.

- Estamos um pouco cansados, mas bem – agora foi Verônica quem disse. – Prazer, eu sou Verônica, esposa do Ricardo – ela estendeu a mão para Donna, que a abraçou.

- Oi, querida. Estava ansiosa para te conhecer – disse toda sorridente. Agora ela olhava para Vivi.

- Olá, mocinha. Como é o seu nome? – perguntou amorosamente.

- Meu nome é Vivi Lavigne, muito prazer em conhecer a senhora – disse sorrindo para Donna.

- Mas que mocinha mais simpática – a abraçou e beijou seu rosto.

- Obrigada – Vivi falou sorrindo.

- Onde está o Alan? – Ricardo perguntou para Donna.

- Ah, ele foi com o Jensen buscar a Mackenzie na escola.

- Entendo. A Vivi está muito ansiosa para conhecer a Mackenzie – o pai comentou com Donna, sorrindo.

- Que coincidência, ela também está muito ansiosa para te conhecer, Vivi – a matriarca dos Ackles disse,olhando para Vivi, que a respondeu com um sorriso.

Ricardo, Verônica e Donna estavam na cozinha conversando animadamente, e Vivi estava com Josh na sala, que lia um livro.

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